Fred precisa ter maturidade; Flu sabia que Levir mexeria com o elenco
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De Vitor Birner
Não sei qual foi o problema pessoal de Fred com Levir Culpi. Isso me impossibilita opinar com o devido embasamento.
Como o jogador, segundo o que li, citou nos bastidores que não atuará com o treinador, fica a impressão de ter achado que houve desrespeito. A questão é saber se realmente isso aconteceu.
O perfil do técnico é de quem possui convicções, quer colocá-las em prática e cobra aquilo que crê ser necessário.
Repórteres que diariamente acompanham o Fluminense mencionaram que houve discussões.
E o atacante, indignado por ter sido contrariado, reagiu. Se opiniões distintas geraram a crise, o funcionário mais antigo da agremiação extrapolou o papel que deve exercer no departamento de futebol.
Quando isso acontece, não há como direcionar as críticas apenas ao atleta. Alguns dirigentes e torcedores contribuem para o fomento do entrevero.
Regalias merecidas e as exageradas
É muito comum jogadores com a história de Fred nas Laranjeiras, que conquistou torneios importantes, sempre foi referência e criou identificação com o manto sagrado, agirem como se fossem donos da agremiação.
Principalmente os de personalidade forte, tal qual o atacante, e com muito tempo no clube.
Conhecem os funcionários, têm intimidade com o ambiente, são símbolos de sucesso, representam aquilo que o torcedor quer e muitas vezes nem percebem como ficam espaçosos no clube.
Têm respaldo de torcedores e cartolas. Ganham, na prática, o poder que, hierarquicamente de maneira institucional, não possuem e muitas vezes sequer são competentes para o 'cargo'.
Quando contrariados, a multidão, os dirigentes fãs deles e os populistas, que raramente perdem a oportunidade de fazer política de poder, compram as dores do ídolo.
Camisa deve ser a prioridade
As regalias dispensadas a qualquer atleta deveriam ser embasadas nas avaliação técnica; em quanto ele pode contribuir constantemente para o elenco.
A história rica como a do Fred no Fluminense precisa ser enaltecida, aplaudida, reverenciada, contada pelos que amam a agremiação, mas não necessariamente colocada no gramado.
Levir Culpi é quem avalia como preparar o time. Implementa metodologia de treinamento, esquema tático e determina como quer o ambiente, tudo para conseguir resultados melhores.
O jogador pode questionar, tem o direito de opinar, mas precisa se enquadrar.
Os cartolas concluem se cada funcionário, entre os quais o treinador, cumpre competentemente a função para qual é remunerado, e mantêm a organização que consideram ideal para o departamento de futebol.
Devem considerar, por isso, questões além da qualidade com a bola.
Não há regra única
O elenco pode correr pelo jogador consagrado ou se rebelar. O renomado pode servir de exemplo e treinar intensamente, ou se acomodar e outros imitarem.
Posso citar muitos exemplos de como os indivíduos e os grupos de seres humanos reagem de maneiras distintas em momentos parecidos. Não há fórmula infalível, única.
O treinador, contratado para lidar de forma construtiva com as características do elenco e do próprio clube, e saber como cumprir a missão de formar o coletivo forte.
O histórico do treinador
Levir Culpi, em 2000, quando substituiu Carpegiani no São Paulo, quis afastar o volante Vágner por indisciplina durante a viagem à Campo Grande MS.
O São Paulo perdeu o jogo e o treinador, antes de o time se classificar no Morumbi, afirmou ao Paulo Amaral, então presidente; ''Ou ele ou eu''.
O próprio dirigente me contou, meses depois, o entrevero.
Falou que conseguiu conciliar o volante e o treinador.
Fez isso em parte, pois deveria renovar o contrato do melhor atleta do time naquele momento, mas enrolou porque o técnico ficaria incomodado, depois houve ofertas de mais agremiações, o empréstimo com a Roma findou, ele foi embora, o time perdeu a final do Cruzeiro, o que provavelmente não teria acontecido se contasse com o jogador.
Mais experiente, ganhador e com a conta bancária maior, fez o mesmo quando chegou ao Atlético e mexeu com referências da agremiação na conquista da Libertadores.
Tinha respaldo da direção para mexer com o elenco. Diego Tardelli, Jô e Ronaldinho notaram isso. Era necessário, pois o craque havia sambado quando fez o gol na disputa pelo terceira colocação do Mundial de Clubes.
No momento de resignação dos torcedores, alguns gastando a grana que não tinham para ver o time ao menos chegar à final, o craque veterano mostrou felicidade com o inútil feito pessoal. Mostrou enorme falta de noção do tamanho do tropeço.
É inegável que o time, sob orientações do o treinador, honrou o manto sagrado. Conseguiu épica conquista na Copa do Brasil; o elenco mostrou enorme entrega naqueles jogos.
Se houver ambiente similar nas Laranjeiras, todos ganham.
Tecnicamente entre os melhores
Não como questionar a qualidade do Fred, se a referência for o padrão dentro do país, nas finalizações em frente aos goleiros; talvez ele e Ricardo Oliveira sejam os principais em atividade nesse fundamento.
Mas o jogador de futebol precisa, em alguns momentos, mais que isso.
Deve agregar sempre. Saber como contribuir nos treinamentos e nos jogos dentro do gramado.
Maturidade dos profissionais com rodagem
Reitero o que mencionei no início do post; se não houve algo que pode ser considerado enorme desrespeito no entrevero, os rancores devem ser colocados de lado porque ninguém pago para cultivar o ego acima da instituição.
E mesmo se aconteceu, o que não creio, é fundamental mostra maturidade para perdoar e assim contribuir para o coletivo ser mais forte.