Corinthians ‘campeão’ ganha do Atlético-MG; time melhorou muito no returno
birner
De Vitor Birner
A matemática pode nos dizer que o torneio de pontos corridos ainda não tem o campeão, mas é lógico que o troféu sabe que será mais um paulistano da zona leste da cidade.
O Corinthians cresceu muito no returno. era líder antes, mas não tinha mostrado o melhor futebol do torneio.
Evoluiu desde então, adquiriu regularidade, aumentou o volume de jogo ofensivo, ficou consistente na marcação, e se tornou o time com melhor desempenho, por méritos, entre os que compõem a elite do esporte nacional.
Apenas o Santos, nos seus grandes momentos, atua em nível similar, mas não consegue manter o padrão como faz a agremiação de Parque São Jorge.
O Alvinegro não pode comemorar o título porque deve manter a concentração e a gentileza esportiva, mas não há quem creia na possibilidade de perder o torneio.
A chave
Os treinadores sabiam do impacto que o primeiro gol teria.
Quem fizesse, desmontaria a proposta coletiva do outro e abriria as estradas para o contra-ataque que ambas as agremiações fazem de maneira elogiável.
Por isso, era necessário achar a medida entre atacar e marcar.
O Corinthians, faz rodadas, não tem dificuldade nisso.
O vice-líder, em algumas partidas, não conseguiu o mesmo.
Elogio
O Atlético MG fez o plano de jogo inteligente.
Tinha que marcar na frente, forçar os ataques pelos lados, principalmente no direito porque Luan e Marcos Rocha são melhores na criação que Dátolo e Douglas Santos, e Giovanni Augusto, o meia no centro do trio de criação do 4-2-3-1, se mexer para facilitar a concretização desses lances que proporcionam ao Lucas Pratto, o centroavante, os lances de gol.
O time não entrou no gramado tomado pelos nervos, tal qual diante do Sport e noutras rodadas, e ficou martelando, com um monte de cruzamentos, para fazer o gol.
Tinha que superar o sistema de marcação sólido, maduro, confiante, que mesmo se perdesse, teria ainda enorme possibilidade de ganhar o torneio.
Fez a bola passar, principalmente por cima, muito na área do Cássio, que falhou uma vez, em cobrança de escanteio, antes do intervalo, e permitiu ao Dátolo se antecipar, cabecear, e perder o gol.
Realista
O Corinthians acertou no plano de jogo.
Jadson e Renato Augusto, os mais técnicos, foram muito exigidos, antes do intervalo, na marcação, e nem tanto na criação.
Malcom, que perdeu as duas oportunidades em contra-ataque, cumpriu direito a obrigação na parte defensiva, pois ele e Guilherme Arana atuaram no setor em que o sistema ofensivo do Atlético é melhor.
Tite não fez alterações táticas.
Apenas alguns ajustes, como provavelmente a recomendação para Jadson e Malcom ficarem atentos ao apoio de Douglas Santos e Luan, o pedido de concentração quando o sistema ofensivo trocou passes na meia, pois os zagueiros, Ralf e um dos laterais permanecerem posicionados para impedir o contra-ataque.
Andamento
Dos 25 minutos em diante, o volume de jogo ofensivo do Atlético MG aumentou.
O Corinthians recuou muito.
Havia 9 atletas em cerca poucos metros, todos no entorno da área e Vagner Love, alguns passos adiante, ainda atrás da linha que divide o gramado.
Isso facilitou para quem tinha de ganhar conseguir os cruzamentos.
No futebol, quanto mais a bola fica naquela região do gramado, maior é a possibilidade de haver equívoco individual, coletivo, no sistema de marcação, e de alguém conseguir a oportunidade de gol.
Treinador
Tite corrigiu isso no intervalo.
O sistema de marcação se posicionou alguns metros á frente e diminuiu a quantidade de lances do Atlético MG pelos lados.
Rotineiro
A grande fase ou, se preferir, o próprio futebol do Corinthians, fala aos outros times que não podem errar.
Edcarlos falhou no minuto 23, não conseguiu dar o 'chutão' para longe depois do cruzamento, e Jadson cruzou para Malcom, de cabeça, comemorar.
O jogo era equilibrado, com muita posse de bola no meio de campo e quase nenhuma oportunidade, após o intervalo.
O 1×0 alterou isso.
Como aconteceu em outras rodadas, o Alvinegro cresceu após fazer o gol e sobrou dali em diante.
Mexeu
Levir Culpi tirou o Giovanni Augusto e abriu mão do volante Leandro Donizete, pois as circunstâncias do torneio, não apenas do jogo, exigiram que enfraquecesse o sistema de marcação para supostamente aumentar o repertório ofensivo.
Com Luan e Thiago Ribeiro, que sabem atuar pelos do ataque e marcam gols [o ex-Santos, Cruzeiro e São Paulo podia fazer a função de segundo centroavante ao lado de Lucas Pratto], o argentino Dátolo e o colombiano Cárdenas na criação, mais os laterais Marcos Rocha e Douglas Santos apoiando constantemente, o time não criou mais oportunidades. e, obviamente, ficou vulnerável.
Fácil
Vagner Love, em frente ao goleiro, após mais uma assistência de Jadson, fez 2×0.
Tite colocou Cristian e tirou Rodriguinho no intuito de fortalecer a marcação no meio, e o mesmo com Lucca e Malcom para otimizar o contra-ataque.
O sistema de marcação do Atlético MG, desnorteado, cheio de brechas, permitiu a tabela de Lucca, Vagner Love e Renato Augusto, e o atacante da reserva fez o gol.
Romero, quase no fim, entrou no lugar de Vagner Love, que foi importante nas partes tática e técnica.
Inquestionável
O placar do jogo foi consequência apenas dos erros e acertos dos jogadores.
Por isso, não se discute os méritos de quem ganhou.
Se o Atlético fizesse o gol antes do Corinthians, talvez conseguisse outros depois.
Assim funciona o esporte com mais seguidores em todo planeta.
Ficha do jogo
Atlético-MG – Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Edcarlos e Douglas Santos; Leandro Donizete (Cárdenas) e Rafael Carioca; Luan, Giovanni Augusto (Thiago Ribeiro) e Dátolo; Lucas Pratto
Técnico: Levir Culpi.
Corinthians – Cássio; Edílson, Felipe, Gil e Guilherme Arana; Ralf; Jadson, Rodriguinho (Cristian), Renato Augusto e Malcom (Lucca); Vagner Love (Ángel Romero)
Técnico: Tite
Árbitro: Heber Roberto Lopes (FIFA) Auxiliares: Kleber Lucio Gil (FIFA) e Fabricio V. da Silva (FIFA)