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Mundial medíocre dentro do gramado; sequer consigo elogiar quem ganhou

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De Vitor Birner

O torneio que deveria ter a elite do futebol, inclusive na arbitragem, é embasado em questões econômicas, políticas e geográficas.

A qualidade, por isso, de novo foi medíocre nessa edição.

Apenas para comparar

Imagine se  a distribuição de vagas do Mundial de seleções tivesse proporção idêntica ao de Clubes.

São 32 nações no torneio quadrienal e nenhuma da Oceania garante, dentro do continente, classificação à fase de grupos.

Se houvesse mais países para apoiarem candidato de situação na Fifa nas eleições e outras empreitadas,  e empresas dispostos a investirem em patrocínios, provavelmente o ganhador da eliminatória da Oceania seria dispensado da repescagem, tal qual acontece com todos os mais bem colocados noutras confederações.

Teria o direito mesmo com o atual padrão de qualidade nos gramados.

Critérios garantem padrão de qualidade

O Auckland City é uma agremiação semiprofissional. Tem que treinar de noite porque parte do elenco é formado por gente que labuta noutras atividades e sonha em sobreviver do futebol.

Mesmo assim, participou de oito edições do Mundial no atual formato. Foi o clube que mais vezes jogou o torneio.

O Barcelona, por exemplo, atuou em quatro edições e o Madrid, com'seu' apito pesado, metade das vezes dos catalães.

É óbvio que a entidade organizadora desdenhou da qualidade nos gramados ao fazer a distribuição de vagas.

Poderia indicar o ganhador da Oceania, se topasse agregar mais clubes de continentes tradicionais e fortes no esporte.

Edição das mais fracas do torneio

As questões econômicas garantem, se nenhuma zebra acontecer na Liga dos Campeões, o constante e enorme favoritismo ao representante da Europa. A facilidade para tirarem jogadores de outros continentes é similar a que tiveram quando saquearam e exploraram as populações dessas mesmas regiões enquanto colonizadores.

Hoje têm que gastar o dinheiro ganho às custas da pobreza, ignorância e miséria de outros povos, frutos em parte dos descasos de nações ricas e de regulamentações comerciais que facilitam a sustentação dessa ordem mundial que valoriza mais a vida do cidadão europeu que a do africano, e pagar pelas transferências de atletas.

O Madrid comemorou a conquista porque tem muito mais talento que o dos concorrentes. A sorte nas decisões de quem entra no gramado para cumprir as regras, tradicional e favorável na história do clube em torneios nacionais e europeus, completou o que era necessário para obtenção do sucesso.

As atuações do time foram no máximo medianas.

O treinador tem muito a fazer para extrair o possível do elenco. O 'Zidanebol', por enquanto, prioriza os desarmes, investe na transição em velocidade e lançamentos pelo alto do campo de trás ao de frente quando os oponentes adiantam o sistema de marcação. Tem tanta qualidade que isso pode bastar para ganhar a Liga dos Campeões.

Se contasse com,grupo de jogadores comuns, a estratégia seria compatível.  Critico porque diante do investimento para obter reforços e das possibilidades atuais disponíveis, o time tem que mostrar mais futebol.

Além disso, se o cidadão de Zâmbia que a Fifa elegeu para impor limites dentro do gramado, escolha no minimo ilógica,  optasse por respeitar a própria avaliação e excluísse Sérgio Ramos durante o jogo, teria sido grande a possibilidade de o Kashima Antlers transformar talento ,imitado e a força coletiva em resultado positivo.

O América teve estrutura de jogo superior a dos espanhóis.

É complicado achar os argumentos para elogiar a conquista da agremiação e o que mostrou nessa conquista do torneio.

A eletrônica foi 'sabotada' pela incompetência

O pênalti marcado para o Kashima Antlers em lance que ninguém no gramado observou, os japoneses inclusive, e no qual o atleta que tomou a falta estava impedido, foi a façanha inicial daquilo que deve contribuir para aumentar a credibilidade do futebol.

A Fifa, em nota, afirmou que concordou com a decisão, mas na disputa pela terceira colocação houve infração dentro da área favorável ao América, o lance foi reprisado para o planeta e nada foi marcado.

Apoiou publicamente e foi aos bastidores refazer as instruções para utilização da eletrônica. Manteve o silêncio porque foi necessário alterar os critérios dentro do torneio. O sujeito que nunca corre atrás da bola no gramado é quem impõe as regras. Os de fora auxiliam e tiram dúvidas pontuais.

O resumo é que a entidade conseguiu oferecer mais argumentos para os conservadores contrários ao que pode contribuir para o esporte.

Todas as modalidades que se dispuseram, conseguiram achar as medidas e elevaram o padrão com auxílio da eletrônica. Na mais popular do planeta a torcida sabe que houve interferências externas e proibidas de comunicação, e quando permitidas foram  mal-utilizadas. Eis o feito dos cartolas.

Ofereceram exemplo preciso para quem prefere a manutenção da subjetiva desonestidade que inclui interferências políticas, além do peso da camisa das agremiações. Quando tropeça na implementação do que as federações de distintos esportes conseguiram,  faz ode à burrice e a torna fundamental para o futebol.

O que posso elogiar

A força coletiva do Kashima Antlers, alguns lances de talento nos jogos e o empate de Atlético Nacional contra o América foram os pontos mais positivos.

É pouco para o torneio que sugere ser da elite técnica e tática do futebol.