Blog do Birner

Neymar e os ‘Gabrieis’ com fracas atuações e pouco entrosamento na estreia
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De Vitor Birner 

Brasil 0x0 África do Sul

A seleção formada especificamente para o torneio, com pouco tempo de treinamento, tem muito o que melhorar. É normal a falta de entrosamento.

Apesar disso, a atuação pode ser avaliada como decepcionante. Foi mal tanto na parte coletiva quanto na técnica.

O sistema tático

O treinador tentou montar o 4-4-2 com flutuação para o 4-3-3. O trio de frente com Gabriel na direita, Neymar do outro lado e Gabriel Jesus como centroavante, posições exatamente iguais as que jogam nas agremiações, tinha que ficar atento para fazer a flutuação e recompor o sistema de marcação.

É como joga o Barcelona de Luis Enrique.

O atacante que atua do lado no qual o outro time tem a bola no campo de frente deve recuar e formar o quarteto no meio de campo.  O setor contou com o Thiago Maia, além de Felipe Anderson e Renato Augusto, que se posicionaram na meia do sistema de criação e como volantes no de marcação.

Houve mais equívocos que acertos

Apenas o santista merece elogios pelo que mostrou na retomadas de bola. Os colegas se esforçaram, mas aturam na média baixa do time.

As linhas no setor e na defesa deixaram vãos, lacunas, entre si.  Além disso, a dificuldade nas movimentações dos atacantes sobrecarregaram o meio de campo e 'peneira' é a melhor metáfora para explicar o que foi o sistema de marcação.

Inclusive em algumas cobranças de escanteios.

Faltou qualidade para conseguirem os pontos

O sul-africanos, com mais capricho nas finalizações, ganhariam, apesar de enormes limites técnicos.

O elenco recheado de atletas que atuam no próprio país e apenas o centroavante Mothiba, do Lille, em agremiação da Europa, conseguiu mais oportunidades para comemorar.

Apenas quando o volante Mvala foi excluído, tomou ambos os cartões em quatro minutos e saiu em 14, o time de Rogério Micale conseguiu empurrar a zebra para trás.

A moleza e os ineficazes

O treinador sul-africano havia feito a troca, segundos antes, para tornar o time mais ofensivo. Morris entrou para atuar na frente e demorou para entender que a ausência do colega exigia que recompusesse a quarteto no meio de campo para o time atuar no 4-4-1.

Neymar e Douglas Santos ganharam uma enorme avenida do lado direito do sistema de marcação, mas continuaram se equivocando em toques e cruzamentos, por isso apenas uma oportunidade foi criada pelo time.

Tremeu de amarelo

Gabriel Jesus, em  lance fácil, que acertaria com a camisa do Alviverde, finalizou na trave.

Eis a outra grande questão

A atuação do time foi tecnicamente fraca, se comparada aos que os atletas mostraram nas agremiações.

Os 'Gabrieis', assim como Neymar, Felipe Anderson e Renato Augusto, esses foram substituídos por Luan e Rafinha, mostraram futebol abaixo do que podem.

Mesmo com tantos equívocos como equipe, normais no atual estágio de preparação,  era inevitável a falta de entrosamento, a qualidade individual muito acima do oponente deveria garantir o resultado positivo.

Weverton foi o melhor do time de Rogério Micale no gramado.

É favorita

Foi a única das grandes que o priorizou o torneio. As africanas, atualmente, são dizimadas pelas agremiações da Europa que aproveitam as dificuldades da economia do continente mais pobre para buscar jovens atletas.

Dificilmente haverá algum timaço como o da Nigéria de 1996, com Ikpeba, West, Kanu, Amokachi e Okocha,

 

A tendência é melhorar durante o torneio.  Aguardemos para ter ideia se a prática comprovará a teoria. É quase, dentro do que o futebol permite, obrigação a conquista de uma das medalhas de ouro mais opacas da maior e espetacular festa do esporte.

Ficha do jogo

Brasil- Weverton; Zeca, Rodrigo Caio, Marquinhos e Douglas Santos (William); Thiago Maia, Renato Augusto (Rafinha Alcântara) e Felipe Anderson (Luan); Gabriel, Gabriel Jesus e Neymar
Técnico: Rogério Micale

África do Sul – Khune; Mobara, Mathoho, Coetzee e Modiba; Mvala, Mekoa e Motupa; Masuku (Moris), Mothiba e Dolly
Técnico: Owen da Gama

Árbitro: Antonio Mateu Lahoz (ESP) Assistentes: Pau Cebrian Devis e Roberto Díaz Pérez

 


São Paulo queria Autuori; treinador nem aceitou escutar a oferta
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De Vitor Birner

O que recusou

Dirigentes do São Paulo queriam o treinador como substituto de Edgardo Bauza no Morumbi.  Fizeram contato para tentar negociar.

Paulo Autuori sequer quis escutar a proposta. Afirmou que pretende continuar no Atlético, onde tem contrato e consegue resultados positivos.

Dirigentes divergem sobre a escolha

Parte quer a contratação de outro técnico estrangeiro, enquanto outros são favoráveis a chegada de alguém que fala o mesmo idioma e conhece as características da maioria dos jogadores.

Leco, o presidente da agremiação, aprovou o nome de Autuori.

O mandatário que sucede Aidar após a renúncia do eleito não é radical. Escuta opiniões de ambos os lados, avalia todos os argumentos, mas ao menos em princípio prefere trazer quem conhece o futebol do país.

Necessitar fornecer o aval para o departamento de futebol negociar.

Era possível imaginar que o clube tentaria o campeão Mundial em 2005. Além da impressão positiva que deixou pela ética e conhecimento – os cartolas acham que o ambiente do CT da Barra Funda o atrapalhou quando assumiu o cargo após Ney Franco sair -,  a atual comissão técnica tem Renê Weber,  outrora auxiliar do treinador, atualmente considerado muito importante pelo gerente executivo Gustavo Vieira de Oliveira,  o que em tese facilitaria e abreviaria o entrosamento com o elenco.


