Goleada exige paciência da torcida com técnico do Palmeiras: entenda
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De Vitor Birner
O Palmeiras goleou o Linense. Foi a melhor atuação do time sob as orientações do Eduardo Batista.
O Alviverde iniciou com Michel Bastos na direita, Dudu no outro lado, além de Moisés e Raphael Veiga por dentro no quarteto que atuou em frente ao volante Felipe e atrás de Willian, o centroavante.
Mina e Egídio nas vagas de Dracena e Zé Roberto foram as outras mexidas na escalação, se comparada a que iniciou quinta-feira diante do Bernô.
Após 10 minutos Moisés se machucou e treinador teve que fazer a primeira alteração contra o Linense.
Imediatamente após cair no gramado com a mão no joelho, chorando de dor, pediu para sair. O técnico optou por Keno, e depois da mexida o Alviverde se impôs com facilidade.
Entenda a mexida
A melhora tem mais a ver com as características individuais dos atletas e o entrosamento que mostraram especificamente nesse jogo. Michel Bastos foi deslocado para a meia e o contratado no Santa Cruz atuou na mesma linha do veterano, mas pela direita.
O Alviverde mandou no jogo desse momento em diante porque o ex- jogador do São Paulo tende a trazer a bola na diagonal, investir em cruzamentos, toques e finalizações de fora da área, e cumpriu o que cabia ao Moisés. Com Keno pelo lado e em frente ao lateral Jean o sistema de criação ganhou velocidade na direita.
Antes da mexida, tinha apenas com Dudu na esquerda. Em seguida o Palmeiras fez o gol com Willian – houve equívoco na saída de bola do Linense -, aumentou a intensidade tanto na marcação quanto com a bola, ditou o ritmo e foi aplaudido pelos torcedores. .
O quinteto que atuou na frente foi o que mais mostrou entrosamento desde o início da temporada.
Dudu, participativo, se deslocou por distintos setores do gramado para ser a principal opção na criação. Parecia jogar faz meses com Raphael Veiga e os colegas. Willian se movimentou para confundir o sistema de marcação; a dupla da direita se entendeu. Os cinco jogadores citados merecem elogios pelo futebol.
Construção mais relevante que resultado
Mina é o principal zagueiro do elenco. Egídio tem dificuldade quando prioriza os desarmes. Essa linha de trás montada por Eduardo Batista sequer pode ser avaliada contra o clube pequeno e de poucos recursos técnicos.
O Palmeiras atuou com o sistema de marcação adiantado e o pequeno Linense, apesar de iniciar com a proposta similar a do gigante, teve que investir nos lançamentos pelo alto do campo de trás ao da frente. Criou oportunidades apenas quando o favorito tinha feito 2 ou 3 gols.
O Alviverde da atuação mais convincente – por enquanto a única de muitas que conseguirá na temporada -, não é o sonhado pela maioria dos torcedores, e provavelmente nem será o principal quando o treinador tiver noção mais precisa de como aproveitar o grande elenco.
O técnico tem o privilégio de poder formatar mais de um perfil de time.
Pode ser com velocidade pelos lados (Dudu e Keno) tal qual após a substituição de Moisés, ou mais técnico e capaz de cadenciar nas pontas tal qual no início (Dudu e Michel Bastos pelos lados) contra o Linense, ou mais forte na marcação pelo meio se optar por Tchê Tchê na vaga de alguém que atua por dentro do quarteto, ou pelos lados se quiser colocar o ex-Audax em frente ao Jean. Nesse questionamento sequer citei o que acontecerá se preferir outros atletas, esquema tático, ou o centroavante de área.
Em apenas quatro jogos é impossível para qualquer técnico do planeta, seja Batista, Guardiola, Ancelotti ou Sampaoli ter plena convicção dos encaixes de individualidades que serão mais eficazes no torneio nacional de pontos corridos e na Libertadores.
Treinador de clube que será favorito em todos que participar no continente, e com elenco tão grande e forte como o do Alviverde, tem obrigação de tentar os resultados positivos no Estadual, mas acima disso necessita preparar o time para as conquistas almejadas, que são os sonhos da maioria dos cartolas e torcedores.
Se houver tal competência terá mais opções para ganhar, porque poderá escalar o time de acordo com as características das outras agremiações .
Quando, por exemplo, insiste em iniciar com Willian na frente, mostra que pretende ter sistema de criação com muita mobilidade e prepara a entrada do Borja. Se o gringo mantiver o desempenho da temporada anterior, conseguirá manter a dinâmica de Willian diante do Linense e agregará apo coletivo a competência e capacidade para ser pivô tal qual Lucas Barrios ou Alecsandro.
Quem raciocina e quem prefere reclamar
Além de interferirem na questão técnica, as escalações embasam as flutuações táticas.
O 4-1-4-1 com atletas mais velozes pelos lados se transforma facilmente em 4-3-3 na vertical (em direção ao gol); o volante contratado em Milão pode fazer o terceiro zagueiro, tal qual Zé Roberto na lateral, e gerar mais desenhos táticos; o elenco oferece opções para 4-3-1-2, 4-4-2 ou 4-2-3-1.
O treinador, reitero, tem que observar para saber quais encaixes geram mais competitividade. A construção coletiva quer a paciência dos torcedores.
Treinador, dirigente e as certezas possíveis
Eduardo Batista tem a grande oportunidade da carreira ao assumir a orientação do clube com um dos elencos mais fortes do continente. Alexandre Mattos o escolheu porque gostou das ideias do técnico para o time.
São distintas das implementadas pelos antecessor que ganhou o torneio de pontos corridos e o dirigente sabia quando o contratou.
Cuca necessitou alguns meses para fazer a transição da proposta de Marcelo Oliveira. Iniciou perdendo jogos, depois houve oscilações, e no returno da última conquista o Palmeiras deslanchou e se impôs com sobra.
Gradativamente houve a construção coletiva e o aumento de acertos coletivos que ganharam o torneio de pontos corridos.
Cuca montou alguns times fortes durante a carreira e desde a década anterior é dos mais competentes no país. Eduardo Batista ainda tem que mostrar capacidade para dirigir clubes de tal porte. Isso ninguém questiona. mas acho impossível, agora, afirmar se conseguirá aproveitar o potencial do elenco.
Em suma, nenhuma referência há para garantir o fracasso, ou o êxito, como grande treinador de futebol.
As certezas no momento são: o diretor remunerado da modalidade decidiu qual é o técnico para a agremiação, sabia que haveria as alterações na proposta coletiva, gostou do planejamento, dialogou com o próprio antes de investir, e a torcida canta o nome do cartola nas arquibancadas.