Conquista diante do ‘favorito’ Chelsea não ilude; Wenger tem que mudar
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De Vitor Birner
Chelsea 1×2 Arsenal
O otimismo do torcedor do Chelsea era muito maior que o dos 'supporters' dos Arsenal. A temporada do campeão da Premier League foi muito melhor que a do quinto colocado.
Nas duas últimas rodadas Antonio Conte poupou atletas, pois havia garantido a conquista, enquanto Arsene Wenger teve que colocar os principais no gramado para tentar, em vão, classificar o clube à Liga dos Campeões.
O time elogiado tinha os principais jogadores disponíveis para a final da FA Cup e o criticado necessitava gerenciar ausências de machucados e suspensos, em especial atrás, o que forçou o técnico questionado a promover o retorno de Mertesacker após mais de um ano fora dos campos e optar pelo 3-4-3 similar ao sistema de jogo de Conte.
Baile e irregularidade
O andamento contrariou o que houve durante a temporada. O Arsenal ditou o ritmo, frequentou muito mais o campo de frente, e construiu os momentos de gol.
O que comemorou, aos 5 minutos, foi irregular.
Alexis Sanchez, após tentar o lançamento para Ramsey, disputou na entrada da área, a bola tocou no peito e no braço do atleta antes de sobrar para finalizar diante de Courtois.
O lance mostra como os adendos nas determinações do que é impedimento driblam a a própria regra e o futebol.
Ramsey, alguns metros adiantado, foi na direção da bola, depois notou que o colega de clube tinha condição melhor, parou e permitiu a finalização.
É óbvio que participou do lance, tal acontece em tantos que hoje são permitidos, mas apenas se o atleta disputasse a bola haveria o impedimento, afirmam os gestores do esporte. O gol tinha que ser invalidado apenas pelo toque no braço do artilheiro.
Os 'blues, apesar do resultado, foram incapazes de alterarem o andamento.
O oponente continuou melhor. Construiu oportunidades, acertou a trave, Cahiil conseguiu tirar em cima da linha após Ozil finalizar e antes de Welbeck embaixo do travessão tocar para dentro, e apenas uma vez o Chelsea incomodou.
Mertesacker no carrinho preciso bloqueou a tentativa do Diego Costa dentro da área.
Simulação, bobeiras, Giroud e a comemoração
O Chelsea, após o descanso dos atletas e papo com Antonio Conte, 'entrou' no jogo. Conseguiu empurrar o Arsenal para a área de Ospina e ditou ritmo em busca da igualdade.
Isso abriu lacunas no sistema de marcação para o time de Wenger, na transição em velocidade, ampliar o resultado.
O andamento dizia que era impossível saber quem mexeria no placar. Os 'blues' tinham a bola no campo de frente, conseguiam finalizar, e o oponente construía alguns momentos ao retomar a bola e investir nos lances diretos para o gol.
A exclusão de Moses facilitou previsões.
Tentou simular uma penalidade, tinha o amarelo, recebeu outro, e o Chelsea necessitava igualar. Restavam 23 minutos e os acréscimos para o encerramento.
Como o assunto é futebol, nem sempre tudo é tão simples e lógico. Diego Costa conseguiu empatar.
O centroavante, após o cruzamento, parou a bola na área e finalizou. Houve o desvio na zaga, que dificultou para Ospina e redundou na alegria do artilheiro.
As expressões dos atletas e torcedores do clube grande eram de abatimento e preocupação após a igualdade.
Liverpool Arsenal e o Manchester United formam o trio dos maiores no país. O Chelsea – apesar de ter a Liga dos Campeões almejada no Emirates necessita mais para alcançar o patamar dos citados – tinha que recuar e investir no sistema de marcação sólido e contra-ataque eficaz que mostrou durante a temporada.
Wenger tirou Welbeck e pôs Giroud logo após o gol. O francês, na primeira vez que tocou na bola, conseguiu a assistência precisa para o Ramsey cabecear e festejar.
O Chelsea foi mole. A concentração que manteve em 38 rodadas na Premier League foi esquecida pouco mais de um minuto após conseguir o improvável empate.
O impacto do acerto de ganhador e equívoco de quem sonhou com o 'double' tornaram fácil a manutenção do resultado para a maior agremiação.
Técnico tem que alterar o planejamento
Os dirigentes não confirmaram se Wenger continua no clube. São 13 anos de jejum na Premier League.
Os reforços indicados pelo treinador renderam menos do que o time necessita. Recusou contratações em janelas de transferências, o clube manteve a grana e o elenco se mostrou incapaz de ganhar o torneio de pontos corridos e a Liga dos Campeões.
Merece enorme admiração porque montou times muito competitivos, alguns brilhantes como o do genial Henry mas, se permanecer, o número de acertos tem que aumentar.
A construção essencial do futebol solicita que nenhum personagem seja colocado acima de qualquer grande agremiação.
Ficha do jogo
Arsenal – David Ospina; Rob Holding, Per Mertesacker (cap) e Nacho Monreal; Hector Bellerin, Aaron Ramsey, Granit Xhaka e Alex Oxlade-Chamberlain (Francis Coquelin); Alexis Sanchez (Mohamed Elneny), Mesut Ozil e Danny Welbeck (Olivier Giroud)
Técnico: Arsene Wenger
Chelsea – Thibaut Courtois; Gary Cahill (cap), David Luiz e Cesar Azpilicueta; Victor Moses, N’Golo Kante, Nemanja Matic (Cesc Fabregas) e Marcos Alonso; Eden Hazard e Pedro (Willian); Diego Costa (Michy Batshuayi)
Técnico: Antonio Conte
Árbitro: Anthony Taylor – Auxiliares: Gary Beswick e Marc Perry
Público – 89,472