A compreensível traição de Bauza; clube deveria investir noutro estrangeiro
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De Vitor Birner

O treinador, em junho, afirmou que não sairia porque respeita os contratos, a não ser que a outra parte queira.

Se referia aos dirigentes do Morumbi, que poderiam lhe mostrar o bilhete azul, apenas como hipótese normal do futebol.

Realmente pretendia cumprir o acordo com a agremiação. Talvez, naquele momento de sondagem para substituir Ramon Diaz na seleção paraguaia, sequer cogitou o convite para dirigir a equipe do país no qual nasceu.

Quando me coloco na posição do treinador entendo como era difícil recusar.

A Argentina tem dos elencos mais talentosos do meio campo para frente, o povo e os periodistas reclamam do jejum de conquistas que dura 23 anos, Messi disse que não atua mais pelo time, tudo pode ser consertado com algumas conversas e acertos táticos, e o técnico que conseguir o óbvio entrará para a história como o redentor da nação com fortíssima cultura de futebol.

Subirá vários degraus na profissão, terá os próximos contratos valorizados e outros benefícios pelo êxito. Apenas as questões do jogo ofereciam oportunidade tão rara quanto grande.

Além dessas, Edgardo Bauza tem apego, afeto, pelo país onde cresceu, morou e mantém enormes raízes.

Sabe aquela fábula do bonde da oportunidade que para uma vez e quem não pega se lembra disso muitas vezes e durante anos?

Isso não aconteceu com o treinador.

Foi racional, preferiu entrar para tentar realizar o sonho próprio e o dos milhões de 'hermanos' ao invés de fazer o que citou brevemente em uma dos montes de entrevistas.

Ninguém capaz de respeitar as individualidades afirmará que se equivocou por aceitar a oferta dos fracos cartolas argentinos e sair da agremiação do Morumbi.

Poderia recusar porque a gestão, a política da AFA, tem sido nociva ao esporte no país.

Marcelo Bielsa, por isso, sequer topou fazer a reunião solicitada por Armando Pérez, que encabeçou as negociações para a escolha do técnico.

As personalidades distintas explicam as propostas de futebol que implementam e a postura nessa questão; o 'leproso' é idealista e a o 'canalla' pragmático.

Agremiação do Morumbi e treinador da seleção argentina, agora, devem cuidar do próprio futuro.

Os cartolas e os torcedores compreendendo o que motivou a ida, e o treinador ciente que muitos ficaram incomodados por ter saído.

Não há comparação

Juan Carlos Osório sempre afirmou que sairia do São Paulo se houvesse oferta de selecionado que pode chegar ao Mundial Teve que gerenciar montes de problemas criados pela gestão de Aidar

Houve empresário entrando nos treinamentos, a mensagem nada cordial por SMS, além de promessas não cumpridas de contratações e permanências de atletas no elenco.

Edgardo Bauza não teve que administrar nada disso. Sabia, quando contratado, que a herança de crise financeira dificultaria a chegada dos reforços.

Tinha ideia que o elenco seria limitado na questão técnica.

A direção conseguiu alguns jogadores que o treinador pretendia, fez o possível para atender mais solicitações, e pelo que sei houve respeito, de ambos os lados, no dia-a-dia dentro do CT da Barra Funda.

A contratação de Buffarini mostra. A avaliação do departamento de futebol é que o elenco necessita de centroavante, mas como o técnico pediu muito o versátil atleta, houve o esforço e o investimento para a chegada do atualmente lateral.

Deveria insistir com os rosarinos 

O inexperiente 'Chacho' Coudet seria a aposta mais inteligente para substituir Bauza.  O time pode caminhar à frente com a alteração.  No Central mostrou a competência para agregar virtudes à proposta coletiva de futebol implementada pelo colega.

Se conhecem, são ídolos na agremiação, e creio que o mais rodado cooperaria para abreviar a adaptação de quem recentemente iniciou como treinador.

Para quem não sabe, o atual técnico da agremiação 'santafesina' atuou meio de campo, principalmente na direita, e foi conhecido pela raça, liderança e conquistas de torneios.

A noção de como atuam os compatriotas facilita a escolha do melhor time possível com o atual elenco do Morumbi.

A contratação

O link abaixo é do post da semana anterior, quando Bauza se transformou no favorito.

Tem, na ordem, os treinadores da AFA quis, os entraves para os acertos, e mostra que o escolhido era apenas o nome de número cinco.

http://blogdobirner.blogosfera.uol.com.br/2016/07/27/jornal-hermano-afirma-que-bauza-agora-e-o-favorito-para-treinar-a-selecao/

 


Prass e Renato Augusto têm perfil de capitães; Neymar nunca mostrou isso
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De Vitor Birner

Eis a questão

Liderança natural, comportamento  construtivo, experiência, equilíbrio ao raciocinar nos momentos mais tensos dos jogos e assim tomar decisões em segundos dentro dos gramados.

Neymar nunca mostrou tais virtudes essenciais ao capitão de qualquer grande seleção ou agremiação. Na Copa América do Chile, por exemplo,  entrou na catimba venezuelana e recebeu o cartão que o excluiu do jogo e gerou suspensão por 3 jogos,

Reclama além do necessário, melhorou a quantidade dos mergulhos na área que ficou menor,  mas ainda abusa pouco das simulações que muitos torcedores e colegas reclamam pênalti e no restante do planeta são avaliados como normais.  Tal qual os competentes 'Gabrieis' de Santos e Palmeiras, foi criado na cultura distorcida de futebol influenciada por outra maior, a do politicamente correto que pauta as convicções conservadoras e na prática impossibilita o aumento da urgente harmonia coletiva.

As referências para alguém ganhar a tarja de capitão deveriam ser consideradas pelo treinador.

O craque e o líder

Tecnicamente Neymar é acima da média, pode ser colocado no grupo dos atletas mais habilidosos do planeta. Quem tem esses requisitos será o líder técnico, que não necessariamente ganha a honraria por méritos além do exercício elogiável dos fundamentos do futebol.

