Quase tudo igual no Palmeiras; Locomotiva ganha no Allianz Parque
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De Vitor Birner
Palmeiras 1×2 Ferroviária
A agremiação do interior teve mais posse bola, trocou maior quantidade de passes com percentual superior de acertos, finalizou a mesma quantidade de vezes e tentou 7 cruzamentos contra 21 do Alviverde.
Em suma, o elenco melhor outra vez colocou menos a bola no chão e teve dinâmica de jogo pior que o da agremiação que, em tese, deveria depender de lançamentos longos, cruzamentos e faltas ou escanteios.
Marcelo Oliveira, durante o jogo, alterou escalação e o esquema tático.
Tentou o 4-1-4-1, mas o time, apesar de melhorar assim, não conseguiu finalizar e tomou o gol tolo, nos acréscimos, após cobrança de tiro de meta diretamente para a meia.
Em suma, ainda não consegue evoluir.
A Locomotiva foi superior no 1° tempo e, mesmo após o crescimento do favorito, insistiu na proposta coletiva que se espera de times grandes.
Merece elogios. Havia atuado melhor que o Corinthians no empate e Lidera, por méritos, o grupo no Estadual. A pontuação é reflexo do desempenho que mostrou nessas rodadas do torneio.
Locomotiva melhor
Marcelo Oliveira posicionou Thiago Santos como volante de marcação.
Jean e Robinho, pelos lados, formaram o trio da posição e foram encarregados do passe na defesa para o time não depender de lançamentos longos, pelo alto, na transição à frente.
Se conseguissem isso, teriam que chegar na meia, não necessariamente juntos, onde deveriam contribuir na articulação dos lances de gol.
Nem eles e nem os outros jogadores obtiveram êxito nesse que se transformou no grande dilema do Alviverde do Marcelo Oliveira.
Por isso, de novo a agremiação teve que investir em marcação adiantada e cruzamentos na área para tentar criar as oportunidades. O contra-ataque, outra opção tradicional desde a chegada do treinador, foi pouco tentado porque seria pífio aguardar atrás para forçar a Locomotiva ditar o ritmo e eventualmente abrir as brechas que os palestrinos necessitariam em tais lances.
Os afeanos insistiram em manter a bola no gramado. Tentaram sair de trás com ela de pé em pé, rolando,e foram melhores que a o favorito nisso, apesar da dificuldade imposta pela marcação do oponente.
Nos momentos em que o Alviverde tentou fazer a transição à frente, a Ferroviária adiantou o sistema defensivo, forçou os equívocos dos zagueiros, laterais e volantes da agremiação que investiu bastante na formação do elenco, e por isso fez a proposta coletiva de Sergio Vieira ganhar o 1° tempo.
O gol, em cobrança de falta de Fernando Gabriel, foi com certeza ensaiado.
O quarteto de atletas ficou na barreira com os palmeirenses, o meia-atacante chutou em cima deles, no canto do goleiro, que por ter a visão encoberta foi pego no contrapé, demorou para ir na bola e não conseguiu fazer a intervenção.
Crescimento do Palmeiras
No intervalo, Marcelo Oliveira tentou alguns ajustes.
A marcação na frente melhorou, o que facilitou a retomada da bola.
Isso e a troca de passes no entorno da área empurraram a Locomotiva para trás. Mesmo assim, ainda faltou criatividade para transformar a superioridade na ocupação de espaços em oportunidades de mexer no resultado.
Alterações geram o empate palmeirense
Por causa dessa dificuldade de finalizar, o atacante Rafael Marques entrou no lugar do volante Jean,e Cristado no de Alecsandro.
O treinador alterou a escalação e o desenho tático do time para a tentativa de 4-1-4-1.
Thiago Santos permaneceu como volante de marcação, mas muitas vezes entre os quartetos.
O de trás com zagueiros e laterais, e da meia formado por Dudu, Robinho, Rafael Marques e Gabriel Jesus, que deveriam criar a oportunidade e entrar na área para o time chegar com maior quantidade de jogadores.
Rafael Marques, por exemplo, se posicionou em alguns momentos como centroavante, junto do Cristaldo, e realizou a flutuação ao 4-1-3-2.
O empate aconteceu assim, logo em seguida às alterações. Robinho tocou para Rafael Marques na área, ele dividiu com os zagueiros e a bola sobrou para o 'hermano' comemorar.
