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CBB ofereceu cargo de técnico a irmão de Pedro Bial em troca de patrocínio

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Imagem: Basquete Cearense/Divulgação

De Vitor Birner

Carlos Nunes, presidente da CBB, após mostrar o bilhete azul ao Magnano, convidou Alberto Bial da Associação de Basquete Cearense para substituir o 'hermano' em troca de o técnico levar o patrocinador do clube nordestino para o selecionado.

Em princípio, fez apenas o convite e nada falou ao treinador da agremiação, que é irmão do apresentador global Pedro Bial. Depois pediu que o patrocinador fosse apresentado, mandou projeto à empresa, marcou jantar com o CEO da mesma que preferiu manter o investimento atual.

Quando o treinador e o executivo souberam que a escolha do comandante estava condicionada ao aporte financeiro, que na prática era uma troca, disseram ao cartola palavras nada cordiais, o que foi plenamente compreensível.

O presidente da entidade que atualmente está sob intervenção da Fiba quis usar o cargo de técnico para colocar dinheiro na entidade.

A Confederação Brasileira de Basquete tem uma séria crise de gestão e é uma das maiores mostrar de incompetência administrativa. Foi mergulhada por cartolas, dos quais Nunes é parte, numa forte crise financeira, apesar de a modalidade ter potencial para crescer e ser lucrativa.

A Liga Nacional de Basquete, por exemplo, construiu o torneio independente, rentável e organizado.

Foi muito forte

O basquete masculino foi durante décadas o segundo maior esporte do país. Os resultados nas quadras garantiam a preferência popular menor apenas que a do futebol.

Conseguiu, nas dez primeiras edições do Mundial, o bicampeonato, além de encerrar duas vezes na segunda, terceira e quarta colocações.

EUA, URSS. Iugoslávia e Brasil eram os maiores protagonistas do torneio.

Assim foi até 86.

Depois, o país nunca mais foi à semifinal. Em 90 terminou em 5°. e nas seguintes edições da competição quadrienal terminou, por ordem, na 13°, 10° e 10° colocações.

Em 2006 sequer teve competência para ir além da fase de grupos, pois encerrou em quinto da chave com meia dúzia de nações. na edição seguinte obteve 9° lugar que pode ser avaliado como uma façanha diante das horrorosa gestão nas Confederação da modalidade.

A realidade foi encarada na última edição, quando sequer se classificou em quadra por causa da desorganização da entidade. Teve que pagar um milhão de francos suíços [mais de R$3 milhões em valores atuais] para a Fiba pela vaga e a seleção masculina obteve honrosa sexta colocação.,

O Brasil é uma nação com vocação para o basquete.

As mulheres, tais quais os homens, mostraram.

Demoraram mais graças ao machismo preconceituoso e muito arraigado em nossa sociedade reacionária e conservadora, mas mesmo assim tal barreira foi suplantada.

Gerações de apaixonadas pela modalidade o encararam e tiveram as geniais Hortência e Paula, além das brilhantes Janeth e Alessandra, a excelente Marta e outras grandes jogadoras, que sustentaram o moral do basquete nos anos 90, quando ganharam o torneio Mundial.

Em Jogos Olímpicos o basquete de ambos os gêneros conseguiu 5 medalhas [1 prata e 4 bronzes].

O clichê que é tradição

A CBB se enquadra na condição quase cultural de entidade gerida com incompetência por alguém que, tecnicamente, é difícil saber porquê conseguiu ser presidente. .

As federações estaduais contribuíram muito para essa auto-implosão diretiva do basquete, Elegem o mandatário, e mantiveram o 'Grego' por 12 anos no cargo.

Em duas das três edições na gestão de 'Grego', os homens sequer conseguiram vaga nas Olimpíadas.  Além disso, foi implantada a crise econômica da instituição.

Carlos Nunes o sucedeu e agravou as dificuldades.

Teve patrocínio, por exemplo, do Bradesco e benefícios da Lei de Incentivo do Esporte, acertou ao investir em Rubens Magnano, mas desdenhou das categorias de base e deu o calote em pagamentos à Fiba como o da taxa do Mundial por aceitar o convite.

Sequer necessita promover os maiores torneios nacionais. O antecessor, incompetente, abdicou e as agremiação salvaram a modalidade da falência ao fundarem a Liga Nacional de Basquete.

A LNB organiza o campeonato brasileiro, tem patrocínios e aporte da Lei de Incentivo e mantêm a solidez financeira. Bastou a CBB sair de cena para o campeonato existir.

As federações, enquanto isso, mantém o apoio à confederação. Tiveram acesso aos números que são horríveis e, ao lado da Associação dos Jogadores, aprovaram as contas da instituição, as mesmas que fizeram a Fiba nomear o interventor e posteriormente excluir o Brasil de torneios internacionais.

A LNB organiza o torneio principal masculino e a Liga de Desenvolvimento do basquete, competição sub-21.

A CBB nem consegue montar seleções nacionais de base. Foi ausente em competições que tinha de participar por compromisso com a Fiba e para oferecer rodagem aos promissores atletas e apelou ao Clube Pinheiros, que agregou jogadores de Brasília e do Rio de Janeiro ao time da própria agremiação para representar o país na Copa América sub-18, que valia a classificação ao Mundial.

Conseguiu ao encerrar em 3°, atrás dos EUA e do Canadá, e à frente da Argentina.

Nesse momento, a seleção sequer poderá atuar porque a Fiba, pelos calotes e após ter o representante dentro da CBB, excluiu o basquete brasileiro de todas as competições internacionais.

A solução seria extinguir a CBB e transferir à LNB a gestão do esporte. Isso encerraria a força política das federações e aumentaria o profissionalismo.

Em suma, a intervenção da Fiba pode ser benéfica para o patrimônio histórico nacional chamado basquete.