Andrés Sanchez gerou o atual enfraquecimento do futebol no Corinthians
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De Vitor Birner
Tiraram o palito de fósforo para o incêndio ser apagado. Por isso Cristóvão Borges recebeu o bilhete azul.
O treinador se equivocou em algumas escalações e alterações, houve a transferência de Elias, e a direção fez o gols de parte da torcida ao encurtar a permanência do sucessor de Tite na agremiação.
Os problemas não foram embora com o técnico. A crise financeira continua e, apesar de equívocos como a contratação de Pato tal qual atleta de marketing e de futebol, a Arena em Itaquera é a maior geradora da dívida que enfraqueceu o elenco.
Andrés Sanches foi o mentor da empreitada.
O maior cartola de Parque São Jorge merece críticas e elogios: fez muita força para o Dualib fechar com a MSI e o time foi rebaixado; como presidente trouxe Ronaldo e turbinou o caixa; escolheu Tite e manteve o treinador após a eliminação contra o Tolima, e por isso houve as conquistas no torneio de pontos corridos nacional e na Libertadores.
Roberto Andrade tem que gerenciar a conta, a grana minguou, e a questão da Arena em Itaquera é tutelada pelo cartola mais forte do clube, tal o próprio afirmou.
A torcida, no tropeço diante do Palmeiras, se virou para o camarote e xingou o atual presidente, que é mortal e incapaz de arrumar veloz e plena solução para o débito financeiro.
Os 'naming rights' para a diminuição do dilema são negociados pelo indicado por Andrés Sanches. O próprio Cristóvão Borges foi sugestão do deputado e dirigente.
Era mais feliz
O Alvinegro, se continuasse jogando no Pacaembu e pudesse investir as rendas em reforços, teria condição muito melhor, pois entraria mais dinheiro e nenhuma dívida bilionária necessitaria ser paga.
Além disso, a maioria dos torcedores com quem converso, prefere o estádio municipal.
Talvez, em muitos anos, a Arena se transforme em grande negócio. Mas nesse momento é o maior entrave para formação de elenco tão forte quanto as grandes receitas que tem a agremiação.
A Roberto o que é de Roberto
O presidente, então como diretor, se equivocou ao avalizar a contratação de Alexandre Pato para o marketing e o futebol. O Alvinegro queria alguém para ocupar a vaga de Ronaldo e assim tentar manter o faturamento direto e indireto gerado pelo centroavante.
Cogitou Kaká e após o atleta preferir o Morumbi antes de ir aos EUA, optou pelo atleta que teve de emprestar ao São Paulo, Chelsea e atua no Villareal.
A contratação milionária é parte dos equívocos que esvaziam o caixa, mas custou cerca de 3% do que o clube terá de quitar para cumprir o combinado durante a construção da Arena em Itaquera. Por isso, Andrés Sanchez é nesse momento o maior gerador da queda de qualidade no elenco.
O custo da obra é avaliado em cerca de 1,2 bilhão, mas com os juros decorrentes de dificuldades no pagamento a estimativa atual é que o valor seja de 1,64 bilhão, por enquanto 6% disso foi quitado, o clube pediu a suspensão do pagamento de parcelas e tenta fechar os 'naming rights', além de negociar os CIDs questionados pelo Ministério Público para poder minimizar e encerrar a dívida até 2028 tal qual prevê o contrato com o BNDES. Apenas depois disso o clube poderá ficar com a grana das rendas.
Obviamente, se atuasse no Pacaembu e não houvesse a Arena, poderia escolher como investir o dinheiro dos ingressos, e teria capacidade para fortalecer muito o elenco. Mas, após solucionar tudo, a obra em Itaquera pode aumentar os faturamentos e se tornar solução ao invés de problema, como tem sido para as finanças da agremiação.
Os pequenos percentuais do clube nas transferências da maioria dos jogadores são questionados pelos torcedores. Isso foi praxe desde a gestão do dirigente com mais voz no Parque São Jorge, e que mantém a simpatia da massa que torce pela agremiação.
Roberto de Andrade, na entrevista de ontem, afirmou que gostaria de gastar, mas prioriza o que é necessário para a instituição.
Houve muitos cartolas de quase todos os clubes grandes que, sob críticas, reforçaram elenco e os débitos, foram elogiados, e deixaram para o sucessor aquilo que deveriam gerir.
O presidente fez o necessário ao priorizar a instituição em detrimento da qualidade nos gramados.
Andrés Sanchez, no futuro, poderá receber os elogios pela empreitada, se o Alvinegro conseguir pagar a Arena e o esforço tornar o clube ainda maior no futebol.