Tite foi muito conservador; Nacional é mais forte fora do Uruguai
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De Vitor Birner
Nacional 0x0 Corinthians
O empate mantém o favoritismo do Alvinegro, mas permite ao Nacional atuar como mais aprecia em Itaquera.
A agremiação de Munúa, não por acaso. fez gols em todos os jogos nos quais saiu do país.
Marcou 1 contra o Alviverde em 4 jogos, e 5 em 3 noutras 'canchas'. É mais forte quando inicia a marcação na linha que divide o gramado e investe no contra-ataque. No Parque Central fica difícil implementar essa proposta.
O empate com gols multiplicaria o tamanho do favoritismo do Alvinegro.
Precisa aproveitar, quarta-feira, o gramado muito mais veloz e escorregadio que o do Parque Central, o apoio da torcida, a qualidade técnica e o repertório que pode proporcionar o elenco.
Tite não conta com grupo de jogadores do nível que conquistou o torneio de pontos corridos, mas, se comparado ao dos 'Bolsos', tem maior quantidade de opções e características.
O treinador dos uruguaios tem limites muito menores para elaborar a proposta coletiva. Exatamente por isso, quando o jogo 'solicita' a inciativa, não acha formas consistentes para alterar escalação, tática e o que mais for necessário.
Achei a atuação do Corinthians mediana porque poderia ter mostrado mais futebol.
Ultrapassou fronteiras elogiáveis do respeito; foi mais conservadora que o jogo exigia.
O limitado e previsível Nacional
Ambos os treinadores sabiam como o oponente escalaria e posicionaria os jogadores.
Gustavo Munúa, com elenco que oferece poucas possibilidades, escalou o time principal e manteve a proposta coletiva.
Fucile, veterano, e Espino, atuaram nas laterais.
A dupla na zaga teve o lento Victorino e Diego Polenta.
No meio de campo posicionou Barcia, o melhor do setor, como sempre na ala-direita, Ramirez do outro lado com igual função, e os volantes Porras e Romero entre os dois.
O ataque teve Fernández – eventualmente recua à meia na flutuação do 4-4-2 para o 4-2-3-1 – e o competente artilheiro Nico López, que se mexe pelo gramado por não ser centroavante de área e é o mais habilidoso jogador do tricampeão da Libertadores.
Como os volantes não têm grande qualidade e Barcia, rápido, é o mais consistente na parte ofensiva do quarteto na região central, o treinador forçou os lances naquele setor e investiu em cruzamentos, pois no Gran Parque Central pleno 'não podia' priorizar o que faz melhor.
Tite altera para fortalecer a proposta
O treinador anunciou ontem que iniciaria com Rodriguinho na vaga de Guilherme. A convicção vigente de reconstruir o 4-1-4-1 foi preponderante para a mexida na escalação.
O quarteto em frente ao volante Bruno Henrique tem Lucca e Alan Mineiro que atuam rente à linha lateral. Se o sistema de marcação do oponente se dispuser a grudar jogadores em ambos, aumenta a possibilidade haver brechas no meio.
O Alvinegro, como o torcedor sabe, investe em lances pelos lados. A ideia é espalhar o sistema de marcação que enfrenta para Elias e o colega que atua por dentro se projetarem nessas brechas onde criam, entram na área e finalizam.
Guilherme ainda não conseguiu ter a dinâmica necessária para chegar na frente e recompor o sistema de marcação tal qual o coletivo necessita.
Parece faltar força física ao meia. O substituto foi mais intenso, como quer o treinador, quando recebeu oportunidades.
A grande cautela e o padrão
O Nacional mostrou futebol que merece elogios, se a referência for a média das atuações do time na Libertadores.
Insistiu nos lances pela direita e cruzamentos, o sistema de marcação do Corinthians ganhou a maioria das disputas pelo alto, e teve com Nico López diante de Cassio a melhor oportunidade do jogo.
O artilheiro, em regra, acerta esse tipo de finalização, mas tocou no canto e a bola saiu lentamente a centímetros da trave.
O Alvinegro nada fez na criação.
Se equivocou na transição à frente, pareceu receoso de chegar com muitos jogadores na meia e na área, e priorizou a marcação.
Os 'Bolsos' foram melhores, não muito, e esbarraram no bloqueio do oponente.
Inócua ambição e o conservadorismo
O Corinthians melhorou após o descanso com instruções do treinador. Conseguiu ter mais a bola e diminuiu a frequência do Nacional pelos lados em regiões nas quais podia levantar a bola área ou arriscar o chute.
Mesmo assim, Barcia conseguiu o cruzamento, Fernández cabeceou, Cassio interveio e Fagner impediu o gol.
Tite, ao notar que o time não criava e sequer conseguia o contra-ataque diante do time que tem zagueiro lento, aos 23 colocou Marlone na vaga de Alan Mineiro, que pouco fez.
O substituto e Lucca, do lado oposto, têm a velocidade para esses lances.
A mexida não otimizou o futebol da equipe com a bola. O treinador quis reforçar a proposta e, aos 34, trocou André por Romero. Assim tinha contra-ataque nas pontas e no meio. .
Não funcionou. Tinha atletas mais descansados, podia adiantar a marcação.
Nenhuma oportunidade foi criada. Romero, o volante do Nacional, após cruzamento de Nico López finalizou em gol na última, pequena, do jogo.
Manteve todos os jogadores
Não houve alterações no Nacional. O meia-atacante Ignácio Gonzáles, único que poderia agregar algo na parte técnica, sequer pode ficar no banco.
Em suma, os ''bolsos' jogaram melhor e tiveram mais oportunidades, mas nada digno de ser ressaltado e que descaracterizou o resultado como melhor explicação do que houve no gramado.
Ficha do jogo
Nacional – Conde; Fucile, Victorino, Polenta e Espino; Romero, Porras, Barcia e Ramírez; Sebastián Fernández e Nico López
Treinador: Gustavo Munúa
Corinthians – Cássio; Fagner, Felipe, Yago e Uendel; Bruno Henrique; Alan Mineiro (Marlone), Elias, Rodriguinho e Lucca; André
Treinador: Tite
Árbitro: Patrício Loustau (Argentina) – Assistentes: Eduardo Cardozo e Roberto Cañete (PAR)