Didi foi o melhor em 58 e o zagueiro Bellini, provavelmente o menos habilidoso do time, ergueu a taça na imagem que imortalizou a conquista.    ,

Tinha a palavra mais respeitada por Djalma Santos, Zito , Orlando , Pelé, Nilton Santos,  Didi, Garrincha, Vavá e Zagalo que atuaram contra a Suécia na na final.

Em 62 , o ponta das pernas tortas foi o líder técnico e Mauro Ramos o capitão. Em 7o havia muitos craques e Carlos Alberto foi o escolhido.  Dunga, não o Romário, foi o do tetra e ninguém no elenco questiona a importância do volante.

No penta, nem Rivaldo e nem Ronaldo ou São Marcos foram a opção do técnico. Preferiu Cafu e os colegas geniais, decisivos na conquista, apoiaram.

Lógica indica os com maior rodagem

Fernando Prass, pela postura no Alviverde, tende a exercer mais liderança que Neymar. Há treinadores que preferem atletas de linha para a função.

Talvez, por isso, tenha sido preterido pelo técnico.

Renato Augusto deveria ser cogitado.  Compõe com alguns poucos colegas o pequeno grupo de jogadores nascidos no país e inteligentes na parte tática, virtude para a qual é indispensável, acima de tudo, raciocinar durante os jogos,

Creio que iniciará os jogos do torneio.

Os convocados acima dos 23 anos foram chamados para isso. Se perderem a posição por incompetência, o equívoco será, principalmente, do treinador.

O tempo e a sabedoria

Rodagem e experiência são os temas do post.  Neymar pode adquirir ambas.

O que faz com os acertos e equívocos, quais as conclusões do ser humano nesses momentos, são as respostas do atleta para mostrar que tem ou adquirir o que necessita para ser o capitão do único favorito ao ouro.

O assunto essencial, acho que ficou óbvio, é maturidade antes da qualidade. Em meio à enxurrada de grana e fama não é simples gerir a grandeza do futebol.

As pancadas deixam calos que podem fortalecer os sábios.

O próprio jogador do Barcelona, após prejudicar a seleção na última Copa América que participou e de recentemente fazer declarações agressivas contra os torcedores, seguidas por mais uma na qual afirmou ''me excedi'', talvez tenha compreendido melhor como funciona o esporte, e por isso consiga cumprir a missão de ser líder na campanha do medíocre torneio.


Jornal ‘hermano’ afirma que Bauza agora é o favorito para treinar a seleção
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De Vitor Birner

Andaluzes não aceitaram

Jorge Sampaoli aceitou, a Comitê Regulador que gere o futebol 'hermano' se empolgou, mas o Sevilla não quis dividir o serviço do treinador com a seleção.

A rescisão custaria 6 milhões de euros, a crise política e financeira da AFA impede o pagamento de tal monta, e se queimaria no mercado europeu caso saísse da agremiação.

Joaquín Correa, Franco Vázquez e Kranevitter foram incorporados ao elenco, Luciano Vietto pode chegar, todos argentinos e pedidos pelo técnico .

Além de Paulo Henrique Ganso.

A elogiável maluquice do louco 

Marcelo Bielsa, após falar por telefone duas vezes com Armando Pérez, que encabeça as negociações para a escolha do substituto de Tata Martino, sequer topou a reunião com o dirigente, para quem alegou não ter interesse no cargo diante do contexto atual do futebol no país.

Se referiu aos problemas diretivos. Optou pelo posicionamento mais construtivo em detrimento ao patriotismo piegas, que coloca os resultados dentro do gramado acima da ética diretiva, apesar de a última na prática gerar em médio prazo melhores números que os da tática pão e circo.

A opinião sobre a recusa de 'El Loco' é deste blogueiro, mas as informações foram publicadas ontem a noite no sitio do La Nacion, jornal da nação de Diego Maradona, Enrique Dussel, Mercedes Sosa e Edgardo Bauza.

No topo da lista dos candidatos 

A matéria afirma que, como Simeone não cogita sair do Atlético e Pochetino do Tottenham, e houve os descartes de Sampaoli e Bielsa, o treinador do São Paulo se transformou em favorito para assumir o cargo.

Miguel Angel Russo, desempregado, foi o outro que se reuniu pessoalmente com Pérez. Faz lobby para ganhar a concorrência ao dizer que aceita na comissão técnica alguns auxiliares e o preparador físico que integraram a de Alejandro Sabella. Sabe que assim quer o dirigente.

O La Nacion afirma que apenas se ''subirem as ações''  das zebras como Marcelo Gallardo, Eduardo Coudet o Matías Almeyda, o panorama atual será alterado.

Encerra com as reclamações de Ricardo Caruso Lombardi, 'pincha' de coração, que em todas as entrevistas cita que merecia ser lembrado para o cargo.

'Para ontem'

Seja qual for a escolha, será rápida, pois o cartola encampa a missão desde a última quinta-feira, e prometeu que demoraria de uma semana a dez dias (amanhã a domingo) para contratar o treinador.

A lista de convocados para os importantes jogos das eliminatórias contra o Uruguai em Mendoza, e diante da Venezuela em Mérida, será divulgada em 14 de agosto. O responsável pelos nomes dos chamados necessita o quanto antes priorizar isso.


Nem Gabriel Jesus, nem o Fernando Prass; Moisés foi a ausência mais sentida
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De Vitor Birner

O blablablá tradicional

O futebol ultra-conservador é uma fábrica de clichês. Por isso as explicações sobre os resultados de jogos muitas vezes são pré-estabelecidas e desprezam o que houve tecnicamente dentro do gramado.

Time ganhou porque tem jogador 'x',  o outro perdeu pela ausência ou equívoco do atleta 'y', e assim por diante em  afirmações algumas vezes embasadas no suposto raciocínio que na realidade exigiu poucas reflexão e conhecimento, pois foi  embasado em algo generalizado sobre a competência dos personagens, mesmo quando esses não interferiram tanto no resultado.

