Blog do Birner

Revolucionário, Osorio dificilmente irá ao Mundial; o futebol é conservador

birner

De Vitor Birner

Ficou, por enquanto

Era óbvio que cedo ou tarde o invicto México de Juan Carlos Osorio seria goleado. O tamanho do resultado foi enorme e será carregado pelos torcedores enquanto o treinador permanecer e depois quando outro ocupar o cargo.

Em uma hora e meia, após jogos de qualidade, com oscilações normais diante do nível técnico do elenco e curto período para o revolucionário treinador implementar as propostas de jogo que idealiza, perdeu a estabilidade no cargo, e agora é o para-raios de todos os antigos problemas do time.  .

A federação do país não mostrou o bilhete azul. Tirou do bolso e segura na mão direita, provavelmente aguardando para esticar o braço e mostrar ao técnico assim que houver quaisquer tropeços normais. Os próprios jogadores podem cuidar disso, caso haja insatisfação pelo rodízio e ousadia nos gramados,

É realmente difícil aguentar tal resultado

Em busca de constante evolução 

Ainda mais quando acontece com quem tenta mexer no padrão. O técnico exige inteligência, leitura de jogo dos atletas, pois devem compreender as necessidades coletivas durante os 95 minutos. Enquanto isso os condiciona, com metodologias dentro do campo elogiadas inclusive por jogadores insatisfeitos com as questões táticas, para o que imagina ser ideal.

Privilegia a toque, a habilidade, confia na melhora individual dos jogadores, e o preço é enfrentar o reduto de preconceitos de muitos tipos que é o conservador planeta do futebol.

Resultados mostraram que não é utopia

O Atlético Nacional, onde é ídolo, continua bebendo na fonte que o treinador construiu. O colombiano tira os jogadores da zona de conforto, confia na melhora do ser humano na profissão.

Não quer o que diz querer

A opinião pública que reclama a falta de arte, mas na realidade quer soldados cumprindo o preenchimento e desbravamentos de territórios nos campos de futebol.

Não se dispõe a pagar o custo da alteração que diz querer.

Como se pretendesse adquirir algo material e rejeitasse viver as agruras da labuta para obter os recursos; ou almejasse correr maratona e recusasse o esforço da preparação quando chove ou faz calor.

Além dos pseudo-idealistas, Osorio enfrenta o corporativismo de técnicos e ex-atletas mexicanos, alguns ícones do esporte no país na função de comentaristas, protagonistas da informal reserva de mercado e respaldados pela massa reativa e impensante que os reverencia e segue pelo que fizeram dentro dos gramados.

Jogar para a galera

Se imagine Juan Carlos Osorio.

Poderia recuar, montar o sistema de marcação óbvio e redondinho, fazer aquilo que parte dos torcedores entende com facilidade e afirma não apreciar, ao menos se não render conquistas.

O México foi à repescagem para se classificar ao Mundial. Miguel Herrera, contratado em cima da hora, depois implementou para o torneio alguns esquemas táticos, entre os quais o 3-5-2 o com flutuação ao 5-4-1.

Para manter o cargo e realizar o anseio de ir à Rússia, o óbvio recomenda a Osório cozinhar tacos aceitos pela maioria e não agregar ingredientes saudáveis e saborosos para elevar o padrão em algumas refeições.

Deve manter

Como é idealista, tende a insistir e provavelmente cair antes do torneio.

O treinador, como todos os colegas de profissão, se equivoca em alterações, avaliações e noutras questões da função de montar times.

Apoio

Como é construtivo ter alguém com tal perfil no futebol. Os raros que sonham fazem o esporte caminhar adiante.

Holanda, que coincidentemente não é conservadora em muitas questões sociais e teve jogadores intelectualmente acima da média, revolucionou o jogo os anos 70, e influencia na formação da identidade futebolística do Barcelona. O saudoso Johan Cruijff foi o pioneiro com a então inédita conquista para a agremiação na Liga dos Campeões em 1992 ao formar o chamado 'Dream Team' na Catalunha.

Osorio tenta mexer nas estruturas com elencos muito mais fracos, em times que negociam em vez de contratarem os melhores jogadores.

Talvez seja maluquice. Competição é a essência do futebol. Traduzindo, ganhar dentro das fronteiras que a ética específica da atividade sugere. .

Mesmo assim, aplaudo o elogiável Osorio.

Grande profê!!!!!