Chilique pela saída do Neymar foi patético; haja cara de pau em Barcelona
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De Vitor Birner
Em Barcelona, alguns colegas e os torcedores se revoltaram com Neymar. Queimaram camisas com o nome do craque, gritaram ''mercenário'' e o colega Luis Mascaró do jornal catalão 'Sport' afirmou que ''só pensa em dinheiro''.
Imediatamente lembrei do Ebola: quando infectou gente na África, o 1° mundo apenas observou: mas ao surgir possibilidade dos cidadãos europeus e norte-americanos terem a doença, houve grande comoção e os governos se mexeram para impedir a proliferação.
O mundo caucasiano e mais endinheirado parece achar a vida do pobre, principalmente se for negro, menos importante que a do branco supostamente mais civilizado.
É a tal indignação seletiva.
Em suma, as opiniões e as conclusões são filtradas por preconceitos, elitismo, economia, e o tal do amor que gera harmonia coletiva é lembrado apenas quando convém. .
Nem todo cidadãos pensa igual. O sofrimento alheio incomoda muita gente, mas a maioria se comove apenas quando de alguma forma interessa. Havia mortes na Síria e o tema se tornou mundial após os refugiados tentarem a sobrevivência na Europa.
O pensamento arraigado, cultural, serve para tudo, inclusive ao futebol.
Em Chico e em Francisco
Ou será que na agremiação dos indignados com Neymar alguém crê que Suárez foi embora do Uruguai porque torcia por Ajax, Liverpool e pelo clube no qual atua?
Messi teria saído aos 14 para Barcelona se os 'pecho frios' rosarinos do Newell's tivessem condições iguais de grana, estrutura e tamanho dentro do futebol?
O PSG tirou o atleta brasileiro da Espanha como os times gigantes e ricos do planeta habitualmente fazem quando querem muito algum reforço acima da média. Pagou a multa de rescisão, ofereceu grandes ganho$ ao jogador, além de projeto com regalias, plano de marketing, protagonismo e o que mais solicitou.
Neymar e Santos tinham contrato e o Barcelona acertou com o atleta antes de negociar o valor da transferência. Sabia que era fácil agregar ao elenco o craque da América do Sul.
Esse jogo que o atleta jogou é exatamente o das grandes potencias econômicas do futebol. Se atuasse em qualquer agremiação das Américas, África ou mesmo em clubes tradicionais da Europa como Ajax e Porto, sequer haveria e discussão sobre a opção do craque. Tenho certeza que seria elogiado.
O sonho de brilhar mais
Neymar quer ser o melhor do mundo. Acho besteira, mas os sonhos são dele e tenho obrigação de considerá-los ao avaliar a troca de agremiação.
No PSG a possibilidade aumentou. Tem que ganhar a Liga dos Campeões e ser o protagonista.
Poderia, no Barcelona, conseguir igual, mas taticamente haveria algumas incumbências que provavelmente terá em menor quantidade na França. Messi atua adiantado e o brasileiro necessitaria recompor o quarteto do meio de campo no sistema de marcação.
Essa provável condição de ser o 'Messi de Paris' facilitará a demonstração das virtudes que impressionam os eleitores.
Poderia, ano que vem, ganhar o prêmio atuando em qualquer agremiação, se conquistar o Mundial e for o melhor da seleção do Tite.
Mas como estrela em Paris, a possibilidade será mais constante, desde que tenha o grande mérito de contribuir muito para a agremiação subir de patamar e conseguir o maior do troféu do continente.