Cada qual tem própria história

O jogo dos times com os melhores elencos, consequentemente os que têm maiores condições de conquistar o torneio de pontos corridos, serve como exemplo preciso, simples e direto de como se observa pouco os desempenhos e sobram explicações vazias sobre o futebol.

Prass e Gabriel Jesus são os principais boleiros do Palmeiras. O goleiro e o artilheiro são referências técnicas, o veterano além de tudo exerce liderança, mas a direção não se opôs à convocação de ambos para a comercial, populista e inútil do ponto de vista esportivo disputa da medalha de ouro no futebol masculino.

Ambos ficaram fora do time no primeiro tropeço dentro do Allianz Parque. Mesmo assim, afirmar que foram os que mais falta fizeram é contraditório diante do que houve, na prática, no gramado.

Vagner, exigido no chute de Robinho após Vitor Hugo falhar na saída de jogo, fez a difícil intervenção e com segurança. Não tinha como impedir o gol de Leandro Donizette. Erik foi escalado como falso centroavante, se mexeu para criar as lacunas e não teve nenhuma grande oportunidade para finalizar e comemorar.

O Atlético foi melhor no meio de campo. Anulou o sistema de criação, conseguiu desacelerar o ritmo como queria, ditou o que planejara, tudo isso dentro do estádio pleno de torcedores do Alviverde.

O jogador que poderia alterar essa dinâmica no setor, na atual fase, era o Moisés.

As funções e o que faltou

Apesar de nunca ter brilhado em agremiações grandes e ser rodado (tem 28 anos), e de não ser o atleta da assistência e de fazer gols, é fundamental na saída de bola e distribuição de jogo porque faz as inversões que desmontam os sistemas de marcação.

Quando atua como volante, faz isso melhor que Thiago Santos. O time, assim, tem com Moisés e Tchê Tchê os atletas da posição que o oponente necessita ficar atento.

Marcelo Oliveira orientou o sistema de marcação do Atlético a ficar em cima do Tchê Tchê quando o Palmeiras tinha que fazer a transição ao campo de frente, o volante ficou sobrecarregado porque o colega de posição tem dificuldade nisso,  a qualidade do toque foi menor que a necessária para o time chegar no entorno da área do oponente e ditar o ritmo, e o andamento foi como queria e planejou o treinador da agremiação que ganhou.

A ausência do esquecido nas lamentações de muitos palestrinos e análises sobre o que houve no gramado foi a mais sentida pela agremiação.

Reitero: tal raciocínio tem como referência apenas esse jogo. No próximo pode ser a de outro atleta, ou de alguns , ou talvez ninguém,

E mais: o Moisés na meia, especificamente nesse momento, rende mais que o apagado Cleyton Xavier tanto na criação quanto na marcação.

Importância incomparável

Obviamente, Fernando Prass e o Gabriel Jesus são muito melhores que Moises.

Mas assim como Beletti fez gol em final da Liga dos Campeões pelo Barcelona com Ronaldinho no ápice da forma, o lateral-direito Brown conseguiu o mesmo na decisão quando a Argentina de Maradona conquistou o Mundial, tal qual Materazzi pela Itália de Totti e a Azurra ganhou o torneio, sempre é possível que o inusitado brilhe mais que os maiores iluminados com a maior qualidade de jogarem em alto nível. Isso faz parte da essência do futebol.

Fundamental: Mesmo completo, o Palmeiras poderia perder.

O Atlético é o time que tem o elenco com maior quantidade de jogadores talentosos.

Leonardo Silva, Rafael Carioca, Robinho, Pratto, Fred, Luan e Cazares, apenas para citar os mais óbvios, esquentariam o banco no Alviverde apenas por opção tática do treinador, pois se dependessem da técnica ocupariam as respectivas funções de quem hoje atua no campeão da Copa do Brasil e líder do torneio de pontos corridos.

Por outro lado

Gabriel Jesus é o melhor jogador da posição, nesse momento, em atividade dentro do país. Fernando Prass merece elogios iguais embaixo das traves.

As ausências de ambos tendem a ter maior impacto que a de Moisés, se realmente o desempenho do Alviverde piorar durante a Olimpíada.  Para avaliar isso é necessário lembrar quais as opções que o treinador tem de reposição dos que saíram.

Erik, Lucas Barrios e Alecsandro, de características distintas, são as do centroavante.

Vágner é a do goleiro.

No meio de campo, em tese, não há o meia que consiga atuar como volante tal qual Moisés faz. Deve ficar disponível para enfrentar o Botafogo na próxima segunda-feira, no jogo que fecha a rodada e o Alviverde será considerado favorito para ganhar.


Proposta de Marcelo Oliveira se impôs contra a do Cuca; Galo mereceu ganhar
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De Vitor Birner

Palmeiras 0x1 Atlético 

O Alviverde tenta impor grande velocidade no início dos jogos, em especial quando atua no Alliaz Parque.

Marcelo Oliveira, vaiado pelos torcedores, sabia disso e orientou o Atlético a tocar a bola no meio de campo.

Queria diminuir o ritmo, tornar o andamento mais moroso, impedir o oponente ficar no campo de frente e no entorno área, além de tentar o contra-ataque para conseguir o gol e ganhar.

Houve o duelo de estratégias antagônicas e dos melhores elencos do torneio.

O resultado mostra, na medida exata, qual proposta prevaleceu. A agremiação que almeja a liderança mereceu o resultado positivo.

Sobre os times

Cuca escalou Vagner na função de Fernando Prass e Erik na de Gabriel Jesus. Queria manter a mobilidade e a velocidade do sistema de criação.

Lucas Barrios e Alecsandro, por isso, iniciaram na reserva. Poderiam agregar força nos cruzamentos e fazer melhor o pivô, o que permitiria a quem atuou na meia tentar as tabelas com o centroavante trombando que jogaria de costas para os zagueiros.

Roger Guedes na direita, Dudu do outro lado e Cleiton Xavier, no meio, formaram o trio que atuou atrás do 'falso' centroavante.

O volante Tchê Tchê apoiou mais que o colega de posição Thiago Santos.

