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Alviverde podia mostrar mais futebol; Flamengo sente cheirinho de liderança

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De Vitor Birner

Palmeiras 1×1 Flamengo

É impossível afirmar qual agremiação ganhará o torneio. O Flamengo, após atuar no Allianz Parque desde o quadragésimo minuto  com um jogador a menos, obviamente saiu mais fortalecido após a igualdade no placar;

Os cariocas irão jogar contra o Figueirense, que nos últimos compromissos perdeu do São Paulo e penas empatou diante do América, na rodada seguinte.

O Alviverde, desfalcado de Gabriel Jesus, irá para Itaquera.

A possibilidade do vice ser líder após a rodada seguinte é considerável.

A breve imposição

O Flamengo iniciou o jogo melhor. Marcou a saída de bola, permaneceu na frente, conseguiu finalizar e deixar Muralha como espectador no gramado.

Durante cinco minutos teve facilidade para ficar no entorno da área e ocupar o campo de frente.

As propostas e o andamento

Cuca posicionou Roger Guedes e Dudu pelos lados do sistema de criação; Moisés jogou no meio.

Tchê Tchê, volante na dupla com Gabriel, atuou na linha de Moisés quando o time teve a bola.  Os colegas em muitos momentos avançaram para a de Gabriel Jesus, o centroavante.

Isso garantiu a flutuação do 4-1-4-1 ao 4-3-3, os principais sistemas de Cuca nesse jogo para o Alviverde conseguir os gols  Em ambas as configurações os laterais Jean e Zé Roberto apoiaram, principalmente o da direita.

Zé Ricardo pensou em algo similar.

Éverton e Gabriel pelos lados, Diego no meio e na mesma linha, todos formando do trio de criação que se transformou em quarteto quando Willian Arão,  volante na dupla com Marcio Araújo, foi à frente.

Leandro Damião atuou como centroavante. os laterais Pará e Jorge apoiaram, e a agremiação da Gávea jogou pouco melhor no Allianz Parque.

Pareceu mais preparada para as exigências da partida. Era necessário mais que técnica. A inteligência emocional dos atletas foi testada após as sensacionais recepções aos times,  ao líder no entorno do Allianz Parque e dos cariocas no aeroporto, e por conta das classificações de ambos no torneio; Tudo foi levado ao gramado.

Zé Ricardo teve oportunidade para simplificar

Márcio Araújo tomou cartão na falta por trás em Gabriel Jesus. Aos 34 fez outra no mesmo jogador, mais leve e parecida com a anterior, e o Alviverde reclamou o amarelo.

Era óbvio que na seguinte o volante seria excluído. O Flamengo atacou com muitos atletas, o Palmeiras tinha velocidade em ambos os lados e com Gabriel Jesus, o centroavante, e o questionado volante ficava mais recuado para esses lances.

O momento do jogo gritava para o treinador fazer a alteração, mas preferiu insistir na escalação e, pouco depois, o volante fez a falta que gerou a merecida exclusão.

Cuéllar entrou na vaga de Diego após isso.

O peruano deveria ter sido colocado antes ao gramado, houve o equívoco do técnico. A troca depois da saída do volante foi ainda mais urgente, pois fortaleceu a marcação e manteve a transição veloz, pelos lados, nas brechas que o Palmeiras abriu ao tentar o gol.

O Alviverde foi à frente com 8 jogadores. Jean e Zé Roberto apoiaram e deixaram lacunas para a transição do oponente. O volante Gabriel atuou mais adiantado que o ideal para ser preciso na cobertura.

O Flamengo poderia encerrar a primeira parte do jogo com o resultado positivo, se caprichasse mais no último toque. Teve as avenida pelos lados. Transitou naqueles setores, todavia brecou os lances porque mostrou dificuldade na execução do fundamento indispensável no futebol.

Os goleiros ficaram felizes, pois foram pouco exigidos pelos jogadores.

Sorte de quem ama o futebol

A única grande intervenção de Muralha aconteceu após alguns erros. O do próprio goleiro, que no tiro de meta tocou para Réver marcado por Gabriel Jesus; o de cumprimento das regras porque a bola continuou na área e o lance deveria ser paralisado.

E o do zagueiro, que mesmo com o artilheiro em cima, tentou sair jogando e ao notar a dificuldade sequer conseguiu mandar a bola para a lateral.

A polêmica e as tradicionais e chatas reclamações pós-jogo, no que maior expectativa gerou para ambas as torcidas nesse torneio, foram impedidas graças ao que pode colocar a mão na bola dentro da área.

Foi competente ao fechar o ângulo na finalização de Gabriel Jesus.

Muita ofensividade, pouca criatividade

Cuca mexeu na formação durante o período de orientações e descanso. Tirou Gabriel e colocou Lucas Barrios.

Tchê Tchê e Moisés tiveram que se revezar na função do colega, mas o time, tal qual citei, avançou com muitos jogadores, por isso apenas a dupla de zaga priorizou a marcação.

O ex-Audax atuou como primeiro volante nos raros momentos em que o Flamengo tocou a bola no campo de frente.  Dudu foi para o meio, Gabriel Jesus à esquerda, e  Roger Guedes permaneceu na direita após a alteração.

O time continuou com dificuldades para conseguir oportunidades de gol.

