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Baile do Corinthians na final; ou a Ponte tremeu ou se acomodou na soberba

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De Vitor Birner

Ponte Preta 0x3 Corinthians

A Ponte Preta, após a fase de grupos, teve caminho mais difícil que o do oponente na decisão do Estadual. Mostrou enorme concentração e ganhou dos clubes que iniciaram como maiores favoritos do torneio.

O Corinthians, nos jogos eliminatórios, apesar de manter o sistema de marcação forte, oscilou. O torcedor reclamou do que assistiu nas quartas-de-final.

Nada indicava que a final seria tão fácil para qualquer lado. Me refiro à dinâmica em campo e margem de gols.

Tamanco ou amarelou

A Ponte tinha que ditar o ritmo.  Mostrou capacidade diante de Santos e Palmeiras, ambos com sistema de criação superior ao do Corinthians. A intensidade e a concentração de Potker e cia garantiram nesses jogos o êxito da agremiação.

O time foi capaz de alternar o sistema de marcação recuado ou adiantado, de acordo com o estádio e andamento no gramado.

Soube avaliar quais fragilidades havia para construir oportunidades.  Correu muito, pensou mais, e mereceu elogios pelas classificações.

A concentração parece ter sido esquecida na final.

Ou o time, empolgado pelos resultados. calçou 'chuteiras de saltos', ou a proximidade da conquista inédita contra o maior ganhador no Estadual fez os atletas balançarem. A atuação do time foi muito abaixo do padrão mostrado na Vila Belmiro, Allianz Parque, e principalmente nas atuações em frente da própria torcida.

Corinthians se impõe com grande facilidade

O andamento inicial foi o que a maioria imaginou. Ambos os times cautelosos, a Ponte com mais iniciativa, e ninguém oferendo as brechas para o oponente finalizar em gol.

Houve 10 minutos, talvez pouco menos, de igualdade.

Depois, gradativamente, o Corinthians foi tomando as rédeas técnicas, táticas e principalmente emocionais dentro do gramado.

Teve a oportunidade para sair na frente em lance construído por Fagner na direita.

O gol aconteceu após Cássio mandar a bola ao campo de frente no tiro de meta, Jô ganhar pelo alto, Romero receber a bola e tocar ao centroavante, na área, que fez o pivô e acertou precisa assistência para Rodriguinho diante de Aranha finalizar e comemorar.

Distribuo elogio para as grandes contribuições

O artilheiro dos clássicos, que encerrou em branco esse jogo, tem que  ser aplaudido. Os lançamentos para o centroavante foram a saída do Corinthians quando a Ponte Preta fechou as lacunas e houve o que gerou o gol decisivo no andamento favorável à agremiação de Itaquera.

Ponte Preta investiu nos lances pelos lados e nos muitos cruzamentos, a maioria na direita, onde Nino Paraíba foi lateral, Jadson apoiou, e Cleyson alternou com Potker quem se disponibilizou como opção para completar a possibilidade das triangulações e de abrir lacunas nas quais alguém poderia finalizar dentro da área.

Naquele 'setor, Arana foi lateral, Pablo zagueiro, Romero ala e Maycon o volante.

Brilhou o sistema de marcação do Corinthians porque ganhou todos os cruzamentos.

No país do culto ao egoísmo e individualismo acima de tudo, onde a necessidade de se inventar heróis e vilões goleia a humildade que garante as discretas e imprescindíveis contribuições ao coletivo. a maioria se esquece que o equívoco numa única dessas muitas tentativas da Ponte Preta redundaria em igualdade do resultado e, provavelmente, alteraria a dinâmica da final pelo impacto tanto na arquibancada quanto dentro do gramado.

Todo o sistema de marcação se empenhou no cumprimento das precisas orientações de Fábio Carille, manteve seriedade plena do início ao último minuto e consequentemente a concentração, alicerce para conquista do resultado muito positivo.

