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Palmeiras de Nobre e Mattos é campeão; a conquista tem grandes personagens

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De Vitor Birner

O Allianz Parque pleno festejou o que quase todos sabiam e apenas a matemática fria e calculista enrolava para confirmar; o maior torneio do país é do Palmeiras.

A conquista garantiu a alegria dos torcedores,  criou novos ídolos, fortaleceu personagens e fez da agremiação a principal da temporada.

Com uma palavra 

Campeões em torneios de regularidade têm algumas virtudes; a maioria das pessoas tende a ressaltar uma ou duas para explicar o perfil dos ganhadores.

O Alviverde foi campeão porque mostrou sistema de marcação competitivo,  personalidade forte para conseguir os resultados positivos quando jogou menos que podia, atletas determinados que mantiveram a concentração em quase todas as rodadas e humildes por cumprirem as orientações do treinador em prol da essencial construção coletiva.

A conquista foi consequência de tantos acertos. O time será lembrado, no futuro, por uma característica que garantiu dezenas de pontos na tabela de classificação do torneio:

Intensidade.

Esse Palmeiras corre muito, investe mais que a média em marcação individual, gosta de velocidade quando retoma a bola, prefere atuar em direção ao gol que tocar de lado, é bastante determinado e nem tão paciente para obter os resultados positivos.

Jogadores conseguiram elevar o padrão 

O treinador tinha o elenco cheio de opções para montar time forte, mas é inegável que o desempenho individual de muitos atletas foi acima da média em suas carreiras.

Moisés provavelmente será eleito pela maioria o craque do torneio; tinha atuado por América-MG, Toledo, Rioverdense, Coritiba, Sport, Boa, Portuguesa e Rijeka; estreou em clube gigante com a camisa do Alviverde e se tornou a principal referência.

Tchê Tchê era o tal do ilustre desconhecido no início da temporada. Hoje é o polivalente que melhorou a saída de bola e raramente desfalca o time ou merece críticas pelas atuações.

O promissor Gabriel Jesus durante a temporada se transformou no atleta cobiçado por clubes estrangeiros foi negociado para o City por pedido de Guardiola.

Jean, em baixa e querendo ser volante no Fluminense, solucionou o problema da lateral. Manteve a regularidade e, ao contrário do que houve no clube das Laranjeiras,  atuou feliz na posição que rejeitava antes de chegar à agremiação do Allianz Parque.

Dudu brilhou, em especial nas últimas rodadas, quando o time oscilou.

Os zagueiros tão questionados, inclusive pela torcida, foram eficazes. Deram conta do necessário. A contratação de Mina solucionou os dilemas restantes no setor.

O desconhecido Roger Guedes chegou ao elenco e foi decisivo no início do torneio de regularidade.

Aos que têm Wickipedia como referência   

Cuca, o técnico que conseguiu montar mais times e elencos fortes na década anterior, nunca havia comemorado tal conquista. A turma incapaz de fazer a leitura doo que acontece no gramado e tem com base apenas os resultados desdenhava da óbvia competência

O treinador conseguiu driblar a objetividade rasa. Agregou no currículo o que era necessário para ser colocado no devido patamar. Os outrora críticos tendem a alterar o discurso que será pleno de elogios.

A superação do senhor no gramado

Zé Roberto conseguiu impressionante feito.  Ganhar nessa idade é exceção que deve ser aplaudida.

Goleiros têm dificuldades para serem tão longevos nos gramados. As de atletas de linha, obviamente, são maiores.

A simples capacidade para contribuir, no atual estágio físico, é elogiável, mesmo se for incapaz de reeditar o que fazia no ápice como jogador de futebol.

A magia do futebol 

Jaílson talvez seja o maior personagem da conquista. O 'Leicester' dentro do elenco.

Fernando Prass, ídolo e craque, era inquestionável.

Ninguém cogitou que iria para o banco e apenas problemas físicos poderiam gerar a alteração. A direção contratara Vágner para quaisquer eventualidades.

Jaílson era a opção que ninguém imaginava que atuaria.

Teoricamente em fim de carreira, pois a idade é de veterano, contratado quando ocupava a reserva do Ceará, nunca tinha atuado no torneio e fez história tal qual fosse alguém consagrado. Foi referência na conquista.

Imagine o tamanho da felicidade do goleiro ao realizar o sonho de atuar na agremiação da qual é torcedor, após prometer o seguinte para a avó Nacife Marcelino; ''a senhora não vai morrer enquanto não me ver sendo goleiro do Palmeiras'',  afirmou a quem ama.

O conto de fadas extrapolou os horizontes da imaginação do neto. Jogou, decidiu, ganhou e comemorou uma conquista que nem São Marcos conseguiu, obviamente pela fragilidade dos elencos da época.

Nenhum torcedor o terá na conta de mais um que teve o privilégio de trajar a camisa da agremiação. Se tornou ídolo e símbolo da inédita conquista no torneio de pontos de corridos.

O resultado que o tricampeão proporcionou

Alexandre Mattos, durante a temporada, recebeu fortes críticas. Diziam que contratou de baciada e era o momento de investir em qualidade.

Quando chegou, avaliou ser necessária a reestruturação do elenco.

Os especialistas na montagem de times de futebol afirmam que uma temporada, após inciarem do zero, é insuficiente para o cumprimento da missão. Necessitam duas ou mais.

Ontem conseguiu entregar o fruto do planejamento.

Grande pilar

Paulo Nobre foi eleito para gerir o clube quebrado na parte econômica. Encontrou elenco que sequer fazia o torcedor ter convicção de permanecer na elite do torneio de pontos corridos.

A estrutura obsoleta para treinadores, fisiologistas, fisioterapeutas e os cientistas do esporte prepararem e recuperarem os jogadores necessitava ser alterada.

A política fragmentada nos bastidores, na qual havia disputas pelo poder goleando as necessidades da instituição, com cartolas torcendo contra para fragilizarem as gestões, tinha de ser pacificada.

O clube implodia constantemente.

O presidente, ao contrário do perfil de cartola padrão, pôs grana do bolso e nunca se colocou acima da instituição. Acelerou muito a reconstrução que demoraria e talvez custasse mais rebaixamentos. Deixou Alexandre Mattos administrar o futebol.

Soube delegar, compor politicamente, e o sucessor encontra a agremiação com rotina mais profissional e  capacidade para montar elencos fortes.

O ideal seria o clube se bancar. Mas, diante das circunstâncias, é inegável que soube aproveitar a oportunidade oferecida pelo torcedor endinheirado, que o reergueu.

O Alviverde de novo pode andar com as próprias pernas de agremiação gigante e candidata a ganhar os maiores torneios.