Blog do Birner

Chile campeão e Messi, esforçado, acumula outro fracasso na seleção

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De Vitor Birner 

Chile 0x0 Argentina

O melhor do mundo se empenhou muito. O time investiu nos lances com o jogador do Barcelona.

Tentou tabelas, conseguiu alguns dribles, exigiu plena concentração do sistema de marcação do Chile, criou uma grande oportunidade, e não acertou nas raras vezes que finalizou.

Inclusive o pênalti na série alternada que garantiu a conquista aos andinos. Chutou por cima da trave, como fizeram Platini, Baggio e outros craques.

Continua sendo questionado como jogador de seleção e reverenciado na agremiação coleciona troféus.

A seleção taticamente melhor ganhou a o torneio. Nos jogos eliminatórios foi consistente, teve que superar times mais fortes, e comemorou muito. Ainda bebe na fonte da força coletiva que Sampaoli construiu.

Posicionamentos dos times

Messi e Higuaín, adiantados, iniciaram a marcação na frente.

Banega, no meio, e Di María, do lado oposto ao do melhor jogador do mundo, podiam sair do meio de campo e completar a tentativa de impedir o Chile de fazer a transição com a bola no gramado.

A fortuna coletiva que Sampaoli construiu foi herdada por Pizzi, hoje treinador e outrora centroavante de Rosario Central, River Plate e Barcelona, além de outras agremiações, não foi desperdiçada.

Instruiu os jogadores a tocarem em vez de investirem em lançamentos pelo alto para os atacantes.

A proposta é óbvia. Na prática, os andinos sequer têm atleta com técnica e característica para disputar por cima, trombar com zagueiros e volantes, e ganhar tais lances.

Os 'hermanos', ao contrário, não fizeram questão de sair de trás com a bola no gramado.

Tata Martino sabia que o sistema de marcação chileno atuaria adiantado. Não queria tomar gol por isso, a seleção não conquista torneios faz de duas décadas, ficará ao menso 25 anos de jejum, e provavelmente achou que ficar atrás no resultado poderia comprometer a qualidade do futebol.

Orientou os jogadores a fazerem lançamentos  diretamente para o centroavante do Napoli, que é forte e poderia ganhar dos zagueiros.

Fundamentais para ambos os times

Os sistemas de marcação foram melhores que os de criação. Não apenas dificultaram a criação das oportunidades.

O dos 'hermanos' conseguiu, ao retomar a bola na frente, o melhor momento para fazer o gol.

Medel se equivocou, era o último jogador, Higuáin ficou com a bola e tocou por cima de Bravo. A finalização foi para fora enquanto o zagueiro que 'ofereceu' o gol corria para impedir de acontecer.

Se chocou com força contra a trave.

Higuaín havia desperdiçado oportunidade na final da Copa. Será questionado, apesar da temporada brilhante. Quebrou o recorde de artilharia,  vigente desde 50 no torneio italiano, e foi fundamental para a agremiação se classificar à Liga dos Campeões.

Noutro equívoco de transição à frente, Diáz havia feito a infração e tomado o amarelo.

Padrão nacional no torneio da Conmebol

Héber Roberto Lopes, após o choque de Messi, que tentou driblar o Díaz, mostrou amarelo e por isso excluiu o chileno do jogo.

O lance foi interpretativo. A cultura de futebol de ambos os países, sugere que em muitos similares não há cartão.

Pouco depois, Messi caiu na área, não se jogou, após tentar ir adiante com a bola e acontecer o choque normal.

O jogador do Barcelona foi amarelado.

Ainda antes de os times irem descansar e escutar as instruções dos treinadores, Rojo deu carrinho forte, foi ao gramado, e Vidal ficou em pé. Ambos os catimbeiros deixaram pernas e o lateral tentou, em vão, chutar o oponente, e foi excluído da final.

Houve critério, apesar de os jogadores reclamarem muito. O único tropeço foi no lance mais forte de todos, no qual Fuenzalida entrou por cima na dividida e não recebeu o cartão.

Os números favoráveis aos 'hermanos'

O Chile ficou mais com a bola, mas não chutou em gol.

