Corinthians, iluminado, ganha na estreia da Libertadores
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De Vitor Birner
Cobresal 0x1 Corinthians
Não tem a menor lógica exigir o entrosamento no Corinthians de Tite. O volume de jogo e a intensidade dependem da harmonia coletiva dentro do gramado.
O treinador precisa reconstruir o time que, por causa do desmanche, ainda não mostra futebol elogiável.
A maior preocupação é o sistema de marcação. Ele quer organizá-lo e a partir disso para fazer os jogadores atacarem em bloco, desenvolver e aprimorar as movimentações no sistema ofensivo.
A equipe continua no estágio inicial, algo normal, pois atípico seria solucionar tudo em meia dúzia de semanas.
Na última temporada, coroada com o troféu no torneio de pontos corridos, o time atingiu o ápice no segundo semestre. Antes houve grandes oscilações, mesmo com atletas melhores que os do atual elenco.
O marasmo
O sistema de marcação cumpriu a missão.
Posicionado no 4-1-4-1 em alguns momentos e no 4-2-3-1 em outros, 'permitiu' ao Cobresal finalizações de média distância e cruzamentos na área.
O quarteto na meia, em frente ao Bruno Henrique, contou com Romero na direita, Lucca do outro lado, além de Elias e Rodriguinho entre eles.
Muitas vezes, Elias recuou para a linha do volante e formou a dupla atrás do trio, não tenho convicção se por orientação do treinador ou avaliação do atleta sobre as necessidades do time,
Danilo foi o centroavante. A dificuldade do quarteto, ou do trio, com atacantes abertos na meia, se aproximarem do veterano tornou o sistema ofensivo quase inoperante.
Talvez por isso
O Cobresal insistiu na criação com Benítez, que atuou do lado direito do sistema de marcação alvinegro e ganhou algumas disputas contra Fagner, inconsistente nos desarmes se o meio de campo não fizer a 'parede' em frente dele.
Romero podia realizar a função, mas ficou atento ao apoio do Jerez, lateral dos chilenos.
Elias, provavelmente preocupado com a possibilidade do lateral alvinegro ser driblado e os chilenos criarem a oportunidade assim, muitas vezes se posicionou na linha de Bruno Henrique.
Tanto antes quanto após a paralisação por causa do apagão nos refletores do El Cobre, ambos os goleiros não fizeram qualquer intervenção complicada. Salvo engano, nem uma simples sequer.
Alterações e pequena melhora
Giovanni Augusto ocupou o lugar de Romero, que saiu não retornou do intervalo.
Como o que iniciou no time, o recém-contratado atuou na direita, aberto, para fazer as mesmas funções defensivas do paraguaio e otimizar o sistema ofensivo. O time chegou mais na meia do lado dele e do Elias, mas houve equívocos no último passe e finalizações de fora da área.
E mais que isso, a falta de movimentações coordenadas e de compreensão rápida entre os jogadores, dificultaram a fluência do futebol alvinegro.
Danilo saiu, André entrou na função de centroavante, tem características distintas das do veterano, mas o andamento continuou igual.
Tite pediu, então, para os atletas do quarteto trocaram, às vezes, de lado e isso não tornou o setor de criação mais forte porque eles ainda não se completam.
Nada aconteceu, a não ser a feia queda de Benítez, que não deveria ser mostrada na transmissão porque provavelmente fraturou o braço.
Elias, por cansaço, saiu para Willians entrar na última alteração feita pelo Tite.
Muito iluminado
O jogo com cara de 0x0 explicava com precisão a inoperância dos times com a bola, pois ambos os goleiros quase nada realizaram e não fizeram uma intervenção difícil sequer.
Tal qual no clássico, quando não finalizou e ganhou, e diante do Capivariano, jogo que foi equilibrado, a sorte escolheu o Corinthians.
Após a rebatida do Cobresal no escanteio. Lucca, na direita, onde pouco permaneceu, cruzou por baixo e o zagueiro Escalona, de carrinho, tocou contra o próprio gol.
O Cobresal, em seguida, nos acréscimos, foi ao ataque, conseguiu o escanteio e não igualou.
É o futebol
Os responsáveis pela imposição das regras do jogo não alteraram o resultado.
Ele foi consequência das realizações dos atletas no gramado.
Quando tudo se resolve pelos que chutam e cabeceiam a bola, não há nada a ser questionado sobre os méritos, ou a falta deles, de quem ganhou ou perdeu os pontos.
Sorte não é pecado, mas sim benção pela qual todos beneficiados, seja no que for, devem agradecer, aproveitar e sorrir.
Resultados que garantem a paz
Ganhar em qualquer estreia de Libertadores, principalmente quando não é mandante, sempre tem importância.
A sequência de jogos com vitórias, desde o início do ano, esconde as previsíveis dificuldades do time por falta de entrosamento, e permitem que Tite e os jogadores não tenham que sofrer pressão além da normal, que é grande por causa do peso do manto sagrado.
O treinador, com enorme moral pela sua história na agremiação, conta ainda mais com a paciência dos torcedores.
Ele sabe que coletivamente é preciso melhorar muito, não adianta tentar pular etapas, e fica por ter o privilégio de somar pontos no clássico e estreia da Libertadores.
Se perdesse do Cobresal, talvez fosse necessário alterar algo para otimizar a criação e ganhar outros jogos no torneio, e isso poderia levar Tite a fazer pequenos e eventuais desvios no planejamento idealizado para a reconstrução do coletivo forte.
Agora pode manter pragmatismo pleno. Lidera o torneio importante e o pouco relevante, o time pode tropeçar em algum jogo e mesmo assim tende a se classificar para o mata-mata daquele que nação alvinegra mais almeja.
Ficha do jogo
Cobresal – Cuerdo; Jerez, Salazar, Escalona e Alejandro Lopez; Ureña e Sarabia; Sepúlveda (Pablo González), Fuentes e Benítez(Carlos Oyaneder); Ever Cantero (Javier Grbec)
Técnico: Dalcio Giovagnoli
Corinthians – Cássio, Fagner, Felipe, Yago e Uendel; Bruno Henrique; Romero (Giovanni Augusto), Elias (Willians), Rodriguinho e Lucca; Danilo (André)
Técnico: Tite
Árbitro: Andrés Cunha (URU) – Auxiliares: Mauricio Espinosa e Gabriel Popovits