Os laterais Jean e Zé Roberto avançaram. O time tentou a marcação adiantada para impedir o Atlético de fazer a transição. Se mantivesse a bola no campo de frente, o Alviverde provavelmente conseguiria impor o ritmo que pretendia para facilitar a conquista do resultado positivo.

Em nenhum momento obteve êxito. Marcelo Oliveira posicionou Rafael Carioca e Leandro Donizette, os volantes, e Lucas Candido na mesma função.

Todos priorizaram o sistema de marcação. Quando o time não tinha a bola, Maicosuel, na direita, recuou para formar o quarteto no meio de campo.

Robinho fez o mesmo, mas apenas até a linha que divide o gramado.

Fred foi o centroavante.

Andamento que Marcelo Oliveira planejou

Em nenhum momento o Alviverde fez o ritmo de jogo ficar como Cuca idealizou. O Atlético ultrapassou o bloqueio feito pelos meias e atacantes do oponente e ficou com a bola no meio de campo.

Com os jogadores posicionados tal qual necessário, próximos uns dos outros, incluindo os laterais Carlos César e Fábio Santos, pois eram necessárias opções pelos lados para o time criar lacunas no sistema de marcação palmeirense, não teve nenhuma pressa para fazer o gol.

Demorou para finalizar. Conseguiu fazer isso com Robinho, após o zagueiro Vitor Hugo se equivocar no toque, e Vagner fez difícil intervenção.

Mesmo criando poucas oportunidades o Atlético manteve o jogo como queria.

O Palmeiras não conseguiu entrar na área para finalizar. Quando Cuca optou por jogadores rápidos e mais baixos, imaginou que seriam capazes de tabelar, ficarem na frente do goleiro para finalizar e terem grandes momentos para comemorar.

A agremiação de Marcelo Oliveira, com a frieza de quem possui jogadores experientes, cometeu poucos equívocos de marcação.

Manteve a proposta de futebol feita pelo treinador.  Teve inteligência para criar a oportunidade, foi racional, aguardou a brecha como se soubesse que conseguiria ao menos uma grande e isso bastaria para fazer o gol e ganhar. A prioridade era impedir o Palmeiras de ditar o ritmo e trazer a torcida para 'dentro' do gramado.

Nisso, a atuação da agremiação de Marcelo Oliveira foi irretocável.

Impacto das mexidas e o gol

Thiago Santos se machucou. Matheus Salles entrou para exercer função igual do jogador de meio de campo que priorizou a parte defensiva e menos participou da criação.

No mesmo minuto da alteração, o Atlético, após elogiável lance no qual a bola foi tocada por Fábio Santos, Fred e Robinho, ficou em frente ao Vagner e Leandro Donizete comemorou.

O golaço reforçou a proposta do time e fez Cuca alterar a que implementou. O palmeirense colocou Lucas Barrios, tirou Cleiton Xavier que pouco fez, recuou Erik para aumentar a velocidade do trio e ter o centroavante na área capaz de fazer o pivô e aproveitar os cruzamentos.

A mexida não alterou absolutamente nada o andamento do jogo.  O treinador observou isso, em seguida pôs Alecsandro, o Erik saiu,. Obviamente, o Alviverde após isso insistiu mais nos cruzamentos.

No Atlético, Marcelo Oliveira reforçou o contra-ataque ao trocar Maicosuel por Luan. O atleta que ficou ausente durante meses porque se machucou é o principal do elenco, além de ser fundamental para melhorar a a dinâmica coletiva.

Depois, com Lucas Pratto entrando na vaga de Fred aumentou a velocidade na frente e ganhou jogadores que participam mais do sistema de marcação. Ambas as mexidas, assim como a leitura de jogo do técnico, foram precisas.

Leandro Donizete se cansou e Yago foi ao gramado para manter pegada no meio de campo.

Em nenhum momento o Alviverde conseguiu ditar o ritmo do jogo.

Tentou no tradicional abafa o gol de empate, mas teve muita dificuldade para ganhar as disputas nos cruzamentos.

O Atlético foi competente nisso e noutros aspectos que geraram o placar que explica o que ambas as agremiações mostraram no gramado do Allianz Parque

Dessa vez ninguém irá reclamar

O resultado foi consequência apenas dos equívocos e acertos de quem foi ao gramado para chutar e cabecear. Creio que não houve torcidas indignadas com quem impôs as regras do jogo.

Ficha do jogo

Palmeiras – Vagner; Jean, Edu Dracena, Vitor Hugo e Zé Roberto; Thiago Santos (Matheus Sales) e Tchê Tchê; Róger Guedes, Cleiton Xavier (Lucas Barrios) e Dudu; Erik (Alecsandro)
Técnico: Cuca

Atlético – Victor; Carlos César, Leonardo Silva, Erazo e Fábio Santos; Leandro Donizete (Yago), Rafael Carioca e Lucas Cândido; Maicosuel (Luan), Fred (Lucas Pratto) e Robinho.
Técnico: Marcelo Oliveira

Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães (RJ) Assistentes: Dibert Pedrosa Moisés e Luiz Claudio Regazone


Palmeiras quer Gabriel Jesus na próxima Libertadores
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birner

De Vitor Birner

'Favorite' no momento

Barcelona, Madrid, City, Bayern e Inter de Milão falaram com Alexandre Mattos sobre o interesse no atleta do Alviverde.

Nenhum, até o início da tarde dessa quinta-feira,  tinha enviado proposta.

De acordo com quem sabe os detalhes das negociações, os ingleses, hoje, se mantêm à frente na concorrência pelo jogador.

Isso não significa muito.

Há algumas semanas, os catalães eram os líderes na  pseudo-corrida pelo Gabriel Jesus.

O andamento das negociações tem alterações de acordo com o diálogo entre os dirigentes daqui e os da agremiação na Europa. Além disso é fundamental que haja algo concreto, no papel e oficial, para a negociação de fato caminhar para a conclusão.

