São Paulo ganhou o equilibrado jogo no Morumbi; Atlético exagerou na pilha
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De Vitor Birner
São Paulo 1×0 Atlético
O futebol mostrado pela agremiações sugeriu que ninguém faria gol. Os sistemas de marcação deram baile nos de criação.
Ambos os times foram muitos mais fortes quando não tiveram a bola. Nas partes tática, técnica e física houve equilíbrio.
O São Paulo foi melhor apenas na questão emocional. O Atlético, desde o minuto inicial, se mostrou muito nervoso.
Não foi por isso que perdeu.
O lance que terminou com Michel Bastos comemorando é especialidade do time de Bauza. Era o único funcional, por exemplo, quando o desempenho coletivo em muitos aspectos foi inferior ao padrão que a agremiação mantém na Libertadores dentro do Morumbi.
Propostas dos treinadores
Bauza optou por Wesley na vaga de Michel Bastos, disponível para meia hora de futebol.
O substituto atuou na direita do trio do 4-2-3-1, por isso Kelvin foi deslocado à esquerda. Quando o oponente tocou a bola na meia, ambos recuaram para a linha dos volantes Hudson e Thiago Mendes. Tinham que ficar em frente aos Bruno e Mena.
O posicionamento, assim, foi o o 4-4-1-1 com Ganso na meia e Calleri adiantado. Tanto o mais habilidoso quanto o centravante jogaram perto do quarteto no meio de campo nessa configuração tática.
Aguirre optou pelo 4-1-4-1.
Leandro Donizette atuou entre os quartetos. O do meio campo contou com Patric na direita, Robinho do outro lado, e Rafael Carioca e Junior Urso entre os dois. Pratto foi o centroavante.
Elogios aos coletivos das agremiações
Aguirre queria neutralizar o sistema de criação do São Paulo, que tenta permanecer com a bola e investe muito nos lances pelos lados com o apoio dos laterais.
Obteve êxito. O time do Morumbi teve enorme dificuldade na criação. Nem o posicionamento ideal para fazer os cruzamentos conseguiu.
Não havia brechas no sistema de marcação. Os jogadores do Atlético cumpriram com primazia a prioridade do treinador. Foram ineficazes na execução dos contra-ataques, principal opção para fazerem o gol.
Patric e Robinho pelos lados e Pratto onde houvesse lacunas deveriam ser acionados.
Todos são velozes, mas o planejamento do técnico, embasado na lógica da ideia de jogo que implementa, não gerou oportunidades.
O sistema de marcação montado por Bauza, como o de Aguirre, prevaleceu.
Jogo muito 'peleado', ríspido e truncado
Não houve grandes oportunidades. Quase tudo aconteceu no meio de campo.
Teve cara de 0 a 0, tal qual se afirma no 'futebolês, com poucas e simples intervenções dos goleiros.
São Paulo foi mais 'argentino'
Os times mostraram muita raça. Nenhum torcedor pode questionar o esforço dos jogadores.
O de Bauza conseguiu, em meio às faltas fortes e montes de reclamações, ser mais inteligente.
O Atlético tinha que se concentrar em jogar futebol, mas muito pilhado desde o início, exagerou nas reclamações, pois o colombiano poderia ter excluído atletas importantes do time e não se equivocou ao mostrar os amarelos.
O São Paulo tentou aproveitar isso para ganhar.
Nas tradicionais disputas que acontecem durante os grandes jogos de futebol, apenas numa a agremiação do Morumbi foi superior. Mentalmente ficou mais concentrado que o oponente nas necessidades para conseguir o resultado. Nas questões técnica, tática e física houve igualdade.
Exagerou nas reclamações
Por isso o Atlético tomou tantos cartões amarelos. Iniciou muito pilhado.
No primeiro ataque do time, Ganso fez falta normal [tentou tocar na bola por baixo e empurrou Leandro Donizete] que não oferecia nenhuma possibilidade de o volante se machucar, e mesmo assim os jogadores começaram a discussão com empurrões.
Marcos Rocha deu tapa no rosto de Kelvin. Merecia a exclusão, mas Wilmar Roldán nem o amarelo mostrou.
Minutos depois o colombiano marcou a falta de Calleri. Quando o lance havia sido paralisado, o centroavante seguiu e Leonardo Silva deu o carrinho que poderia redundar em exclusão. Tomou o cartão amarelo inútil.
O empate naquele momento e o andamento do jogo mostraram que o zagueiro não tinha pressa.
Atleta com rodagem, conhecedor do torneio, deveria ser referência de como e quando tentar se impor, mas fez o contrário. Houve mais jogadas em que o time extrapolou os nervos que tiram a concentração daquilo que necessita para ganhar.
Citei apenas alguns lances, houve outros, para mostrar que parte dos cartões que os atletas tomaram foram fruto do destempero que nasceu no vestiário e não da rispidez das divididas.
Confuso e com critério dúbio
Wilmar Roldan não agradou nenhum dos times. O tipo de falta que redundou em cartão no início da partida não tinha a mesma consequência durante o jogo.
Aliás, os critérios para determinar o que considerou infração foram alterados durante os 95 minutos. Isso irritou ambos os times.
Marcos Rocha, após o lance com Kelvin, fez outras duas faltas para cartão. Apenas depois de ser amarelado diminuiu a pegada.
Bruno merecia e não foi amarelado.
O mesmo aconteceu com Thiago Mendes, que pendurado poderia ser excluído. O colombiano não se equivocou em nenhum cartão mostrado. Deve ser criticado porque após o jogo é impossível afirmar quais foram os critérios na imposição das regras do futebol.
O padrão
O São Paulo é muito competente para fazer gols em cruzamentos. Talvez seja o lance mais forte do time.
Por exemplo; onde o Wesley cobrou a falta para Michel Bastos cabecear, o artilheiro de ontem fez o levantamento para Calleri, diante do River Plate, comemorar.
A exceção, ontem, foi a troca de funções, quando Wesley cobrou a falta e Michel Bastos foi para a área.
Talvez tenha sido opção de Bauza porque o jogador mais capaz nesses lances atuou machucado e o treinador preferiu diminuir a possibilidade de piora no problema no músculo.
Óbvio
O resultado não altera o panorama de antes do jogo no Morumbi. Nenhuma das agremiações pode ser considerada zebra ou favorita à classificação.
Ficha do jogo
São Paulo – Dênis; Bruno, Maicon (Lugano), Rodrigo Caio e Mena; Húdson e Thiago Mendes (Wilder Guisao); Wesley, Ganso e Kelvin (Michel Bastos); Calleri
Técnico: Edgardo Bauza
Atlético – Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Erazo e Douglas Santos; Leandro Donizete; Patric (Clayton), Rafael Carioca, Júnior Urso e Robinho (Hyuri); Lucas Pratto
Técnico: Diego Aguirre
Árbitro: Wilmar Roldán (Col) – Assistentes: Eduarado Díaz e Humberto Clavijo