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São Paulo: Comitê de Ética será rigoroso com Ataíde e Carlos Miguel Aidar

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De Vitor Birner

O Comitê de Ética que apurou o entrevero de Carlos Miguel Aidar e Ataíde Gil Guerrero pretende que ambos recebam fortes sanções.

A maior prevista no estatuto é a exclusão do quadro de conselheiros. Futuramente, os dois ainda podem ser expulsos do quadro de associados. Na tarde de hoje os integrantes ainda tinham pequenas dúvidas sobre qual será o parecer, mas prometem que não haverá brandura.

A demora para marcarem a reunião extraordinária porque recolheram muitos documentos. O relator José Roberto Opice Blum, que talvez seja o candidato da oposição à presidência do clube, obteve mais de mil paginas com notícias e documentos e horas de gravações com depoimentos dos dirigentes, nos quais embasará o parecer.

Haverá mais argumentos que os específicos do entrevero que redundou na renúncia de Carlos Miguel Aidar.

Contra o Ataíde  

Entre eles, será apresentada aos conselheiros a carta do advogado José Roberto Cortez, onde Ataíde Gil Guerrero referenda a divisão de comissão com Cinira Maturana pela indicação do tributarista.

José Eduardo Mesquita Pimenta, que pertence ao Conselho Consultivo, entregou ao Comitê de Ética o papel no qual o Ataíde Gil Guerrero escreveu à mão o aval.

Versão de Ataíde sobre a carta

Briguento, explosivo, grosseiro e incompetente para gerir o futebol.

Essas foram as reclamações de quem conviveu com ele, enquanto ficou no departamento, e doutras pessoas que conhecem melhor o cartola.

Nunca escutei que é desonesto. A própria briga agressão, por ele confirmada ao Comitê de Ética, foi motivada por suposto oferecimento de propina feito por Aidar.

O dirigente tem ideia que a carta foi anexada aos outros documentos recolhidos pelo Comitê de Ética e que foi levada em conta pelos integrantes.

Afirma que a ideia era recomendar o tributarista José Roberto Cortez para outros clubes, pois havia questão de impostos pontual de interesse comum a todos, mas depois, por falta de confiança no advogado, não fez isso.

Alega que se tivesse tocado a corretagem jurídica, prevista em lei, a agremiação do Morumbi seria a única isenta desse pagamento.

O próprio Ataíde Gil Guerrero, de acordo com o que fala, entregou a carta em questão ao Ives Gandra Martins, integrante do Conselho Consultivo, para ajudar nas investigações sobre a polêmica de Carlos Miguel Aidar contratar os serviços de José Roberto Cortez por R$8 milhões – recebeu R$3,5 milhões e a atual gestão não pretende pagar o restante – quando era possível oferecer muito menos a outro especialista.

Conselheiros é que aprovam o parecer

O Comitê de Ética sugere qual é a conclusão que considera a melhor. Quem referenda e transforma em decisão é o Conselho Deliberativo.

Em suma, votam contra ou favoravelmente ao parecer. Os integrantes têm direito de manter em sigilo as escolhas.

A votação será fechada. Não tive confirmação se haverá apenas uma a respeito de todo o parecer, ou duas para avaliarem separadamente os equívocos de Ataíde e Aidar. A tendência é que essa última seja colocada em prática.

Opinião

Minha leitura dos fatos – pode ser equivocada porque é conclusão embasada em muitos diálogos sobre o tema- é que o Comitê de Ética pedirá a exclusão de ambos os cartolas do quadro de conselheiros. Futuramente, os dois ainda podem ser expulsos do quadro de associados.

Não descarto plenamente que haja negociações nessas duas horas que antecedem a reunião. Quando chequei, hoje, no meio da tarde, a tendência era a que menciono.

Se a situação crê na argumentação de quem foi vice-presidente do futebol, tal qual acontece, e ele for excluído, a possibilidade de tudo ir para a Justiça Comum é enorme.

Outro ponto

Em regra, não gosto de votos fechados.

Melhor seria a plena transparência, mas o viés político atualmente exacerbado na agremiação diminui com o sigilo nas escolhas de conselheiros, o que aumenta a essência da apreciação que deve ser embasadas apenas em ética e no melhor para a agremiação.