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Inter é gigante; ‘Grêmio’ tem que comemorar a façanha do rebaixamento

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De Vitor Birner

As questões racionais

O elenco do Inter é mais capaz que os de Coritiba, Vitória, Botafogo, Atlético PR e Ponte Preta que encerraram o torneio acima na tabela da classificação.

Talvez haja outras agremiações que montaram grupos de atletas menos técnicos que o do improvável rebaixado.

A torcida fez o possível para evitar a queda. Lotou a Arena, tornou a arquibancada barulhenta e intensa, e jogou mais que alguns atletas dentro do gramado.

O futebol além da técnica

A qualidade do elenco e o apoio da nação que ama o clube foram goleados por alguns óbvios equívocos de dirigentes e, creio, outros que aconteceram, mas  sequer imagino quais.

É difícil entender como o time que teve tantas oportunidades para se manter na elite, mostrou, em campo, afinco e solidariedade aquém dos exigidos nos jogos. Nenhum atleta quer entrar na história por levar à segundona um gigante do futebol.

Em alguns jogos o time foi apático, tal qual Danilo Fernandes, que mesmo com o time rebaixado encerra a temporada em alta com os torcedores, afirmou.

O goleiro teve desempenho de alto nível no torneio.

A distribuição e tal da referência 

Como nenhum atleta quer tal resultado no currículo, houve algo, dentro do grupo de atletas, que gerou a desunião.

O elenco poderia ter iniciativa e se fechar, tal qual se diz no 'futebolês', pois o rebaixamento contra agremiações menos capazes acontece apenas quando mais de uma pessoa se equivoca.

Na prática, a diretoria é quem mais merece tal crédito. Ou gerou a crise, ou foi incapaz de minimizar o que contribuiu para fazer o time ir à segundona.

O exemplo de incapacidade na gestão 

Os cartolas, tal qual citado na época em que alteraram os treinadores, se superaram na incompetência. Os escolhidos e principalmente a incongruência nas propostas dos contratados determinaram rumo aleatório para a agremiação.

Ao trocar Argel por Falcão, fez profunda alteração de filosofia de futebol. O ídolo, volante que faz parte da seleção dos maiores craques que tive o privilégio de assistir, nunca mereceu grandes elogios ao orientar e formar os elencos.

A proposta é elogiável. Valoriza a técnica, prepara o time para atuar com a bola, tomar a iniciativa e jogar em busca do gol.

O antecessor prioriza os resultados.

A estética e a proposta coletiva são mais simples, pois se for necessário abrirá mão de frequentar o campo de frente para ganhar as brechas e conseguir resultados positivos.

Celso Roth, após a empreitada com o atleta que merece reverência pela qualidade como volante, foi a reedição mais experiente e talvez antiquada do técnico que iniciou a temporada.

O encerramento com Lisca pode ser avaliado tal qual desfecho do filme de ficção, ou de revista em quadrinhos de algum super-herói, com roteiro mirabolante. No final, se revela ao espectador e ao leitor a trama planejada para prejudicar a agremiação.

Obviamente a ideia da diretoria era conquistar o torneio de pontos corridos e tudo aconteceu porque foram muito incapazes de tomarem decisões embasadas em questões técnicas.

A exceção no torneio de pontos corridos

Palmeiras, Botafogo, Vasco e Corinthians foram rebaixados nesse formato de torneio quando tinham crise econômica e grandes problemas políticos gerados por mais de uma gestão.

Clubes de tal porte tendem a se manter na elite nos pontos corridos.

As consequências do momento de baixa na questão técnica, de ausências porque os jogadores se machucaram, daquela fase de azar em que a bola bate na trave e sai e de brigas internas que diminuem a competitividade, são menos decisivas porque podem ser administradas durante os meses com dezenas de jogos.

Havia razoável estabilidade quando no Internacional quando Pífero foi eleito.

Agora resta ao clube a dificuldade de chorar o rebaixamento, enquanto raciocina para reconstruir o futebol e ser capaz de ganhar quaisquer torneios.

Grandeza intacta

A agremiação conquistou a Libertadores duas vezes. É a única do país, no século, que conseguiu tal façanha.

Ganhou o Mundial contra Ronaldinho e o Barcelona.

Reitero: o Inter é gigante e o rebaixamento nada interfere nisso. Ganhará grande apoio dos torcedores e é favorito a subir com facilidade. Tinha tudo para se manter no 'grupo' dos que jamais sentiram tal desgosto porque construiu estrutura e condições sonhadas por muitas agremiações.

Alguns parágrafos para os sábios

A torcida tem que sentir a tristeza. Assim é a vivência do esporte.

Mas, aos positivistas e para quem cultiva a sabedoria, lembro que, após a incapacidade para impedir o rebaixamento, resta o entendimento que os fracassos são turbinas de felicidade em posteriores sucessos.

A frustração e amargor de hoje irão permanecem no coração e na mente. No futuro serão expurgados em gritos e lágrimas de felicidade, irão intensificar ambos nos êxitos relevantes, pois a pois agremiação  terá conquistas na elite do futebol.

A festa

O Grêmio ganhou a Copa do Brasil na quarta feira. Creio que ontem a festa foi maior.

Apesar do Imortal Tricolor encerrar o grande jejum de conquistas, o ineditismo do que houve no oponente gerou mais impacto. Rivalidade, em vez da estética que o politicamente correto quer vender, é o combustível do futebol.

A arquibancada que apoia Grohe, Luan, Geromel e cia tem o direito de comemorar.

Aos que discordam torno simples a compreensão.

Se refinamento, estética e desempenho de alto nível técnico fossem os pilares do futebol, o planeta teria, no máximo, uma ou duas dezenas de agremiações.