Dentro do Palmeiras não há a menos pressa. O diretor-executivo do futebol foi ao continente mais rico, se reuniu com alguns cartolas, trocou ideias com todos os outros que ficou impossibilitado de encontrar pessoalmente, e argumentou que o ideal, se houver o acerto para troca de clube, é o jogador ao menos encerrar a temporada no Allianz Parque.

Como a possibilidade de o time se classificar à Libertadores é grande, os cartolas pretendem que permaneça para o torneio continental.

Nenhum dos dirigentes gringos afirmou que exigirá a saída imediata do promissor atleta revelado nas categorias de base do clube.

Alviverde tentará aumentar a permanência

Quem gere o Palmeiras tem obrigação de pensar, agora, como ter o elenco mais forte possível na Libertadores. Não pode aguardar a classificação para iniciar as negociações com os reforços.

A permanência do artilheiro. diante do tamanho e potencial econômico dos times que cogitam fazer oferta, seria como uma grande contratação para a disputa do torneio.

Não há nenhuma arrogância porque os dirigentes creem na classificação. Ao contrário; isso é planejamento.

Seriam incompetentes se aguardassem o encerramento do torneio de pontos corridos, e apenas depois fizessem avaliações, escolhas e o que for necessário para formação de elenco ainda melhor. Montaram grupo de jogadores com quantidade e qualidade elogiáveis dentro dos padrões de nosso futebol, o time lidera e qualquer avaliação embasada nas questões técnicas, capacidade do treinador e força política nos bastidores sugere que no mínimo se classificará à Libertadores.

Os jogos durante a temporada irão apurar a impressão dos cartolas sobre a competência dos funcionários, mas é improvável que o desempenho de Gabriel Jesus não seja observado como positivo.


Diego não tinha mercado onde queria, mas deve agregar qualidade ao Flamengo
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birner

De Vitor Birner

O raciocínio capitalista

Atualmente, notícias sobre as contratações rendem mais audiência que as de conquistas de torneios.

Na sociedade em que adquirir e ter é mais importante que desfrutar, curtir, a contradição é plenamente lógica.

Há quem em algum momento se esqueceu que a agremiação busca atletas para ficar mais fortes e conseguir resultados melhores dentro dos gramado, não para ter o personagem no time. É como o profissional de qualquer área que necessita dinheiro para gastar e ter conforto, e não com intuito de acumular e ficar observando o saldo na conta bancária aumentar.

O meio não deve ser o fim e nem o fim ser o meio.

O constante estímulo para adquirir e ter,  após conseguir o de escolher outra meta material, e repetir durante a existência criando o ciclo infindável que impede a felicidade, essa é estado de espírito que se encontra no desfrutar, contaminou o futebol.

Então, nas janelas de transferências, o inconsciente coletivo sempre quer mais jogadores, principalmente os de nome e com grife.

O novo reforço do Flamengo

Diego se enquadra nesse perfil. Despontou como craque e não confirmou isso na Europa.

No Werder Bremen e no Wolfsburg brilhou, teve momentos elogiáveis na primeira vez que atuou pelo Atlético de Madri, e chega ao Flamengo porque no Fenerbahce não reeditou o melhor futebol. Por isso fechou o mercado em ligas grandes e medianas do continente rico.

A escolha pela agremiação da Gávea foi embasada em questões esportivas e financeiras. É profissional, nunca torceu pelo Rubro-Negro, e quis atuar onde ganhará o melhor salário possível e avalia ter condições de se preparar para elevar o padrão dentro dos gramados.

Isso pode fazer Diego feliz.

Insatisfação com o desempenho do meia

A torcida do Fenerbahce, das mais fanáticas no planeta, que tem Lugano como ídolo e em Alex o 'semi-deus' do futebol, não gostou do rendimento do jogador.

Os flamenguistas, se o atleta mantiver o nível técnico. terão igual opinião.

Nos 34 jogos do torneio de pontos corridos na Turquia, Diego ficou disponível em 30 para ser escalado. Iniciou em 19  e foi substituído 9 vezes.  Noutros 11 o treinador o deixou na reserva e apenas em 2 desses não o colocou no gramado.

Foram muitas as oportunidades e pouco o que o jogador fez.

Nessas 28 atuações conseguiu dois gols, cinco assistências, o time foi vice-campeão, e o Besiktas comemorou a conquista do torneio.

Atuou em ambos os jogos contra o Shakthar Donetsk na Liga dos Campeões, que valiam a classificação para a fase de grupos, como meia atacante num e  ala na esquerda em outro.

O time foi eliminado após o empate por 0x0 e o tropeço por 0x3 diante de Marlos, Taison e Fred. que jogaram pela agremiação classificada para a chave de PSG, Real Madrid e Malmo da Suécia.

Nenhum desses que seguiram no torneio gerariam tanta mídia quanto o escolhido pela direção do Flamengo para investir milhões e ser a referência no meio de campo.

Nos demais torneios o desempenho foi similar.

Em oito apresentações na Liga Europa não fez gol ou assistência e recebeu suspensão de três jogos após a expulsão contra o Celtic de Glasgow; Na Copa do Turquia consegui o gol e fez número igual de assistência em 7 jogos.

Como não teve desempenho considerado elogiável pela comissão técnica, foi mantido no banco durante a final contra o Galatassaray e terminou como vice no torneio.

O clube decidiu, após avaliar como fraco o rendimento do atleta nessa temporada e no máximo achar mediano o da anterior, rescindir o contrato para facilitar que fosse embora.

Não tinha convencido, antes, quando foi emprestado pelo Wolfsburg ao Atlético de Madri de Simeone, onde não se firmou entre os principais atletas.

Os alemães não queriam mais o meia. Por isso, assim que o vice na Liga dos Campeões não quis investir no meia, , arrumaram a agremiação que facilitou a saída para a Gávea.

A última temporada elogiável do atleta foi em 2012, no Wolfsburg, onde marcou 10 gols e fez meia dúzia de assistências em 32 jogos.

