Corinthians ganhou porque foi mais inteligente que o competitivo Santa Fe
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De Vitor Birner
Corinthians 1×0 Santa Fe
A tendência, por causa das características dos times, era de jogo com poucas oportunidades de gol.
O futebol, dessa vez, não contrariou aquilo que ele mesmo 'citou' antes de a bola rolar.
Alvinegro ganhou por competência ao fazer o lance que o treinador do Santa Fe ofereceu.
Impressionou como o time conseguiu manter a concentração.
Tite fez algumas alterações na dinâmica da proposta coletiva e os atletas merecem elogios porque acertaram muito na parte tática.
Os Cardiais não são time tolo. Poderiam, pelo que realizaram, ganhar com o menor placar possível ou igualar.
Houve equilíbrio, mas não há nada a se questionar sobre o resultado. Quem é pago para trajar manto sagrado, e ninguém mais, determinou qual agremiação encerrou o jogo feliz.
A proposta
O Corinthians tomou iniciativa de ir à frente. Atuou mais no 4-2-3-1 que no 4-1-4-1 habitualmente escolhido pelo treinador.
Bruno Henrique e Rodriguinho muitas vezes se posicionaram na mesma linha. Eles participaram da criação, quase sempre de maneira alternada.
O trio contou com Giovanni Augusto e Lucca pelos lados, além de Guilherme entre eles. Houve troca de posições e flutuações para tentarem confundir o competente sistema de marcação dos 'Cardiais'.
Giovanni Augusto e Lucca, em determinados momentos, ficaram pelos lados no ataque, e o centroavante André se mexeu para fazer o pivô. Quando isso aconteceu, a equipe se posicionou no 4-3-3.
Guilherme atuou mais longe que o ideal, para ele, dos atacantes. Recuou em alguns momentos ao círculo central do gramado, onde tentou lançamentos.
A vã superioridade
O Santa Fe optou por dois posicionamentos de marcação.
Quando o Corinthians tinha a bola atrás da linha que divide o gramado, a escolha foi o 4-2-3-1 com Perlaza e Gordillo na função de volante, e Roa, Gomes e Seijas na linha de três.
E quando o Alvinegro conseguiu ter a bola na meia, Roa e Seijas, pelos lados, recuaram para a linha dos volantes.
Gomes ficou em frente desse quarteto para puxar o contra-ataque, pois Ibagüen, centroavante, mais adiantado, não tinha velocidade. O sistema de marcação do Santa Fe anulou o de criação da equipe do Tite.
Criada pela força nos desarmes
Nenhum dos desenhos táticos do Alvinegro gerou oportunidades de gol.
A única que merece ser ressaltada aconteceu na retomada de bola quase na área dos colombianos, onde o sistema de marcação alvinegro se posicionou, e devido ao equívoco do zagueiro Tesillo.
Giovanni Augusto, aos 23, ficou diante do goleiro Zapata, fez a cavadinha, mas o lateral Balanta conseguiu chegar na bola para intervir.
Santa Fe melhor
Após esse lance, os Cardiais adiantaram o sistema de marcação, impediram a transição corintiana à meia com ela no gramado, e forçaram os lançamentos longos nascidos da defesa.
Queriam assim, pois têm jogadores altos, que não se incomodam com o choque e gostam das dividas por cima.
A mexida no posicionamento fez o time crescer e ficar mais com a bola na frente.
Mas em nenhum momento entrou na área para finalizar. Goméz, aos 36, chutou de fora dela, houve o desvio de Felipe, e Cassio precisou fazer difícil intervenção.
Seijas, pouco depois, cobrou falta, o goleiro rebateu, mas nenhum colombiano conseguiu finalizar.
Treinador preferiu ousar
O lateral Otálvaro não retornou do intervalo. Soto, meia-atacante, entrou e o time ficou com três atletas na linha de zaga.
Gerardo Pelusso, ao notar que o time melhorou quando marcou na frente e ganhou as dividas por cima nos lançamentos longos que partiram da defesa do Alvinegro, aumentou a quantidade de jogadores adiantados para reforçar o sistema defensivo adiantado e talvez otimizar o de criação .
Obviamente, precisava de precaução pelos lados, pois se o Corinthians fizesse a transição, havia brechas.
Gordillo foi o encarregado de ocupar a lacuna, se necessário, aberta na saída de Otálvaro.
A alteração não funcionou
A ideia de oferecer o contra-ataque, em Itaquera, ao Corinthians, foi a alternativa que Tite queria para seu time criar a oportunidade que não havia conseguido enquanto o Santa Fe foi menos ousado.
Fagner tocou para Rodriguinho, na linha de fundo, que teve mérito ao encontrar a brecha e cruzar com perfeição.
Os jogadores da zaga, adiantados tal qual exigia o sistema de marcação, precisaram correr para recompor o trio, o que obviamente impediu o posicionamento ideal.
Por isso, Guilherme, na pequena área, sozinho, cabeceou para fazer a torcida explodir de felicidade.
No mesmo rumo
Os treinadores reforçaram as propostas coletivas em cada troca após o gol.
O Santa Fe manteve a marcação na frente e começou a fazer cruzamentos de tudo quanto é local do gramado.
O atacante Otero entrou no lugar do meia Gómez.
Aos 34, Tite colocou Danilo e tirou André porque o veterano tem maior capacidade de manter a bola, além de cooperar na marcação e ser competente nos lances pelo alto.
Logo em seguida Carlos Rivas, ala na direita, ocupou a vaga de Roa. Gerardo Pelusso aumentou a quantidade de atletas na área e a possibilidade de levantar mais vezes a bola nela, ao fazer as alterações.
Tite respondeu com o volante Willians no gramado e a saída do meia Guilherme. Bruno Henrique pediu para sair e Edilson o substituiu, pois poderia quebrar o galho como volante e ficar em frente ao Fagner, onde o Santa Fe insistia nos cruzamentos.
Cassio precisou intervir em alguns momentos, mas não houve nenhuma grande oportunidade dos Cardiais. O Alvinegro tinha brechas para ampliar, se equivocou ao realizar os lances em velocidade, e não obrigou o goleiro Zapata a intervir com dificuldade.
Ficha do jogo
Corinthians – Cassio; Fagner, Felipe, Yago e Uendel; Bruno Henrique (Edilson); Giovanni Augusto, Rodriguinho, Guilherme (Willians) e Lucca; André (Danilo)
Técnico: Tite
Independiente Santa Fe – Zapata; Otálvaro (Soto), Mina, Tessilo e Balanta; Perlaza e Gordillo; Roa (Carlos Rivas), Goméz (Otero) e Seijas; Ibargüen
Tecnico: Gerardo Pelusso
Árbitro: Maturo Vigliano – Assistentes: Juan Pablo Belatti e Cristian Navarro