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São Paulo tem que exigir mais de R. Ceni; o ídolo é menor que a agremiação

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De Vitor Birner

Há muitos times que montaram elencos inferiores aos do São Paulo e conseguem desempenho melhor na temporada. O impacto das negociações de atletas foi quase nulo, ou completamente, para os resultados que incomodam a torcida e os cartolas do Morumbi.

O técnico é o grande protagonista do que tem acontecido com o futebol da agremiação.  O planejamento equivocado, a demora para notar a necessidade da alteração, o consequente desperdício do torneio mais fácil e a insistência com o atleta que solicitou tornam irrelevantes as saídas que podem engordar o caixa e fortalecer o grupo de jogadores, se as indicações e contratações forem precisas.

Pouco se aproveita

O Estadual serve como preparação. Os treinadores competentes das agremiações que têm ambições em torneios maiores, aproveitam a fragilidade dos times pequenos, testam atletas e colocam os pilares da estrutura coletiva.

Rogério iniciou a temporada tentando implementar a proposta ousada, elogiável, que a maioria dos torcedores sonha nos seus clubes.

Houve equívocos nas escalações e principalmente na implementação do que pretendia. O time tinha o sistema de marcação vulnerável nos cruzamentos e lento na recomposição.

Isso é inaceitável para quem pretende ditar o ritmo e manter a bola no campo de frente.

Acima desses, houve algo que poderia ser solucionado. O técnico, nas atividades do CT da Barra Funda, deveria ter avaliado que seria inviável realizar o planejamento 'Guardiola' com o atual elenco.

Me refiro às características, além da técnica, dos jogadores.

Demorou para alterar a proposta de futebol, por isso tem que construir a estrutura no torneio de pontos corridos.  Os meses anteriores de preparação foram quase inúteis, com fórmulas mal-sucedidas, e jogados fora.

O Corinthians bateu na trave para ser eliminado diante do Brusque na Copa do Brasil, mas tinha ideia de jogo adaptada às características dos  atletas e o técnico ciente do necessário para ensiná-la e agregar força ao coletivo.

Menos reclamações e muito mais acertos

O treinador, ao invés de citar as saídas dos jogadores como empecilho para obter resultados positivos, tinha que ser mais eficaz, De vez em quando tenho dúvidas se dribla nas entrevistas ou se opta pela ausência de auto-crítica construtiva.

Como é capaz e tem os requisitos para ser técnico de sucesso – a maturação tanto pode ser rápida quanto demorar mais de uma década tal qual houve com Tite para citar um exemplo –    prefiro crer que desvia o assunto e internamente tenta arredondar o time com a proposta coletiva que tem mostrado nas gramados.

A avaliação dos que foram embora   

Maicon tem sido criticado. A saída do zagueiro pouco pesa no desempenho atual do time.

Na prática apanhou do sistema de jogo, que exigia linhas na frente e correria diante de atletas mais velozes, e do meio de campo incapaz de montar bloqueio sólido.

A estruturação equivocada no setor e principalmente a predileção por Cícero, que marca, cria e corre menos que o necessário e foi pedido pelo técnico, comprometeram as atuações de quem joga atrás e consequentemente os resultados.

Os atletas que subiram da base tinham que adquirir rodagem para serem mais regulares.

Luis Araújo era cheio de altos e baixos. É impossível afirmar que a presença do jogador teria gerado mais pontos nessas rodadas do torneio de pontos corridos.

Lucão foi outro que oscilou.  O sistema que o técnico quer implementar exige zagueiros velozes pelos lados. Mas se os que tem são incapazes de manter o padrão necessário, é melhor alterar a dinâmica coletiva e não optar pelo trio.

Neílton, titular na eliminação da Copa Sul-Americana, foi embora reclamando do sistema jogo e rendendo quase nada; João Schmidt que sairá é razoável e permanece na reserva de Cícero que tem o pior desempenho entre os atletas com mais oportunidades na temporada.

Os maiores destaques e os que podem formar o time competitivo continuam no Morumbi.

Desculpismo nada agrega dentro de campo

Se Lucas Pratto, Jucilei, Thiago Mendes e Cueva tivessem ido embora, o técnico poderia reclamar que houve grande impacto no potencial.

Como nas entrevistas de meses atrás, nas quais mostrou estatísticas positivas e omitiu as negativas de gols tomados em cruzamentos, após o tropeço de ontem, mencionou: ''Times vencedores se mantém''.

A afirmação é embasada para muitos clubes, mas secundária para o atual momento no do Morumbi, onde há necessidades maiores que a manutenção de atletas no máximo medianos ou com potencial para crescimento dentro dos gramados. Tem que montar o coletivo forte e a altura da capacidade do atual elenco.

Há uma lista de agremiações com atletas menos capazes e que formam times mais fortes dentro de campo.

Treinador e cartola

O São Paulo, apesar do últimos resultados, sugere alguma melhora nos gramados. Há equívocos pontuais que serão minimizados com mais entrosamento.

O técnico, por necessidade, alterou a dinâmica para ganhar força coletiva. Uma parte da torcida e dos dirigentes no Morumbi algumas vezes colocam de lado o dogma sagrado para gigantes do esporte : Qualquer ídolo é menor que a instituição.

 

Cada qual tem o próprio papel dentro da engrenagem e, acima de todos, há algo gigante e que continuará de tal tamanho ao saírem, desde que agreguem e contribuam para o fortalecimento da agremiação.