Gabigol necessita saber que por enquanto é ‘apenas’ uma grande promessa
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De Vitor Birner
'Menos seria mais'
Gabigol foi oficializado como jogador da Inter de Milão no último dia de agosto, quando completou duas décadas do nascimento. Deveria saber que dentro do embrulho de presente havia milhões de euros e uma grande oportunidade para aprender. Nem todos os atleta conseguem iniciar em clube tão grande no mercado europeu.
A agremiação compõe o trio dos gigantes italianos ao lado de Milan e da Juve. Qualquer lista com as dez maiores do continente tem os 'nerazzurri'. Gabriel tem mérito e privilégio de pular a Ucrânia, Turquia e toda a periferia rica do futebol.
Os interistas poderiam investir noutro atleta; deveria valorizar a escolha e retribuir com paciência, treinos fortes e humildade para conseguir mais minutos em campo e, quem sabe, tornar rotina o legítimo sonho de ser protagonista.
A apresentação com pompa talvez contribuiu para a ilusão de que ganhar a titularidade seria fácil.
Pisou na cidade sob calorosa recepção da torcida; na entrevista coletiva inicial houve colega cometendo o devaneio de questionar se poderia suceder Ronaldo.
Seria muita maturidade do jogador tão novo, se conseguisse abstrair tudo e mantivesse os pés no chão. Quando adultos são capazes disso, tal virtude merece ressaltos no mundo de ostentação e ambição 'de viver como as Kardashians'.
E quando entrou no gramado
A empolgação dos exagerados foi desprovida de embasamento técnico e contraproducente. Gerou pressa desmedida e a inoportuna frustração,
Os metros sagrados onde se toca, dribla e marca fincaram as chuteiras calçadas pelo jogador no sagrado solo natural.
Primeiro foi Frank de Boer, treinador demitido, o algoz por deixar o atacante sentado. O sucessor Stefano Piolli fez igual e o criticou em entrevista após o atacante entrar nos finais de dois jogos e tentar lances de efeito que considerou equivocados e de nenhuma in utilidade.
Queria objetividade
Dentro de campo no 'calcio é nóis'
Nas modernas salas com design de arquitetura e cheias de personalidade, onde se faz o 'brain storm' e são criadas as propagandas que aumentam o consumo de produtos e às vezes agregam valor às marcas, é possível potencializar os feitos.de jogadores, desde que haja.
A propaganda ao ser contratado tinha gols e assistências que fazem a arquibancada comemorar. Como é o Gabriel em vez de Suárez, Cristiano, Messi ou alguém desse padrão, necessita apresentar mais que o talento para chegar no estágio pretendido dentro do futebol.
Simples assim; ganhar tal direito exige inteligência individual em prol do coletivo, esforço sem a bola, adaptação à cultura de futebol dos mestres da tática.
O caminho óbvio para o êxito
A Itália ensina. Basta querer assimilar.
O torneio com os maiores construtores dos sistemas de marcação tem padrão de qualidade abaixo do inglês, alemão e espanhol. mas é uma escola para atletas como Gabigol.
O ex-santista é, para qualquer avaliador competente e racional, uma grande promessa para o futebol da Europa.
Tem muito a aprender.
No Santos fez atuações inaceitáveis no padrão do 'calcio'. O terceiro gol do Grêmio, no tropeço do clube de Dorival,teve equívoco tático que faria o treinador e os jogadores de qualquer time da Itália o criticarem naquele tom reservado ao vestiário.
Leitura de jogo é uma das maiores dificuldades dos atletas de nosso país. São frutos de uma cultura social egoísta, onde o personagem que brilha é quase tudo e a contribuição discreta dos operários é menosprezada, esquecida, apesar de fundamental na construção de resultados positivos.
Tal qual houve com todos os compatriotas que foram reverenciados no país, a oportunidade e as condições para se tornar mais competitivo são ofertadas e cabe ao atleta abrir os ouvidos, se concentrar no necessário, e ganhar a posição com futebol ao invés das declarações de empresários ou qualquer questão além dos gramados.