Em clubes de porte mediano conseguiu brilhar

Após jogar em alto nível no clube da Vila Belmiro, o Porto decidiu contratar o meia. Ficou 3 temporadas na cidade ao norte do país e não se firmou como grande jogador.  Em 2006 os portugueses negociaram o meia por 6 milhões euros ao Werder Bremen.

Na Bundesliga conseguiu os melhores desempenhos da carreira no futebol do continente. Em 2009, a Juventus investiu quase 25 milhões de Euros para ter Diego no elenco.

O negociou após um ano ao Wolfsburg por 15 milhões (60% do valor que pagou) de euros. De novo na Bundesliga o jogador conseguiu números elogiáveis, mas foi emprestado duas vezes ao Atlético de Madri, onde ganhou a Liga Europa, na outra como reserva o torneio nacional, e não se firmou.

Investimento e futebol

Diego teve declínio técnico e mesmo assim deve agregar qualidade ao Flamengo, pois a referência para avaliar como pode contribuir é o padrão dos concorrentes em nosso futebol.

A questão é quanto a direção do clube investiu. Os dirigentes do país supervalorizam tais jogadores porque creem haver concorrência externa quando no máximo há, se considerarmos em quais nações aceitam morar, a de quem se comunica em português na América do Sul.

Parte dos cartolas nas agremiações daqui é como o das nações árabes, apesar de os estádios dos sheiks ficarem vazios e os petrodólares nas mãos de poucos sustentarem os times, nos critérios de escolha e gasto em veteranos reforços para os elencos

Mais qualidade que a maioria

Duvido que o Flamengo fez o necessário antes de trazer o meia. O ideal seria qualquer funcionário competente assistir aos jogos do time em que atuou.

Os números nas duas últimas temporadas obviamente não recomendam o investimento. Nem assim creio que a agremiação contratou jogador comum. Era acima da média, o padrão de qualidade caiu, mas as virtudes na criação e finalizações devem continuar maiores que as dos atletas que exercem a mesma função noutras agremiações.

Observar, aplaudir

Ser recebido com festa na agremiação onde nunca atuou, após fechar portas nos principais mercados, deve ser algo incrível para qualquer jogador. É como se o mundo girasse para trás e o futebol de outrora renascesse nos pés de quem foi cobiçado pelas agremiações mais ricas do planeta.

A torcida deve apoiar qualquer atleta e observar se, quando entra no gramado, há a reciprocidade que se chama empenho.

 


Corinthians tinha obrigação de jogar melhor que o São Paulo; não conseguiu
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birner

De Vitor Birner

Corinthians 1×1 São Paulo

Desde quando souberam que após a semifinal da Libertadores o time de Bauza teria que ir à Itaquera, muitos analistas e torcedores, de ambos os lados, tiveram plena convicção que o Alvinegro ganharia o jogo.

Antes do futebol

O Alvinegro teve o necessário para chegar ao clássico em condições muito melhores que as do oponente. Tudo favorecia para  ganhar.

Atuou sábado retrasado e apenas treinou depois.  Nesses dias em que o Corinthians fez os ajustes e podia melhorar a condição física do elenco, o São Paulo entrou duas vezes no gramado, domingo com monte de reservas diante da Ponte Preta, e quarta-feira na Libertadores.

Ambos os jogos do time de Bauza foram longe do Morumbi;  o de Medelim, onde mostrou elogiável empenho, exigiu horas de avião e plena concentração do elenco.

O mesmo tinha ocorrido na outra semana em que o Alvinegro treinou enquanto houve a semifinal no Morumbi,

Havia mais pontos favoráveis:  o clássico em Itaquera, diante da torcida do Corinthians, onde o gramado é escorregadio, a bola fica mais veloz e a agremiação campeã nacional mostra força para conseguir resultados positivos, e o São Paulo ainda tentando digerir os equívocos na imposição das regras, que muitos avaliam como fundamentais na eliminação Libertadores.

Tinha que oferecer muito mais

Ambos os treinadores optaram pelo 4-2-3-1. O do Corinthians montou o trio de criação com Romero na direita, Marquinhos Gabriel do outro lado e Giovanni Augusto no meio.

Orientou que se mexessem para tentar confundir a marcação, assim como fez com Danilo, o falso centroavante que pouco permaneceu na área.

O veterano se deslocou, em especial ao setor do lateral Bruno, pois queria fortalecer a criação e abrir as lacunas na área, onde Rodriguinho e Bruno Henrique deveriam ir e conseguir as finalizações.

Tite implementava estratégia similar, mas com algumas poucas opções distintas na formação. Provavelmente, se ainda fosse técnico da agremiação, faria igual, testaria o veterano após oferecer oportunidades a outros jogadores e nenhum mostrar o futebol necessário.

A estratégia foi ineficaz. Apenas quando o time acertou a marcação adiantada e impediu o oponente de fazer a transição à frente e ditou o ritmo tal qual o treinador queria.

O elenco que mostrou mais empenho

Edgardo Bauza, além de todos os entraves para montar time competitivo, tem que fazer ajustes na dinâmica de jogo. Ganso foi negociado e no elenco não há atleta com as características do meia.

Os centroavantes, quarta-feira,  que podia colocar em campo eram Calleri e Alan Kardec.

No clássico tinha as opções de Ytalo e Gilberto, outro abaixo da condição física necessária, que chegou faz dois ou três dias ao CT da Barra Funda, ambos tecnicamente piores  que os antecessores da função.

Havia tendência de queda na qualidade do futebol do time que nesse mês foi eliminado da Libertadores.

Quase todos os aspectos que entram no gramado durante jogos grandes, o físico, o tático, a técnica individual e o mental, favoreciam ao ganhador da última edição do torneio de pontos corridos.

O andamento, desde o início do clássico, contrariou a lógica de preparação dos times,.

Competitivos, raçudos, atentos às necessidades coletivas, os jogadores do São Paulo conseguiram mais momentos de igualdade e de pequena superioridade, do que necessitaram gerir os de imposição do atual campeão.

O jogador que mais brilhou

Cueva foi o melhor no clássico, apesar da falta de entendimento com Ytalo.

