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Pedido de impeachment do Roberto de Andrade em breve será feito

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De Vitor Birner

Tirar o presidente

O documento com as assinaturas solicitando o pedido do impeachment de Roberto de Andrade provavelmente será entregue ao Guilherme Strenger, presidente do Conselho Deliberativo, nesta terça-feira. É o que afirmaram ontem nos bastidores alguns oposicionistas e integrantes do órgão no clube.

Mesmo se demorar mais alguns dias, a tendência enorme é que em breve seja concretizado o pedido. No último mês, os autores da iniciativa recolheram a maior quantidade possível de favoráveis declarados à destituição do mandatário, pois assim a empreitada terá mais força.

De nada adiantaria o pedido feito por iniciativa isolada, apesar de o estatuto permite que qualquer integrante a tome. .

Bastava um conselheiro para o pedido ser protocolado.

Entenda como será a apreciação

Após receber o documento com assinaturas, Guilherme Strenger terá 5 dias para encaminhar o mesmo para o vice do órgão Sergio Alvarenga e mais quatro conselheiros que formam a Comissão de Ética.

Sérgio Alvarenga é o presidente da Comissão de Ética que tem Carlos Roberto Elias, José Luis Cecilio, Daniel Leon Bialski e Luiz Eduardo da Silvarecebi.

O presidente da agremiação terá dez dias para apresentar a defesa para o quinteto, que em seguida irá emitir o parecer.

O parecer não é uma decisão.

O presidente do conselho deliberativo, assim que receber o resultado da apreciação, convocará reunião extraordinária para os integrantes do órgão votarem, inclusive se quem o fez se pronunciar contra o impeachment.

Diante dos conselheiros, Sérgio Alvarenga terá meia hora, tal qual Roberto de Andrade, para apresentação dos argumentos.

Depois acontecerá a votação fechada. Se maioria dos que compareceram for favorável ao impeachment, o presidente do conselho deliberativo terá prazo de 30 a 60 dias para convocar assembléia de associados. Em suma, são os sócios que irão referendar ou negar a destituição de Roberto de Andrade.

Há quórum mínimo na chamada inicial, A reunião acontecerá seja qual for a quantidade dos conselheiros na reunião. .

Se houver impeachment, o André Luiz Oliveira, primeiro vice da diretoria, assumirá interinamente o cargo, e Guilherme Strenger convocará mais uma reunião extraordinária na qual os conselheiros irão escolher o presidente para o mandato tampão.

Se restasse menos de meio ano para o encerramento de mandato, o interino permaneceria.

O estatuto prevê a eleição de outro presidente quando o tempo restante de gestão for maior que o citado.

Os sócios irão escolher quem será o presidente em fevereiro de 2018.  A eleição do 'tampão' terá votação apenas dos conselheiros.

A gestão fraca e a política 

Se Tite fosse o treinador, o clube pagasse salários dos jogadores e parcelas da Arena Itaquera nos prazos estipulados, o elenco mantivesse a força e o time ocupasse a liderança do torneio de pontos corridos, provavelmente sequer haveria a iniciativa de tirarem o presidente.

A medida técnica gerada pela suposta falsidade ideológica que embasará a solicitação – Roberto de Andrade teria assinado, antes de ser eleito, o aditivo contratual estendendo prazo para a Odebrecht encerrar as obras na Arena em Itaquera – terá andamento político.

Será como o que houve no país. A crise econômica e o aumento do desemprego redundaram na insatisfação do povo, e o procedimento para a Dilma Roussef sair teve mais cunho político que técnico. Por isso é impossível saber qual será o rumo do procedimento no Conselho Deliberativo.

O voto fechado facilita negociações.

Deveria ser aberto. Os associados têm que saber quais serão as escolhas de todos que elegeram, mas o estatuto determina o sigilo. Isso é algo para a agremiação refletir e fazer a alteração, obviamente após essa questão ser encerrada.

Na cultura política de clubes de futebol é muito comum criarem dificuldades para negociarem facilidades, o que tende a interferir nas votações.  André Luiz Oliveira é braço direito de Andrés Sanchez e assumirá o cargo se houver o impeachment.

E Andrés Sanchez, que fez campanha para Roberto de Andrade na eleição, hoje tem  postura oficialmente distinta. Declarou na ESPN Brasil que nem apoiará a oposição ou a situação.

Muitos outros que apoiaram e tiveram cargos na atual gestão saíram.

O Rogério Mollica, então diretor de Negócios Jurídicos, foi o último. Tal qual houve na escolha para o almejado cargo de diretor do futebol, a tendência é Roberto de Andrade ter dificuldade para substituir o dirigente.

A lista de insatisfeitos que podem ser favoráveis à destituição é enorme. Tem Andrés Sanchez e o vice-presidente Jorge Kalil, apenas para citar conselheiros de peso e que foram favoráveis à gestão do atual presidente.

Duílio Monteiro Alves, Fernando Alba , Sergio Janikian, Nei Nujud e os declaradamente oposicionistas Osmar Stabile, Fran Papaiordanou e Paulo Garcia engordam o pacote dos que, em princípio, podem ser favorável ao impeachment.

Reitero; a votação fechada permite aos situacionistas trocarem de lado e sequer declararem tal escolha,

Alguma negociação interna pode alterar o panorama atual.

A tendência forte é a solicitação ser feita hoje, ou muito em breve, e referendar a fragmentação política da agremiação.