Os argentinos, apesar de terem menos posse, no 1° t conseguiram meia dúzia de finalizações.

Andinos com mais futebol

Ambos os treinadores queriam os sistemas de marcação adiantados.  Com 9 jogadores de linha havia mais brechas para os times criarem oportunidades, principalmente se fizessem a transição à frente com bola no gramado.

O Chile, taticamente, é melhor que a Argentina.

O posicionamento facilita o toque de bola. Ganhou com as exclusões. Teve maiores lacunas para os toques. Forçou os 'hermanos' a correrem mais.

Investiu nos lances pelos lados e finalizou em gol.

Aumentou posse de bola, ocupou o campo de frente e empurrou para trás o time de Messi.

Para privilegiar o craque

Cansaço e necessidades coletivas. Os treinadores tiveram mexer nos times.

Provavelmente, por isso, o volante Kranevitter entrou Di María saiu ao 10 minutos.

O mais técnico, antes do jogo, não tinha convicção que conseguiria atuar; a mexida reforçou as convicções do técnico.

Tata Martino insistiu em manter Messi e Higuaín na frente.

Era fundamental contar com outro jogador de marcação no meio de campo. Ao notar que perdeu a posse de bola no setor, investiu no contra-ataque. Trocou o centroavante do Napoli por Aguero, que é mais veloz e tem as características ideais para a realização desses lances.

Apenas aos 35 houve a mexida no Chile; Fuenzalida, lateral que atuou na frente e teve que recompor o meio de campo no sistema de marcação, saiu para o atacante Edson Puch entrar.

Mexidas quase geraram o gol

Como havia idealizado o treinador, os 'hermanos' tiveram oportunidade no contra-ataque.

Aguero foi acionado, fez o lance necessário, mas se equivocou na finalização.

O Chile, após Bousejour conseguir a jogada pelos lados, entrou na área, tocou para Vargas e o atacante não conseguiu finalizar.

Ambos os técnicos acertaram e ninguém fez o goil

Na prorrogação

Os sistemas de marcação se posicionaram mais atrás. Como se os o gol, seja de qual lado fosse, garantisse a conquista.

Os 'hermanos' investiram na qualidade individual de Messi e de Aguero. O atleta do Barcelona se mexeu, chamou o jogo, tentou os dribles, conseguiu alguns, mas sempre havia outro chileno fazendo a cobertura para dificultar a sequência.

Os andinos, com Vargas, de cabeça, em frente ao Romero, desperdiçaram a oportunidade.

Em seguida Bravo fez a intervenção mais difícil do jogo.

Messi cruzou, e Aguero cabeceou. O goleiro, com a ponta dos dedos, impediu o gol que provavelmente alteraria a maioria dos comentários sobre a final do torneio.

Por mérito de quem atua embaixo das traves, questão de centímetros, o país que tem a maior extensão de montanhas do planeta ficou feliz com o futebol.

O treinador dos andinos pode fazer duas alterações. Com o volante Silva e a saída de Alexis, ganhou força de marcação e perdeu na criação. Com o centroavante Castillo na função de Vargas e a diminuição da frequência na frente, houve o declínio de qualidade.

O sumido Banega saiu e Lamenta entrou. Tata Martino foi mais ousado que o compatriota.

Não queria os pênaltis.

Vidal desperdiçou, em seguida Messi fez igual, todos outros jogadores acertaram, menos Biglia que finalizou na direita e Bravo conseguiu a intervenção para tristeza dos 'hermanos' e comemoração de quem havia ganho a edição anterior do torneio.

Ficha do jogo

Argentina – Romero; Mercado, Otamendi, Funes Mori e Rojo; Mascherano, Biglia, Banega (Lamela) e Di María (Kranevitter): Higuaín (Agüero) e Messi
Técnico: Gerardo Martino

Chile – Bravo; Isla, Medel, Jara e Beausejour; Aránguiz, Díaz e Vidal; Fuenzalida (Puch), Alexis Sánchez (Francisco Silva) e Vargas (Castillo)
Técnico: Juan Antonio Pizzi

Árbitro: Heber Roberto Lopes – Assistentes: Kleber Lúcio Gil e Bruno Boschilia