São Paulo melhora coletivamente e ‘lamenta’ o empate em Nuñez
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De Vitor Birner
River Plate 1×1 São Paulo
Mais comprometimento com o coletivo e dedicação individual de todos os jogadores.
O time de Edgardo Bauza ficou longe de ser brilhante, mas quase ganhou do River em Buenos Aires.
Teve as melhores oportunidades e não conseguiu o resultado favorável porque Denis cometeu equívoco em lance simples, e Julio Bascuñan, além de impor critérios distintos na marcação de faltas e mostra de cartões, não confirmou o pênalti de Barovero em Calleri.
Ganso fez, de longe, a atuação mais convincente desde quando trocou a Vila Belmiro pelo Morumbi.
Não apenas pela técnica, mas graças aos desarmes, posicionamento e dinâmica. Quem puder, observe os lances e notará que retomou a bola e criou oportunidades em distintos setores do gramado.
Melhor momento 'hermano'
O River iniciou marcando na frente. Impediu a transição do oponente à meia e teve muita facilidade para entrar ou ficar no entorno da grande área.
O São Paulo insistiu sair de trás tocando a bola, mas cometeu muitos equívocos e facilitou o cumprimento do que Marcelo Gallardo propôs aos 'Millonarios'.
Além disso, o time de Bauza, mole nas divididas e desatento na marcação por cima, quase tomou o gol tolo, mas a bola tocou no travessão.
Isso durou cerca de 10 minutos.
Propostas dos treinadores
O São Paulo marcou no 4-4-2 (4-4-1-1) com flutuação ao 4-2-3-1. No primeiro desenho tático, o quarteto do meio de campo teve Centurion na direita e Carlinhos do outro lado, ambos encarregados do auxílio aos laterais Bruno e Mena. Os volantes foram Hudson e Thiago Mendes.
No outro, Carlinhos e o ex-Racing se posicionaram na linha de Ganso, com Calleri mais adiantado.
Ressaltei o sistema de marcação porque foi muito mais exigido que o de criação.
O River Plate foi mais frequente na meia. Com Mora na direita e Driussi na esquerda, Fernandez entre eles, Alario como centroavante e os apoios constantes dos laterais Mercado e Vangionni, mostrou mais qualidade que o oponente para tocar a bola.
Mesmo assim, alguns equívocos no início dos lances e a dificuldade nos desarmes por cima permitiram ao time de Bauza criar oportunidades.
A melhor na agremiação do Morumbi.
Ganso acertou chute preciso e fez o gol após o cruzamento e a dividida de Lugano pelo alto.
Comemorou intensamente, o que é raro para o meia. Talvez o comprometimento maior tenha sido fundamental na melhor apresentação com o manto sagrado do clube.
Merece elogios pela qualidade nos passes, dribles, marcação e, obviamente, porque protagonizou o principal lance do time.
Denis e o Julio Bascuñan 'garantem' empate
O River Plate caiu de rendimento porque o São Paulo, apesar de atuar muito atrás a contragosto do treinador, e das fracas apresentações tanto do Hudson e de Thiago Mendes, melhorou a marcação.
Os time 'hermano' em fazer a transição tocando de bola, mas nem sempre foi eficaz. A dupla de zaga formada por Mammana, lateral improvisado na função, e o estreante Vega foi pouco consistente.
Houve falha, por exemplo, quando Ganso retomou no círculo do meio de campo e colocou Calleri diante do Barovero mal-posicionado e fora da área. O centroavante, com opção de driblar ou finalizar, recebeu o empurrão nas costas, mas Julio Bascuñan mandou seguir.
Além da falta, que seria oportunidade para ampliar o resultado, tinha que mostrar o cartão no lance, principalmente se observados os critérios escolhidos pelo próprio chileno durante os 95 minutos.
No contra-ataque, aconteceu o escanteio. Denis, sozinho, rebateu o cruzamento para baixo, em Thiago Mendes, e permitiu o empate.
A falha foi apenas do goleiro, que acertou em todos os outros lances, não do volante.
