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Santos ganha, apesar de perder muitos gols; Palmeiras, com razão, reclama

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De Vitor Birner

Santos 1×0 Palmeiras

Gabriel perdeu um pênalti, no início, e outra grande oportunidade depois do intervalo, na qual Fernando Prass fechou o ângulo e fez difícil intervenção.

O goleiro brilhou algumas vezes, como no lance em que não permitiu ao Ricardo Oliveira, após jogada individual de Victor Ferraz, fazer o dele.

O lance era muito mais do centroavante, que quase dentro da pequena área chutou no contrapé do veterano e tinha obrigação de concluir com precisão.

Nilson, nos acréscimos, depois de Ricardo Oliveira driblar Fernando Prass, conseguiu a façanha de desperdiçar a enorme oportunidade de fazer o gol.

Havia poucos metros entre ele e as traves e não tinha ninguém embaixo delas para impedir o reserva de obter êxito e comemorar.

O gol aconteceu após o intervalo, aos 34, na tabela de Ricardo Oliveira e Gabriel, concluída pelo atacante em ascensão,, com categoria, e comemorada em tom de desabafo, provavelmente porque havia se equivocado noutras duas chances mais simples.

O Peixe não reeditou os seus jogos mais convincente e tampouco manteve o padrão futebolístico das semifinais e fases anteriores no torneio.

Mas alternou momentos de superioridade com os de equilíbrio, ganhou o meio de campo, quase anulou completamente o sistema ofensivo alviverde e, apesar da noite tecnicamente abaixo da média pessoal de algumas referências, criou o bastante para sair do gramado com uma das mãos no troféu.

Não funcionou

O Palmeiras recuado, investindo em contra-ataques e cruzamentos, e o Santos com maior iniciativa e mais posse de bola era exatamente o que todo torcedor mais racional imaginava antes do jogo na Vila Belmiro.

O time de Marcelo Oliveira não podia permitir a frequência santista no entorno da área de Fernando Prass, e precisava investir nos lances de velocidade para ter oportunidades e cavar faltas e escanteios nos quais é forte.

Mais uma vez não exerceu a proposta de Marcelo Oliveira tal qual queria o treinador.

Não chutou nenhuma vez entre as traves.

As poucas finalizações mantiveram Vanderlei como espectador no gramado.

Apenas uma foi realizada em condições favoráveis e poderia ter impacto enorme no andamento do jogo,  pois ocorreu logo no início.  Jackson cabeceou depois de Robinho cruzar a bola na área em cobrança de falta e o goleiro espalmou na direção do zagueiro.

No 4-2-3-1, com Robinho na direita, Gabriel Jesus do outro lado, e Dudu entre eles no trio de criação, Matheus Sales e Arouca como volantes, além de Lucas Barrios à frente de todos, a equipe foi incapaz de trocar passes na meia e muito raramente investiu nos contra-ataques, apesar de contar com Dudu e Gabriel Jesus, ambos rápidos, e de Zeca e Victor Ferraz apoiarem.

O atleta das categorias de base se machucou no primeiro tempo e Marcelo Oliveira, ao optar por Kelvin, reforçou a ideia, em tese  inteligente diante das circunstâncias, mas ineficaz na prática por causa da falta de qualidade na execução, de forçar os lances nas lacunas deixadas pelos laterais.

Apesar disso tudo

Arouca puxou a camisa de Ricardo Oliveira e por isso houve o pênalti desperdiçado por Gabriel.

Isso acontece muito na área e na grande maioria das vezes nada é marcado.

O rigor de Luiz Flavio de Oliveira, por coerência, critério, deveria ser mantido ao longo do jogo.

Não fez isso quando Dudu acionou Lucas Barrios e David Braz, ao correr atrás do centroavante, de maneira involuntária o impediu de seguir no lance e ficar em frente ao Vanderlei, pois o argentino (se naturalizou paraguaio apenas para atuar na seleção guarani) desacelerou e caiu quando tropeçou nas pernas do zagueiro.

