Rivellino recusaria convocação para seleção; o craque concorda com Rafinha
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De Vitor Birner
Os bate-papos com Rivellino, inclusive longe dos microfones, me mostraram o enorme, indescritível com palavras, orgulho do craque por ter atuado na seleção brasileira.
Lembro aos incrédulos ou críticos, que jogar pela equipe nacional não era trampolim para trocar de clube ou ganhar mais dinheiro.
Satisfação pessoal, realização de sonho de pertencer aos minúsculo grupo dos melhores atletas de futebol do mundo motivavam, e muito, a quase absoluta maioria dos jogadores.
No Cartão Verde, ontem, Rivellino disse que entende a recusa de Rafinha à convocação de Dunga para as primeiras rodadas da Eliminatória, e afirmou que, hoje, faria o mesmo.
Há motivos distintos e, por linhas tortas, convergentes, para a conclusão igual.
Razão
O funcionário do Bayern de Munique tomou a decisão por ser a terceira opção, abaixo de Daniel Alves e Danilo, e preferir disputar vaga na seleção do país onde mora.
Foi totalmente racional.
Emoção
Já o ex-jogador de Corinthians e Fluminense, considerado por Maradona o maior gênio da história, parece achar que o time foi descaracterizado, não tem necessariamente os mais habilidosos, e a obrigação de chamar atletas em ''acordo mútuo'' com empresários ou agentes, para amistosos, e substituí-los caso necessário com base no valor de marketing, deteriorou aquilo que faz a camisa ser sagrada.
A afirmação foi carregada de impulsividade e indignação.
Ele falou que os atletas deveriam cobrar para participar dessas partidas, após Jamil Chede revelar o contrato da CBF com a ISE.
Gestão
A Confederação Brasileira de Futebol, desde o mandato de Ricardo Teixeira, administra a seleção como se fosse um produto que não precisa manter a qualidade.
Marca amistosos a rodo, alguns inexplicáveis tecnicamente, canibaliza os elencos de quem não se opõe, prejudica as agremiações que ainda cativam os corações dos torcedores, e muitos desses apaixonados pelo esporte não conseguem mais se identificar com ela.
Além disso, os cartolas se transformaram em focos da desconfiança da população.
Desamor
Por isso, Rafinha, que se transferiu faz 10 anos à terra germânica, quando tinha 20, não sente reverência igual a de Rivellino, e consegue ser frio ao escolher.
O tricampeão do mundo, ao contrário, entende profundamente a importância histórica do selecionado e não engole o que houve com ela.
Um nunca a amou.
O outro se sente traído.