Barovero retribuiu, mas o Julio Bascuñan não permitiu. Quis driblar o Calleri, perdeu a bola, tentou o carrinho, fez o pênalti daqueles inquestionáveis e muito óbvios, mas o chileno de novo foi generoso com a agremiação que fala castelhano.
Aliás, para ser objetivo, os critérios que impôs foram dúbios, principalmente na hora de mostrar cartões em faltas por trás. Nem é preciso citar qual dos times lidou o rigor seletivo do escolhido pela Conmebol para impor as regras.
Mais consistente
O São Paulo melhorou após a conversa com Bauza. O sistema de marcação fortalecido porque Thiago Mendes encontrou o próprio futebol e Hudson não oscilou garantiu a pequena superioridade.
No contra-ataque, o time conseguiu as oportunidades para ganhar.
Calleri, que nitidamente atuou com mais garra por causa da rivalidade pessoal contra o River, desperdiçou a mais fácil, após Mena* fazer o passe preciso.
O meia, de novo após retomar a bola, colocou Thiago Mendes em frente ao Barovero.
Havia brechas para outras oportunidades serem criadas, pois o clube de Nuñez manteve as linhas adiantadas e se equivocou, ainda no campo de defesa, nos toques para fazer a transição à frente.
Para alterar e manter
Inversões de jogo, cruzamentos e finalizações de fora da área resumem a atuação do sistema ofensivo do River.
Insatisfeito, aos 12, o treinador tentou aumentar o repertório com a troca do volante Ponzio pelo meia D'Alessandro.
Não funcionou, e optou por Alonso, o típico centroavante grande que tromba com zagueiros, no lugar de Alario que é mais técnico.
Poderia achar o gol no cruzamento ou no lançamento longo, com o substituto fazendo o pivô ou cavando a falta, pois Gallardo conhece futebol e fez a leitura da atuação de Julio Bascuñan.
Bauza pôs Michel Bastos e a tirou Centurion, talvez machucado. Depois, Carlinhos saiu e Caramelo foi ao gramado.
O meia Gonzalo Martínez, que prefere atuar no centro do campo, ocupou a vaga de Driussi, posicionado em frente ao lateral Vangioni.
As mexidas na escalação e esquema tático 'hermanos não funcionaram. Bauza, que colocou jogadores para manter ou elevar a execução da proposta coletiva, insistiu na ideia com Alan Kardec no de Calleri.
Amarelou
Nos acréscimos, o chileno poderia excluir o Ganso pelo carrinho proposital nas perna do atleta do River, mas literalmente amarelou por ter noção que se equivocara muito e sempre contra o mesmo time.
Assim, não precisou ficar com o rosto da cor igual a do cartão mais adequado ao lance.
Por enquanto
O São Paulo, mais necessitado de pontos, ficou mais próximo de ganhar, por isso não ficou plenamente feliz com o resultado.
Como tem sido disperso e mostrado futebol ruim, a atitude mais positiva, de respeito ao manto sagrado, e a consequente melhora coletiva são os objetos de maiores elogios da nação de seguidores da agremiação do Morumbi.
A questão é saber se haverá empenho e solidariedade para render constantemente o melhor futebol possível com esse elenco. Não há como adivinhar se isso acontecerá, pois alguns atletas oscilam muito, inclusive na competitividade fundamental para a profissão que exercem.
De qualquer forma, especificamente sobre o empate, a impressão foi positiva.
Mostrou personalidade ao lidar com equívoco do goleiro, 'cancha hermana', oponente de camisa pesada, critério desfavorável no cumprimento das regras, e conseguiu pontuar em vez de potencializar a crise e tornar inviável a classificação na Libertadores.
Ficha do jogo
River Plate – Barovero; Mercado, Mammana, Veja e Vangioni; Domingo e Ponzio (D'Alessandro); Mora, Fernández e Driussi (Martínez); Alario (Alonso)
Técnico: Marcelo Gallardo
São Paulo – Denis, Bruno, Maicon, Lugano e Mena; Hudson, Thiago Mendes, Centurión (Michel Bastos) e Carlinhos (Caramelo); Ganso e Calleri (Alan Kardec)
Técnico: Edgardo Bauza
Árbitro: Julio Bascuñán (Chi)- Assistentes: Francisco Mondria e Marcelo Barraza