Prefiro o estilo de futebol em que nenhum desses lances tem interferência de quem impõe as regras no gramado, mas os critérios adotados exigiam a marcação da falta na área.

Ineficazes

Quase todas as alterações feitas pelos treinadores não melhoraram o futebol das agremiações.

No Palmeiras, além de Kelvin, que pouco fez, Amaral entrou após o intervalo no lugar de Matheus Sales e pouco fortaleceu o sistema defensivo (o gol iniciado no arremesso lateral foi mérito de Ricardo de Oliveira e Gabriel, além de falha do sistema de marcação), e a colocação de Rafael Marques no de Lucas Barrios nada agregou e manteve as dificuldades do time.

Geuvânio na vaga de Marquinhos Gabriel não aumentou o volume de jogo ofensivo, mas compensou porque o reserva, descansado, fortaleceu a marcação na frente, aumentou a velocidade e a possibilidade de acontecerem os dribles.

Neto Berola em campo, restando poucos minutos, e a saída de Gabriel foi inútil.

Nilson entrou no lugar de Thiago Maia para jogar os acréscimos, assim que houve a exclusão do lateral Lucas.

Se o time deles não for campeão, a oportunidade que desperdiçou será citada por todos os santistas.

A falha técnica, de fundamento, não permitiu ao Dorival Jr comemorar o fruto da leitura precisa, da mexida na estrutura coletiva, que tornaria menos complicada a meta de ganhar o torneio.

Não pode

Lucas recebeu o amarelo na metade do segundo tempo porque fez a falta em Geuvânio no contra-ataque do Santos.

Foi excluído do gramado por chutar a bola em Lucas Lima, quando restavam três minutos e os acréscimos, por se irritar com o oponente e, acho, e com o cartão anterior que o suspendeu do jogo na Arena.

Ele quase complicou seu time e poderia fazer a agremiação perder o campeonato.

Mereceu ambos os cartões e deveria manter o raciocínio sobre as metas coletivas.

A alteração feita por Dorival Jr, ao colocar o centroavante no lugar do volante, realizada após a saída do lateral, funcionou, mas não o Santos fez outro gol porque Nilson desperdiçou a grande oportunidade.

Resultado

O Palmeiras tem o direito de reclamar do placar, apesar da unanime superioridade do Santos.

Seria indiscutível caso o pênalti em Lucas Barrios fosse marcado, chutado e desperdiçado.

A essência desse esporte

O Santos não fez mais gols por incompetência nas finalizações, graças ao Fernando Prass, de longe o melhor do Palmeiras na final, e não porque houve equívocos na imposição das regras do futebol.

Em suma, os méritos dos jogadores geraram maior quantidade de grandes oportunidades, e a falta deles impediu que fosse comemorada com mais gols.

Nenhum favorito

O Peixe, muitas vezes, cai de rendimento na condição de visitante.

O Palmeiras tem jogado mal, inclusive quando atua na sua Arena.

É impossível fazer prognósticos embasados e com pouca margem de erro sobre quem conseguirá ser campeão e se classificar à Libertadores.

O Santos, por causa do desempenho e do resultado, inicia com maior possibilidade.

Mas não haverá nada atípico se o Alviverde ganhar por pequena margem de gols.

Ficha do jogo

Santos – Vanderlei; Victor Ferraz, Gustavo Henrique, David Braz e Zeca; Thiago Maia (Nilson) e Renato; Marquinhos Gabriel (Geuvânio), Lucas Lima e Gabriel (Neto Berola); Ricardo Oliveira
Técnico: Dorival Júnior

Palmeiras – Fernando Prass; Lucas, Jackson, Vitor Hugo e Zé Roberto; Matheus Sales (Amaral) e Arouca; Robinho, Dudu e Gabriel Jesus (Kelvin); Lucas Barrios (Rafael Marques)
Técnico: Marcelo Oliveira

Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira (Fifa-SP) (Marcelo Aparecido de Souza) – Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Carvalho Van Gasse (ambos Fifa-SP)