Atlético era melhor com Aguirre; Levir deu baile tático em Marcelo Oliveira
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De Vitor Birner
Baile dos cariocas
O Fluminense sobrou contra o Atlético. A agremiação das Laranjeiras, com mais capricho nas finalizações, teria feito o dobro de gols.
A dificuldade diante dos goleiros, assim como oscilações no padrão das atuações, tem sido entrave para o time entrar na região dos classificados à Libertadores.
Se mantiver a força coletiva como a de ontem, inevitavelmente subirá algumas posições e oferecerá aos torcedores os melhores momentos do time na temporada.
A questão será enfrentar uma equipe com tantos problemas dentro do gramado.
Quando acontece goleada de treinador
Marcelo Oliveira tomou o baile tático de Levir Culpi. Montou o time estático, lento, para conseguir colocar em campo Fred de centroavante, Pratto pelos lados do ataque e Robinho como principal articulador.
Maicosuel tinha que recompor o sistema de marcação e atuar na linha dos volantes Lucas Candido e Rafael Carioca. Ficaram sobrecarregados porque o treinador do Fluminense investiu em mobilidade, lances pelos lados e na transição veloz à frente.
Além de fechar muito mais espaços e conseguir isso com maior rapidez, a agremiação das Laranjeiras impôs intensidade que garantiu o ritmo de jogo que pretendia e, consequentemente, a superioridade no gramado.
As alterações feitas pelos treinadores aumentaram o baile e a festa de quem ganhou.
É necessário mais que o talento
O Fluminense, resumindo, mostrou força coletiva, enquanto o Atlético ficou dependente dos jogadores acharem com acertos individuais os lances que necessitavam para o time fazer gols.
Os mineiros têm elenco que oferece mais opções de atletas que resolvem os jogos.
Isso garante muito pontos na tabela classificação, mas é pouco para a conquista do torneio. Observando algumas partidas do time, a impressão é que o treinador sequer escolheu a proposta de futebol. .
Parece priorizar o agregamento do renomados no time.
Ou para evitar reclamações de Pratto, Robinho e Fred, ou simplesmente por convicção que o trio em campo desde o início do jogo era a opção ideal, colocou todos, perdeu o meio de campo e após tirar o centroavante para Otero entrar manteve a fraca marcação no setor.
Quem assistiu ao que fazia Diego Aguirre, expurgado do clube após a Libertadores, sabe que é possível montar coletivo mais forte.
O sistema de marcação era consistente. Essa deveria ser a prioridade para alicerçar a quebra do jejum, após a perda do torneio, ano passado, porque o time tomou 47 gols no torneio. Nessa, por enquanto, foram 34 , quantidade muito alta para quem pretendem comemorar a conquista.
Eis as referências de ganhadores
O Corinthians levou 31 em toda a edição anterior. O Cruzeiro, no bicampeonato, tomou 37 e 38. O Fluminense que ganhou antes sofreu 33.
O Alvinegro, na primeira conquista de Tite nos pontos corridos,tomou 36, mesma quantidade do Fluminense campeão no ano anterior.
O São Paulo no tricampeonato levou 36, 19 e 32.
A única exceção no atual formato e com duas dezenas de clubes foi na conquista do Flamengo.
Levou 44 gols no torneio em que houve mais questões atípicas, as quais pouco servem para qualquer planejamento de êxito ou referência que embase as necessidades de quem pretende encerrar com a melhor campanha.
Ou Marcelo Oliveira organiza o sistema de marcação, ou de novo a nação seguidora do time ficará frustrada pela manutenção do jejum na competição.
Além disso, tem que aumentar a quantidade dos gols preparados em treinamentos e definir sistemas de futebol para conseguir os resultados.
Reitero: se ao menos equilibrar a força coletiva de Flamengo e Palmeiras, equipes mais bem treinadas, será, por ter mais talentos que resolvem jogos, o maior candidato a conquistar o torneio.
Observação muito simples
A zaga é o setor mais carente do elenco, mas nem adianta creditar a isso os problemas do time. Quem atua nessa posição fica exposto quando o time não consegue ter a bola e ditar o ritmo, pois falta marcação na frente e em alguns momentos no meio de campo.
Enquanto Marcelo Oliveira mantiver a política do talento acima do coletivo, a tendência será o time oscilar, tomar gols e ficar atrás de Flamengo e do Alviverde. .
A proposta coletiva funcionou contra o Palmeiras, quando a agremiação ganhou no Allianz Parque. Desde então houve altos e baixos que destoam do potencial do elenco e fizeram a equipe se aproximar mais de quem joga para conseguir vaga na Libertadores que do Flamengo e do Alviverde.
Marcelo Oliveira precisa urgentemente acertar e os jogadores cooperarem para a implementação das ideias do treinador. Qualidade para isso têm.
Hoje é possível afirmar que há muitos times mais fortes coletivamente e ficam atrás na classificação porque possuem elencos muito piores, tais quais Santos e o Grêmio.