Corinthians acerta ao efetivar Carille; o momento do clube exige
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De Vitor Birner
O Corinthians tem grandes problemas de dinheiro gerados principalmente pelo modelo de negócio da Arena em Itaquera. O presidente Roberto de Andrade, após a política atingir temperaturas elevadas com o pedido de impeachment, nem pode cogitar o aumento das dívidas ou qualquer medida capaz de fortalecer quem pretende o impeachment.
A solução óbvia para a temporada, na qual tais questões devem ser prioridades, foi tomada. O ex-auxiliar conhece as categorias de base, e o momento afirma que é necessário oferecer mais oportunidades aos revelados no clube.
O fracasso ao tentar se classificar à Libertadores favorecerá o início da empreitada. No Estadual é possível fazer ajustes táticos, testar atletas, colocar os novatos no gramado para ganharem experiência e o time assim conseguir na maioria dos jogos resultados positivos que garantem a paz.
Escaparam do milagre
O país em amarelo, azul, verde e branco tem cultura da corrupção e do egoísmo ultra-arraigados. Gosta de maniqueísmo e heróis que afirmam enfaticamente quais são as macro-soluções imediatistas para resolver o que o incomoda.
O treinador ganhador da Libertadores, seja qual for, atende às exigências. Carrega a ilusão da conquista, por isso gera expectativas desproporcionais à sugerida pela realidade atual do clube.
Reinaldo Rueda é técnico desde meados da última década no século anterior. Conquistou os primeiros torneios ano passado, após herdar o Atlético Nacional preparado com maestria por Juan Carlos Osório, idolatrado pelos seguidores da agremiação.
Teve méritos ao agregar e alterar detalhes táticos e por saber como substituir atletas negociados.
Recebeu elenco estruturado, fez as avaliações e acertou na sequência e complementos ao que construiu o antecessor. Não teve que iniciar quase do zero, como será necessário no Corinthians, pois a direção contratou treinadores de características distintas na temporada.
O colombiano, tal qual houve com Tite e pode acontecer com quem estuda e tem inteligência para o cargo, foi evoluindo durante a carreira. Seria positiva a chegada ao Parque São Jorge.
Mas, na prática, geraria uma enorme expectativa na torcida, os resultados seriam comparados aos do técnico que é ídolo na agremiação, parte da opinião pública alimentaria infrutíferas cobranças desproporcionais e qualquer frustração colocaria obstáculos ao time na temporada de aumento da interferência política porque na outra haverá a eleição.
Lembro que todos os treinadores estrangeiros foram criticados sempre que possível pelos apoiadores do bloco corporativista de nosso país.
Os tropeços comuns e eventuais, se considerarmos a força do elenco, em jogos mais relevantes e nos clássicos, atropelariam a racionalidade diretiva e aumentaria a grita nas redes sociais e dentro do próprio clube.
A opção por Carille minimiza a mãe da frustração chamada expectativa, facilita a subida dos atletas da base e pode fazer alguns torcedores substituírem parte da cobranças por apoio, desde que haja o empenho que a torcida pretende assistir dentro dos gramados.
É a ideal para o momento do clube, inclusive se a temporada for de jejum de conquistas.
Impacto da janela de transferências
Seria chute a avaliação das possibilidade de Fábio Carille nessa empreitada. É necessário aguardar as movimentações e fechamento do mercado de jogadores.
Treinador competente minimiza dificuldades e amplia as virtudes coletivas. Nenhum faz, literalmente, milagre. Depende da qualidade no elenco.
Os atletas mais técnicos tais quais Marlone, Giovanni Augusto, Guilherme e Marquinhos Gabriel tiveram rendimento aquém do possível na temporada.
O sistema de marcação tende a ser mais competitivo que durante a última e curta estada de Oswaldo de Oliveira na agremiação.
Atuar com as linhas mais próximas, como Carille pretende é, acima de tudo, questão de como o treinador prepara o elenco, e de raciocínio dos que entrarem no gramado.
Em suma, há brecha nesse momento para fortalecer o time, mas sequer sabemos quem permanecerá na agremiação.