Blog do Birner

Deva Pascovicci sempre teve muita luz; meus sentimentos a todos

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De Vitor Birner

O ser iluminado

Deva Pascovicci era casado com a Rosana, pai de Carol, Mariana e do cachorro Seninha. Tem uma família feliz.

Raras vezes conheci alguém positivo e otimista como o amigo vítima da tragédia aérea em Medelim. Antes do Mundial em 2006 foi diagnosticado com câncer. Operado algumas vezes, permaneceu em coma por grande período. Muitos sequer acreditavam que sobreviveria.

Após meses no hospital, de onde saiu com uma colostomia e perdeu muito peso e forças, tinha dificuldade para subir pequenos degraus da redação ao corredor do estúdio e necessitava ajuda no caminhar lento de alguns metros.

Fazia rindo e pleno de convicção que retomaria o ritmo normal.

Afirmava que durante o coma tinha ao lado o espírito que o protegia e garantia que sobreviveria. Dito e feito: recuperou o peso e a energia para de novo distribuir ao planeta narrando com personalidade, maestria, estilo próprio principalmente felicidade.

Realizava exames semestrais de monitoramento. Intimamente, parecia saber que ganhara uma etapa e poderia haver outra para golear.

Em 2015 a doença em estágio muito inicial o quis incomodar. Dessa vez o tratamento e a cura ou foram mais rápidos e simples, ou foi o que me disse quando falamos no celular, como se este que escreve em vez do próprio paciente fosse o necessitado de otimismo e paz. Tinha absoluta certeza ao afirmar:

''Não vou morrer de câncer. Estou sempre atento e me anteciparei sempre que necessário para ganhar''

Nunca duvidei.

Fã de automobilismo, encarava o que seria ameaça para muitos como se fosse a disputa de uma corrida. A fé gigantesca garantia proporcional energia positiva que provavelmente nascia na alma e emanava para todos que desfrutaram do convívio.

Quem o conheceu era motivado a crer na força capaz de impulsionar aquele ser humano para ultrapassar tais obstáculos.

Chegou a fazer quimioterapia e no dia seguinte tomar as medicações no estádio para, depois de uma ou duas horas, narrar com enorme alegria o futebol.

Ressalto: tudo desprovido de qualquer lamentação ou pena de si próprio.

A voz gerou o apelido de 'Pavarotti do rádio' e o coração e positividade o carinho de muitos, tal qual deste que teve o privilégio de conhecer e admirar a sabedoria além da formal que Deva Pascovicci humildemente e inconscientemente dividia.

Aos familiares, meus sentimentos e o que possa fazer para minimizar a tristeza que durará quando a consternação popular for encerrada.

Terão que adquirir a sabedoria que transforma a dor em impulso para serem pessoas cada vez mais construtivas, tal qual fazia o Deva e continuará fazendo.

Quem perdeu pessoas amadas sabe que nem adianta querer tapar essas lacunas existenciais.

A cartilha da escola da vida ensina que é necessário caminhar e conviver com saudades que geram grande tristeza, e ser feliz.

Assim pode realizar o sonho de quem foi ao plano espiritual e fazia tudo para nos ver felizes.

Deva continuará levando a luz imensa aonde for e curtirá o ciclo evolutivo com as maiores bençãos da natureza e do Deus.

A gratidão e a solidadriedade

Paulo Júlio Clement era coordenador de esportes do Sistema Globo de Rádio no início do século. Foi o primeiro a me tirar das pautas de quaisquer editorias e levar a que labuto.

Abriu a porta, contribuiu para que pudesse me dedicar apenas a que mais aprecio, e sabia do reconhecimento pela oportunidade.

Conheci alguns colegas de profissão que fariam a cobertura da final, entrevistei Caio Jr, salvo equívoco, antes de aceitar a proposta de agremiação dos Emirados Árabes, e o Mario Sérgio no Cartão Verde.

Meus sentimentos aos familiares e a quem tinha apego por qualquer pessoa que faleceu.

A todos os que partiram, bençãos de luz e paz.