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Inglaterra tremeu contra a Islândia; proeza dos nórdicos é impressionante

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De Vitor Birner

O centro do império britânico contra o time de pequena cidade na Europa; ou, se a referência for Londres,  o do bairro.

Os donos da liga mais rica, que oferece enorme possibilidade do intercâmbio com atletas de alto nível e doutras nacionalidades, colocaram a seleção de futebol no gramado 75 anos antes da fundação da federação islandesa.

Tinham obrigação de ganhar.  O cenário ficou ainda mais favorável quando Rooney, de pênalti, logo no início conseguiu o gol.

A Islândia joga no 4-4-2 e faz o óbvio de maneira tão humilde quanto simples e precisa.

Privilegia a força coletiva, investe em lançamentos longos, contra-ataques, chutes de fora da área e cruzamentos.

Ganhou da República Tcheca e da Turquia, e duas vezes da Holanda nas eliminatórias. Se classificou na antepenúltima rodada. Conseguiria a façanha mesmo se não houvesse a política e econômica inclusão de mais oito países na fase que acontece na França.

Hoje, mereceu a vaga nas quartas-de-final.  Como rapidamente tomou o gol, teve que ir  à frente e supostamente oferecer lacunas. Na prática necessitou apenas 12 minutos para conseguir a virada e não teve nenhuma dificuldade para manter o resultado.

Os ingleses tremeram. Equívocos aos montes na execução de fundamentos, como os de Harry Kane  em cruzamentos, inclusive nos inciados em faltas. mostraram a incapacidade de atuar como favorito e incomodar a zebra do torneio.

Nem o jogo aéreo do time funcionou. O dos nórdicos foi muito melhor.

A Inglaterra tem a seleção de piores resultados diante da força que o futebol do país mostra em todos os outros quesitos.

Os tropeços nem podem ser chamados de incomuns. São a mais pura tradição dos inventores do esporte.

O Messi inglês

Rooney apareceu no Everton e foi contratado pelo Manchester United, onde brilhou.

Gerou admiração de torcedores e, rapidamente, se transformou na referência que poderia elevar o padrão do selecionado.

Conseguiu ser o maior artilheiro da história, honra que Bobby Charlton havia conquistado, atuou como centroavante, atacante pelos lados e na meia, e sumiu em campo durante jogos fundamentais.

No ápice físico e técnico mostrou futebol de alto nível na agremiação de Old Trafford e não teve regularidade similar quando cantou o 'God Save the Queen' antes dos jogos.

A história é similar a de outro atleta de baixa estatura, que é infinitamente superior, genial, e continua como maior referência do Barcelona. Ressalto que o 'hermano' jogou melhor com o manto da AFA que o Schrek com a do brasão da Football Association.

Inclusive quando montou times competitivos

Apenas para ser coerente com o que houve nos gramados, lembro que a Inglaterra monta seleções fortes.

Em 86, 90, 98 e 2002 havia qualidade para ganhar qualquer torneio e sequer chegou em alguma final.

Disputou apenas uma relevante em toda a história. É muito pouco para quem tem grande cultura de futebol, estrutura, história rica de clubes e dezenas de milhões de apaixonados frequentadores de estádios.

Tamanho do feito medido em população

O jogo aconteceu em Nice, na Allianz Riviera

A quantidade de habitantes naquela região do Sul da França, na Costa Azul, é pouco maior que a da Islândia.

Há nove cidades inglesas com mais gente que na Islândia.  Da quantidade de pessoas com afinidade do futebol deveria sair a qualidade para qualquer treinador selecionar 23 jogadores.

Isso dimensiona com o é difícil para os nórdicos montarem time que ganhou de países com maior potencial.

Faço questão de aplaudir. A França, obviamente, é favorita à vaga na semifinal.

E mais: queria ver se, em nosso país, alguma cidade ou região com população de quantidade similar, ou com o dobro de gente, seria capaz de fazer time capaz de obter tais resultados. .

O místico velho inglês torcedor do Nottingham Forest, após morar anos em praias da Bahia, cheio de sarcasmo e inconformismo com o resultado da Premier League, afirmou após a Islândia ganhar: ''Leicester pouco é bobagem''.

O time, hoje na segundona, é o maior oponente dos 'Foxes'. No final dos anos 70, o senhor comemorou as conquistas seguidas em duas Ligas dos Campeões da Europa.