O centroavante, isolado na frente, pouco fez.

No lance do gol, o meia driblou o oponente, entrou na área, foi chutado por Iago e finalizou o pênalti com precisão.

Durante o jogo atuou como principal referência na criação.

Foi escolhido para atuar no meio do trio no 4-2-3-1 [o esquema flutua para o 4-4-1-1 quando o time marca atrás da linha que divide o gramado] com Centurion à direita e Michel Bastos do outro lado. Manteve desde o início padrão elogiável. Mostrou personalidade,  liderança, e se mantiver isso agregará ao time qualidade técnica e força coletiva.

Melhor momento no jogo

O gol do empate aconteceu após Mena se equivocar ao fazer a intervenção. O problema foi a leitura do lance, pois executou o fundamento como imaginou.  O rebote de Rodrigo Caio foi na medida para Bruno Henrique.

O volante, perspicaz ao notar Denis deitado no gramado, cabeceou e comemorou.

O time, embalado pela igualdade na única vez que conseguira finalizar, após não ter quase nenhum volume de jogo ofensivo, empurrou o oponente para trás.

Com o sistema de marcação mais adiantado aumentou a intensidade e tocou a bola no campo de frente.

Muitos torcedores, talvez de ambas as agremiações, cogitaram que era indício de outro resultado positivo do Alvinegro. Marquinhos Gabriel, o melhor do trio de criação corintiano no jogo, criou a única grande oportunidade. Rodriguinho finalizou e Denis fez a intervenção mais difícil do clássico.

Depois o São Paulo acertou a transição, encerrou a empolgação corintiana, e ninguém conseguiu finalizar.

Uma para cada

Os treinadores orientaram os times durante o descanso, mas não fizeram alterações.

Hudson, no início, ficou em frente ao Cássio. Preciso, o remanescente das maiores conquistas na agremiação não fez o pênalti e impediu o gol.

Em seguida, o Corinthians conseguiu triangulação na direita, houve o cruzamento, o sistema de marcação de Bauza se equivocou e Romero cabeceou dentro da área com ambos os pés no gramado.

Denis aos 10 minutos fez a intervenção na última oportunidade do oponente ganhar.

Treinador insatisfeito com o meio

O Alvinegro sempre forçou os lances pelos lados. Romero poderia ganhar a disputa contra Mena porque tem mais condição física.

Fagner apoiou, Giovanni Augusto se aproximou para as triangulações. do lado de Marquinhos Gabriel e Uendel a dinâmica foi similar.

Cruzamentos e assistências equivocadas, e a dificuldade para os volantes entrarem na área em condições de finalizar, tornaram pobre o sistema de criação.  Cristóvão Borges preferiu manter quem atuou do lado.

A insatisfação do técnico com quem jogou mais ao centro ficou óbvia nas alterações.

Quis otimizar essa chegada na área com Elias na vaga de Rodriguinho, e a criação com Guilherme na de Giovanni Augusto. Ambas foram ineficazes. Nenhuma funcionou. O São Paulo melhorou.

Mesmo cansado

Na Libertadores, a agremiação de Bauza, porque não tem plena condição física, teve rendimento pior que a própria média quando restava cerca de meia hora para o encerramento dos jogos na semifinal.

O Alvinegro, imagino, observou isso e fez o planejamento para ganhar em Itaquera.

Treinador da agremiação do Morumbi, por questão técnica, aos 25 pôs o estreante Gilberto como centroavante e deslocou Ytalo para função de Centurión. Em seguida trocou o extenuado Michel Bastos por Luiz Araujo.

O Corinthians insistiria nos lances pelos lados e era necessário ter jogadores inteiros para fazerem tanto a parede diante dos laterais quanto chegarem na frente.

Cueva atuaria diante do Mena, mas Ytalo se machucou e o técnico o substituiu por Wesley. O volante se posicionou no trio de criação, Luiz Araújo foi para direita e o gringo ficou no meio.

Ineficaz

Cristóvão Borges optou por Rildo e tirou Marquinhos Gabriel do gramado. Poderia, no contra-ataque, conseguir o gol.

O time continuou igual.  Insistiu mais nos lances pela direita, mas o substituto entrou para atuar do outro lado.

O São Paulo ficou com a bola no entorno da área do Alvinegro. Teve duas grandes oportunidades, ambas com o Wesley, e o sistema de marcação impediu as finalizações.

Ruído explica

A vaia que a torcida  – quebrou o recorde do comparecimento na Arena – entoou na arquibancada, após o encerramento do clássico,  mostrou como foi o desempenho do Alvinegro no gramado.

O São Paulo, apesar de tantos entraves antes do clássico, jogou pouco melhor.

Resultado foi inquestionável

Péricles Bassol, o escolhido para impor as regras do jogo, marcou faltas tolas e mostrou mais cartões que o necessário. Cueva colocou as mãos nos ouvidos ao comemorar e foi amarelado.

A determinação foi de quem fez a escala e inventa modismos pífios para resolver os problemas no gramado, mas na prática não melhora quase nada e espanca a alma do jogo. Emoção e espontaneidade são essenciais no futebol.

As orientações, ao menos dessa vez, não estragaram o que houve no gramado. O resultado foi gerado apenas pelos equívocos e acertos dos atletas e treinadores.

Ficha do jogo

Corinthians – Cássio; Fágner, Yago, Balbuena e Uendel; Bruno Henrique e Rodriguinho (Elias); Romero, Giovanni Augusto (Guilherme) e Marquinhos Gabriel (Rildo); Danilo
Técnico: Cristóvão Borges

São Paulo – Denis; Bruno, Maicon, Rodrigo Caio e Mena; Hudson e Thiago Mendes; Centurión (Gilberto), Cueva e Michel Bastos (Luiz Araújo); Ytalo (Wesley)
Técnico: Edgardo Bauza

Árbitro: Péricles Bassols (FIFA-PE) – Auxiliares: Alessandro A Rocha de Matos (Fifa-BA) e Guilherme Dias Camilo (Fifa-MG)