Blog do Birner

Corinthians raciocina; Atlético-MG se perde nos nervos

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De Vitor Birner

O Atlético MG terminou o turno quatro pontos atrás e jogando futebol superior ao do líder do torneio.

Restando vinte e um para cada equipe disputar, o time de Elias, Jadson e Renato Augusto soma oito a mais que o suposto concorrente ao título e mostra maior qualidade em campo.

O time dirigido pelo Tite evoluiu e o de Levir Culpi piorou um pouco.

O esporte, tal qual sabemos, de vez em quando contraria a lógica, mas precisará fazer isso de maneira radical para o troféu histórico não ficar com a agremiação de Itaquera.

As maneiras como atuaram, ontem, mostraram um abismo, não técnico ou tático, entre elas.

Atlético PR 1×4 Corinthians

Engana-se quem acha que a goleada em Curitiba foi fruto de um vareio.

O Atlético PR desde o minuto inicial tornou o jogo intenso, marcou forte, correu muito para tentar se impor diante de seus torcedores, conseguiu equilibrar as ações no meio de campo e impediu o Alvinegro de cadenciar o ritmo.

Mas a equipe do Tite mostrou a maturidade necessária para se adaptar rapidamente ao que foi proposto por Cristovão Borges.

Em nenhum momento ficou, de fato, acuada ou teve pressa de fazer o gol.

Esbanjou confiança e principalmente concentração, tal qual mostrou na maioria do returno, que não o deixam perder de vista o que planejou e treinou para ganhar.

Soube os momentos de alternar marcação na frente e no meio de campo, os de recuar e contra-atacar, os de tentar trocar passes no meio de campo, caprichou nos cruzamentos em faltas ou escanteios, e fez quase tudo de maneira eficaz.

Não havia criado nenhuma oportunidade quando Renato Augusto, o melhor em campo, marcou o gol de cabeça, após Jadson cobrar o escanteio e Gil tocar nela .

Isso forçou o Atlético PR  a adiantar o sistema de marcação.

O jogo seguiu rápido, intenso, equilibrado no meio de campo, difícil para ambas as agremiações e fácil para os goleiros, porque ninguém criou grandes oportunidades até Renato Augusto, em lance de contra-ataque gerado pelo posicionamento mais ousado de quem precisava ao menos empatar, lançou Vagner Love e o centroavante, com categoria, chutou de maneira que Weverton não tinha como intervir.

Depois o Corinthians recuou, pois podia se fechar e partir em velocidade à frente, mas Elias e Renato Augusto notaram Bruno Mota, de costas,  perto do círculo central e atrás do meio de campo, rapidamente chegaram nele, o volante retomou a bola, tabelou com o meia, entrou na área e deu assistência para o jogador da seleção comemorar.

Em suma, o Alvinegro, por causa da capacidade de ler o jogo, antes do intervalo praticamente havia ganho.

Os acertos técnicos e a consistência tática foram consequência da grande capacidade de raciocinar e manter a concentração para executar o que havia treinado, e implementar isso de acordo com as circunstâncias no gramado.

Sport 4×1 Atlético MG

Os jogadores do time de Levir Culpi entraram em campo pisando até o fundo do acelerador.

Eles querem muito o título, mas não sabem o que fazer com esse ímpeto enorme.

No Corinthians, onde o elenco tem mesmas ambições, tudo se transforma em concentração e paciência – o tal do foco como muita gente fala – enquanto no Galo essas emoções redundam na tensão que impede o raciocínio.

Foi impressionante como a agremiação, diante do Sport, se irritou por nada e rapidamente

Nervos geram erros como no gol de Mateus Ferraz, que cabeceou depois da cobrança de falta, na exclusão de Carlos porque deu carrinho [quis tocar a bola, notou que não conseguiria, tentou recolher a perna e fez a falta], aos 18 minutos, ainda no campo de ataque, em falha no lance do 2×0, pois Diego Souza e Hernane entraram na área e ninguém os marcou, assim como no 3×0, quando Elber recebeu a assistência e não havia alguém por perto para tentar impedi-lo de chutar forte e comemorar.

Antes do intervalo, o Sport resolveu o jogo com muita facilidade.

Não existe o abismo tático ou técnico capaz de simplificar tanto a missão da equipe treinada por Falcão.

O elenco do Rubro-Negro tem qualidade inferior se compararmos com o do Galo.

Com os nervos goleando o raciocínio, é impossível o Atlético ou qualquer agremiação cogitar a conquista do torneio de pontos corridos que exige regularidade.

Simples

O Corinthians mostra mais maturidade que o segundo colocado.

Jogos de futebol têm disputa psicológica, física, tática e técnica.

A que exige mais força e equilíbrio emocional interfere em todas as outras, pois aumenta ou diminui a confiança, a concentração e, consequentemente, tanto a qualidade na execução dos fundamentos quanto o cumprimento da proposta coletiva.

Nisso, a equipe de Tite tem goleado a de Levir Culpi.

Difícil 

Não há nenhum motivo, hoje, para alguém achar que da próxima rodada em diante tudo será alterado.

O futebol as vezes dribla a obviedade e apenas se fizer isso o troféu não terminará com os corintianos.

A tendência, grande, é que fique com eles.

Faça as contas e perceberá.

Os atleticanos precisam ganhar todos os jogos [isso diminuirá para 5 pontos porque se enfrentarão] e torcer pela brusca queda de rendimento da agremiação quase campeã.

Restante

O Corinthians receberá o Flamengo, e o Atlético MG a Ponte Preta na outra rodada.

Se forem mantidos os 8 pontos entre os líderes, não recomendarei que haja a comemoração de título porque a mística futebolística recomenda que a matemática dê o aval para o inicio da festa.

Antes disso, apenas quem é pé-frio grita ''é campeão''e compra faixa do titulo.

Lembro que depois dessa rodada será o jogo os protagonistas do post.

É muito confortável para o Alvinegro, no topo da classificação, entrar em campo sabendo que o pior que pode acontecer é diminuir a 'tranquilidade'  para 5 pontos, e complicado a quem almeja o feito -'Yer we Cam'' ter que ganhar para impedir o fim do sonho diante de seus torcedores.