O sistema de marcação do Flamengo prevaleceu e o técnico do Alviverde fez mais tentativas ousadas, todas ineficazes para melhorarem o futebol do time.

Cleiton Xavier entrou, jogou no meio, Roger Guedes saiu e Dudu foi deslocado para a direita.

A pane e o acerto

Zé Ricardo quis aumentar a posse de bola, a qualidade nos lançamentos e nas finalizações, e manter a força física necessária ao substituir o Gabriel pelo inteiro Alan Patrick.

Lembro que Zé Roberto apoiou constantemente, Gabriel Jesus foi deslocado para aquele lado, e quem saiu, além de puxar contra-ataque, foi encarregado de acompanhar o lateral e sempre recompor o sistema de marcação.

A mexida rapidamente funcionou com a cooperação do clube do Allianz Parque. Zé Roberto largou a lateral e foi para o meio.

O atleta que acabara de entrar aproveitou e, no primeiro lance em que tocou na bola, a recebeu no setor do veterano. Quase em frente ao goleiro, finalizou e correu para comemorar com os colegas. Foi um grande equívoco do time que deveria criar mais oportunidades e pouco exigiu do Muralha.

Tudo ou nada

O Rubro-negro continuou mais inteiro no jogo. Muralha apenas observava o jogo e Alan Patrick, no contra-ataque, desperdiçou oportunidade para ampliar.

Cuca, incomodado, fez mais a última alteração ousada. Substituiu Tchê Tchê por Rafael Marques para otimizar a criação ou achar gols no tradicional abafa. Era difícil organizar e aumentar a inteligência do time naquele momento do jogo.

O Flamengo, de novo em lance com transição à frente em velocidade. teve a oportunidade para comemorar. Everton cruzou por baixo com força e Leandro Damião quase finalizou na pequena área.

Cirino entrou aos 30 na vaga de Everton.

Jogou na direita e foi opção para o contra-ataque. O técnico quis manter o que funcionou com a alteração.

'An old fashion british goal'

O Alviverde insistiu nos cruzamentos. Os jogadores, irritados com o próprio desempenho e o resultado, raciocinaram pouco e fizeram isso para tentar igualar.

E Conseguiram: Moisés colocou a bola na área em cobrança de lateral, tinha feito isso algumas vezes antes, Mina desviou, Pará tentou afastar e Gabriel Jesus no rebote tirou o marcador antes de finalizar e empatar.

Esse tipo de lance era muito comum antes da Premier League, mas após o torneio ser fortalecido com montes de contratações, as agremiações da 'terra da rainha' diminuíram a quantidade nessas tentativas.  Continua sendo marca do futebol noutras nações britânicas.

Cabeça

O panorama do jogo foi alterado após a igualdade. Houve cruzamentos que Mina e Gabriel Jesus ganharam por cima,  e outro no qual a bola à meia altura atravessou toda a área.

Teve finalização de Moisés que forçou grande intervenção do Muralha, e a de Dudu, torta apesar da condição favorável para acertar. O Alviverde melhorou após o gol de empate.

Ficou nítido que o andamento do jogo foi fortalecendo o Rubro-Negro e dificultando para o Alviverde mostrar o melhor futebol. Mais que técnica e tática influenciaram os desempenhos das agremiações.

Dudu reclamou do time na entrevista ao sair do gramado.

Tem razão, pois o futebol do Flamengo melhorou e o do Palmeiras piorou no jogo tratado como decisivo. Na prática valia os mesmos pontos dos demais. Poderia elevar a confiança de alguém porque foi disputado por dois de três favoritos à conquista do torneio..

O resultado

O Alviverde, apesar de tantas dificuldades no jogo, ficou decepcionado porque empatou, e o Rubro-negro mesmo satisfeito com a própria atuação pareceu feliz com o resultado.

O Allianz Parque, o jogador a menos quando ninguém havia feito gols, e a melhora do time nas últimas rodadas transformaram a atuação dos cariocas em continuidade daquilo que faz os torcedores sentirem o 'cheirinho' de conquista.

Há muitas rodadas pela frente, nada foi decidido, mas se o Palmeiras conseguisse ganhar, talvez fosse o grande favorito em vez de integrar o trio que ainda almeja o êxito.

O Santos oscula muito e tem que adquirir regularidade para entrar na disputa da qual o Atlético de mantêm com o Rubroo Negro e o Alviverde.

Desse quarteto, a agremiação do Marcelo Oliveira é, por enquanto, a única mal treinada e a que possui mais talento no elenco. Tem que melhorar na parte coletiva para obter a sonhada conquista.

Ficha do jogo

Palmeiras- Jailson; Jean, Mina, Vitor Hugo, Zé Roberto; Gabriel (Lucas Barrios), Tchê Tchê (Rafael Marques), Moisés; Dudu, Róger Guedes (Cleiton Xavier) e Gabriel Jesus
Técnico: Cuca

Flamengo – Muralha; Pará, Réver, Rafael Vaz e Jorge; Márcio Araujo e Willian Arão; Gabriel (Alan Patrick), e Diego (Cuéllar) e Everton (Marcelo Cirino); Leandro Damião
Técnico: Zé Ricardo

Árbitro: Andre Luiz de Freitas Castro (GO) – Auxiliares: Fabricio Vilarinho da Silva e Cristhian Passos Sorence