Ceni tem que se preocupar em não perder o elenco; entrevistas dificultam
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De Vitor Birner
Construção do ambiente
O treinador tem que proteger os atletas ao comentar atuações e exigir em particular, ao lidar com os próprios, concentração, esforço e o que achar necessário para elevar o padrão de futebol.
Críticas nos microfones podem dificultar a relação com o elenco. Se forem constantes, raramente geram resultados positivos.
Causo de exceção não é referência
Felipão saiu em alta do Grêmio para o Palmeiras, na época turbinado pela Parmalat, para conquistar a Libertadores. Tinha comemorado esse e mais torneios no Olímpico.
A insatisfação com o desempenho de alguns atletas fez o técnico divulgar por algum tempo quanto quilos tinham e qual seria o peso ideal. Assim, os acima do necessário seriam citados pelos jornalistas e os torcedores saberiam quem exagerava na alimentação.
Oseás foi criticado. Nos bastidores comentava-se que havia o esquema de jogador com a entrega da padaria, que conseguia infiltrar cervejas no CT O centroavante decidia torneios e era personagem folclórico doo futebol no final do século anterior.
O Palmeiras ganhou a Libertadores.
Mas, lembro, havia o 'tamanho' do técnico com recentes conquistas no continente e dentro do país, elenco acima da média, e a transição dos clubes e jogadores na adaptação à Lei Pelé.
O centroavante, por exemplo, foi para o Alviverde antes de a legislação ser implementada. Hoje a banda toca noutro ritmo.
Ninguém isento de críticas no Morumbi
Rogério Ceni em algumas entrevistas citou os atletas que se equivocaram nos jogos, Após o tropeço na estreia do último torneio que restou para o clube na temporada, adjetivou de ''medonho'' o lance do único gol do jogo. Afirmou que não sabia quem bobeou e nem exatamente o que houve na lateral.
Tanto faz se foi difícil observar dentro do gramado qual atleta se equivocou. Quem assistiu ao jogo notou que Maicon demorou para correr à zaga. Havia a possibilidade do sistema de marcação fazer cobertura, mas o nome da falha é do citado no parágrafo. A afirmação do líder torna o equívoco mais pesado para o atleta gerenciar consigo e o torcedor.
Foi tão desnecessária quanto realista a afirmação. O zagueiro sabe que tinha de correr para trás.
O técnico lembrou que Rodrigo Caio bobeou noutro lance.
Tradicional cultura dos atletas de futebol
Maicon tem a mentalidade padrão do jogador de bola. Provavelmente se incomodou com as críticas por serem do líder que deve fortalecer a união do elenco para obter o melhor resultado possível no torneio de pontos corridos.
A tendência é o zagueiro silenciar. Ninguém,no CT da Barra Funda contrapõe Rogério Ceni. Isso não significa que o o jogador admire a sabedoria do técnico ao orientar o grupo de atletas.
Pode, por exemplo, ficar bravo porque tem correr atrás de atletas velozes na linha que divide o gramado; talvez ache desorganizada a recomposição do sistema de marcação.
Deve cogitar que o sistema de marcação mais bem preparado tomaria menos gols em cruzamentos.
De fora, pode ter discordado de Lucão e Neilton no time enquanto Chávez e Lugano sequer foram relacionados na eliminação da Copa Sul-Americana; e avaliar como incoerente a opção, após duas semanas e meio de preparação, do técnico nem colocar os nascidos aqui entre os reservas na estreia d torneio de pontos corridos.
As escolhas, dentro de campo, foram ineficazes.
Talvez haja alguns no elenco que as avaliem como medonhas. Ou quem se lembre do ex-goleiro oferecendo água para Ronaldinho e o craque, sozinho, recebendo a bola no arremesso lateral de Marcos Rocha, e dando assistência para Jô inaugurar o 2×1 na Libertadores.
Os sábios observam os mais experientes
Os treinadores conquistam a credibilidade dos atletas que orientam. Isso é uma constante construção do coletivo.
A absoluta maioria dos jogadores respeita currículos tais quais o de Ceni, mas são insuficientes. Há distinções na dinâmica do futebol e na do o exército, onde a patente impõe hierarquia que torna inquestionáveis as ordens do superior na instituição.
Tite nunca fez igual desde quando ajustou a metodologia e se transformou no maior técnico do país. Teve sabedoria para ganhar confiança de todo elenco no aspecto pessoal e no tático.
Serve de referência para quem pretende ter o apoio do elenco.
Nem adianta comparar com o que acontece na Europa. As agremiações do continente rico são inseridas noutra cultura, hábitos, comportamento e educação, o que inclui o convívio de jogadores noutro padrão em atividades além dos gramados.