Santos foi heroico na Bolívia; classificação tem que unir torcida e elenco
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De Vitor Birner
The Strongest 1×1 Santos
O Santos foi maior que a altitude. Conseguiu empatar diante do time mais forte da Bolívia e se classificou.
Os 3 mil metros tornam o jogo atípico. Por isso, questões como habilidade e força coletiva, onde o tricampeão da Libertadores é mais competente, são sobrepujadas pelas dificuldades de os atletas correrem e pensarem dentro do gramado.
O brilhante Santos de Pelé, nos tempos em que o futebol exigia pouco fisicamente dos atletas, o estágio técnico dos brasileiros era superior e o dos bolivianos inferior ao atual, tinha dificuldades em La Paz e quando os recebia goleava.
O empate com 10 jogadores foi uma façanha.
Jogo praticamente resolvido
O The Strongest joga com a altitude. Mantém o sistema de marcação adiantado para forçar os lançamentos do Santos ao campo de frente, torna o ritmo de jogo intenso, aumenta a velocidade e investe nos cruzamentos e finalizações de fora da área.
Dorival, por isso, preferiu o Ricardo Oliveira na reserva e iniciou com Hernández, Bruno Henrique, Vitor Bueno e Lucas Lima.
Sabia que tinha de atuar mais recuado do que prefere, que o oponente adiantaria todas as linhas a abriria lacunas, e recheou o meio de campo com atletas velozes e mais habilidosos no toque de bola. Pretendia congestionar a entrada da área e tentar a transição rápida para conseguir o gol.
A execução do que planejou ficou inviável após a exclusão tola de Bruno Henrique.
O atleta tinha amarelo e, incomodado com a catimba natural desse tipo de jogo, exagerou na tentativa de retomar a bola do Chumacero. Talvez nem tenha o acertado tal qual sugeriram as reclamações do artilheiro da Libertadores. Poderia ter evitado porque foi no campo de frente do líder do grupo.
Naquele momento, apesar do resultado igual, o jogo praticamente tinha ganhador.
Seria necessário resistir quase 70 minutos para empatar. The Strongest ditava o ritmo, mantinha a bola no entorno da área de Vanderlei e, ainda no primeiro tempo, conseguiu o gol com o artilheiro do torneio.
O equívoco e a habilidade
O Santos adiantou o sistema de marcação depois dos minutos regulamentares para o descanso dos atletas. O treinador provavelmente os orientou.,
A estratégia foi suicida. Abriu montes de lacunas no campo de trás, o The Strongest teve muitos contra-ataques, foi incompetente nas finalizações, e os jogadores do Alvinegro tiveram que correr trechos maiores do gramado.
Ciente que teria na última rodada o eliminado Sporting Cristal, clube menos capaz do grupo, na Vila Belmiro, a proposta deveria ser aguardar atrás e nos últimos 10 ou 15 minutos ir à frente para tentar o empate.
O futebol mais uma vez quis contrariar a lógica.
O The Strongest atuava melhor e parecia que ampliaria o resultado, mas Lucas Lima driblou e entortou o lateral Pérez. Em seguida conseguiu a assistência irretocável para Vitor Bueno diante do goleiro O artilheiro era o único santista na área onde havia 5 bolivianos e finalizou com facilidade para comemorar.
Relação de obstáculos para o Santos
A altitude. O jogador a menos. O oponente inaugurando o resultado. A obrigação de o treinador protelar alterações técnicas e táticas porque as condições físicas poderiam determinar quem tinha de continuar em campo.
Esse monte de obstáculos bastam para adjetivar a classificação de heroica, mas outros tiveram que ser ultrapassados. Hernández reclamou o pênalti no início do 1°t. O colombiano afirmou que foi empurrado no momento de finalizar em frente ao goleiro. A tal da lógica afirma que o lance não era para simulação.
Restando 5 ou 6 minutos houve o pênalti de Vanderlei em Pedrozo, após o goleiro ser driblado na área. Foi necessário, tal qual a sequência garantiu para a torcida.
Escobar investiu na cavadinha e a bola foi por cima do gol.
O equívoco tornou o Santos mais forte nos minutos finais. O The Strongest,ao invés de insistir em manter a dinâmica do jogo, discutiu por tudo. Era o incômodo de quem sabia que teve tudo para ganhar e necessitava do resultado favorável.
Pequeno milagre para redimir e unir
Há torcedores que exigem desde o início da temporada mais empenho. A postura e a classificação têm que garantir o voto de confiança ao treinador e elenco.
Sobrou raça para os atletas na conquista do resultado favorável.
A arquibancada e o grupo de jogadores necessitam aproveitar para remarem em igual direção. A manutenção do empenho tem que redundar em grande apoio, inclusive se houver os tropeços nos gramados. Soma de raça e paz tendem a fortalecer a agremiação.
Ficha do jogo
The Strongest – Daniel Vaca; Diego Bejarano, Luis Maldonado, Fernando Marteli e Júlio Pérez; Raúl Castro, Walter Veizaga e Wayar; Chumacero, Escobar e Matías Alonso
Técnico: César Farías
Santos – Vanderlei; Victor Ferraz, Lucas Veríssimo, Cleber Reis e Copete; Leandro Donizete, Renato, Vitor Bueno, Lucas Lima e Bruno Henrique; Vladimir Hernández (Kayke)
Técnico: Dorival Júnior
Árbitro: Dario Herrera (Arg) – Assistentes: Diego Bonfá e Ivan Nuñes