Erik foi para o campo na vaga de Gabriel Jesus, que não conseguiu manter o mesmo nível de futebol mostrado na goleada diante do XV de Piracicaba. As oscilações são normais, pois é novo e o time coletivamente não tem a consistência para ser forte e regular.
O Palmeiras continuou controlando as ações e em busca de outro gol, mas não encontrou brechas para finalizar.
Mexidas funcionaram
Sérgio Vieira colocou Danielzinho e e tirou Wescley, assim que o time perdeu o duelo no meio de campo.
Quando restavam cerca de 10 minutos, ciente que o Alviverde iria para frente por ter obrigação de ganhar, o treinador substituiu Fernando Gabriel por Mathes Rossetto e Samuel por Rafinha, meia-atacante e artilheiro da agremiação no torneio.
Sabia que havia considerável possibilidade de conseguir o contra-ataque, por isso fortaleceu a marcação na região central do gramado ao colocar atletas descansados, aumentou a velocidade na meia e na frente, Rafinha pode realizar ambas as funções, e investiu no momento inspirado do suplente.
Antes de o Alviverde empatar, Tiago Adan, em lance assim, perdeu grande oportunidade em frente ao Fernando Prass.
Os equívocos e o gol
Nos acréscimos, a Locomotiva conseguiu aquilo que o treinador planejou. Teve a cooperação do oponente, que cometeu o monte de erros tolos no sistema de marcação.
Rodolfo cobrou o tiro de meta diretamente ao ataque. Zé Roberto permitiu o quique da bola e foi além dela, que ficou com Matheus Rossetto.
O meia conseguiu fazer a assistência precisa para Rafinha, diante de Fernando Prass, chutar e comemorar.
Havia o mesmo número de jogadores de ambas as agremiações no lance. Não tinha cobertura e tampouco a chamada, no futebolês, compactação, pois a maioria dos palestrinos ficou na frente imaginando que o goleiro tentaria sair de trás com toques curtos tal qual na maioria dos 95 minutos.
Marcelo Oliveira e os jogadores
O 'chutão', que é dos lances mais simples e óbvios, bastou para o sistema de criação afeano ficar mano a mano contra os zagueiros e laterais, e resolver o jogo.
Colocar tudo isso na conta apenas do treinador é confortável. Os atletas precisam se concentrar e ter a mínima leitura capaz de impedir tantos equívocos, como no gol de Rafinha.
O beabá da evolução coletiva
O setores do time continuam mais longe que o ideal uns dos outros.
Quando o meio-campo tem a bola, há dois atacantes abertos e outro quase grudado nos zagueiros.
Quando Marcelo Oliveira opta pelo trio de volantes para melhorar a transição, fica o vão entre eles e quem joga na frente.
O treinador tem a noção disso, mas, por alguma razão, nenhuma das escolhas consegue diminuir essas lacunas que forçam muitos lançamentos e toques longos.
Possui alguns atletas rápidos do meio para frente. Podem inverter de posição e de função, confundir os sistemas de marcação, tornar o time intenso e forte.
Para isso é imprescindível a transição á frente com a bola no gramado, não pelo alto, e mantê-la à frente da linha que divide o gramado.
Essas são as principais dificuldades da agremiação. Se não solucionar isso, a opção é se fechar atrás e investir nos contra-ataques, o que parece pouco se considerarmos a capacidade técnica de parte das agremiações que enfrenta e o investimento no elenco. Na prática não tem feito ambos.
Fundamental
O Rosario Central atua com a bola.
Teve muitos desfalques diante do Nacional e, se puderem atuar na 5f, tende a mostrar futebol melhor que o da estreia.
Ficha do jogo
Palmeiras – Fernando Prass; Lucas, Vitor Hugo, Roger Carvalho e Zé Roberto; Thiago Santos, Robinho e Jean (Rafael Marques); Dudu, Gabriel Jesus (Erik) e Alecsandro (Cristaldo)
Técnico: Marcelo Oliveira
Ferroviária – Rodolfo; Juninho, Wanderson, Marcão e Thalisson; Renato Xavier e Rafael Miranda; Wescley (Danielzinho), Fernando Gabriel (Matheus Rossatto) e Samuel (Rafinha); Tiago Adan
Técnico: Sergio Vieira
Árbitro: Thiago Duarte Peixoto – Assistentes: Rogerio Pablos Zanardo e Miguel Cataneo Ribeiro Da Costa