A troca tão necessária quanto ineficaz

Ponte Preta insistia nos cruzamentos. Nenhum problema havia, desde que alternasse com finalizações de fora de área e algumas tentativas de tabelas pelo meio, onde Gabriel e Rodriguinho receberam o amarelo.

Após as conversas com treinadores no descanso dos atletas, houve duas mexidas. O lateral Reinaldo e o volante Jadson saíram para o meia Renato Cajá e Artur entrarem.

As alterações diminuíam a força do meio de campo da Ponte Preta para fechar lacunas. Em tese, aumentavam o potencial do setor na criação. Renato Cajá podia agregar opções ao repertório do time que investia apenas em lances pelos lados

A orientação para o sistema de marcação iniciar as tentativas de retomar a bola na área completou a tentativa de elevar o padrão  .

Os atletas aumentaram a intensidade, e por alguns minutos frequentaram, em vão, o campo de frente. Nenhuma oportunidade conseguiram para igualar.

Alvinegro eleva o padrão

A Ponte, ao preferir adiantar o sistema de marcação, abriu lacunas atrás. Tinha que alterar a dinâmica para cogitar o resultado positivo.

No 1° momento em que o oponente achou uma dessas brechas, o Rodriguinho brilhou. Correu com a bola, driblou Fernando Bob,  e acertou uma daquelas assistências precisas para Jadson finalizar e comemorar. .

A arquibancada silenciou e os atletas ponte-pretanos perderam o rumo. Os lances individuais e cruzamentos foram as únicas alternativas nas quais investiram para ultrapassar o bloqueio.

Foram inúteis porque o sistema de marcação do oponente manteve a superioridade nos cruzamentos.

O último gol do Corinthians pode ser avaliado como  o símbolo do que sentiam os atletas naquele momento do jogo. A pane foi enorme. Lance de condomínio. Fagner cobrou lateral na área, a bola quicou e o Rodriguinho em frente ao Aranha cabeceou com ambos os pés no gramado.

O clube do interior continuou tentando, mas por inércia. Internamente, era óbvio que os atletas queriam encontrar as forças que haviam sido anuladas pelo desempenho de quem se impôs porque apresentou mais futebol.

O resumo mais que redundante

A melhor atuação do Alvinegro na temporada e a pior do oponente no mata-mata; treinador Carille e o elenco botaram as mãos no troféu do torneio.

O 3×0 afirma; as análises de quem crê na conquista inédita terão que de inserir ''milagre'' favoravelmente à Ponte e ''desastre'' para o favorito em Itaquera,.

Desfalques

Carille terá, no mínimo, dois desfalques em Itaquera. Os pendurados Rodriguinho e Maycon receberam o amarelo.

Fagner, pela pancada em Cueva quando o peruano estava de costas, será avaliado pelo TJD na terça e pode formar o trio de ausentes com os colegas de agremiação.

Futebol 

Jadson, ao gesticular para a torcida da Ponte na comemoração do gol, poderia tomar o cartão. O critério adotado no torneio determina essa tolice de impedir a espontaneidade nas comemorações.

O trio  não observou e o meia poderá atuar em Itaquera.

Resultado merecido. Nenhuma interferência houve de quem foi encarregado de cumprir as regras no gramado.

Ficha do jogo

Ponte Preta – Aranha; Nino Paraíba, Fábio Ferreira, Yago (Kadu) e Reynaldo (Artur); Fernando Bob, Elton, Jadson (Renato Cajá) e Lucca; William Pottker e Clayson.
Treinador: Gilson Kleina

Corinthians – Cássio; Fagner, Balbuena, Pablo e Guilherme Arana; Gabriel (Paulo Roberto); Jadson (Clayton), Rodriguinho, Maycon (Camacho) e Romero; Jô
Treinador: Fábio Carille

Árbitro: Raphael Claus (SP) – Assistentes: Alex Ang Ribeiro e Luiz Alberto Andrini Nogueira