Cuca foi perfeito diante do forte Central; os times lamentaram o empate
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De Vitor Birner
Rosario Central 3×3 Palmeiras
O treinador adaptou a escalação do Alviverde ao estilo de futebol do Rosario Central e à falta de mais dias para desenvolver o toque de bola.
Os 'hermanos, como na maioria dos jogos desde quando 'Chacho' Coudet é técnico, tomaram a iniciativa.
Tiveram dificuldade para superar o bloqueio palmeirense e contaram com erros em todos os gols.
O mesmo aconteceu Ambas as agremiações precisaram de equívocos para comemorarem, quando comemoram, pois os sistemas de marcação foram inconsistentes.
O resultado deixou os times insatisfeitos.
O da 'cancha' onde foi realizado o jogo lotado de emoções, continua com possibilidade maior de se classificar à fase seguinte da Libertadores.
Inteligência de Cuca
O treinador posicionou o Alviverde no 3-4-1-2 muito defensivo e realista. Sabia que o Central atuaria com a bola.
''Chacho' Coudet não abre mão das convicções futebolísticas. Obviamente, seria ilógico se alterasse aquilo que prepara.
Talvez a agremiação do ex-volante não saiba ficar atrás, fechada, investindo em lançamentos longos, tal qual o Palmeiras fez no mítico Gigante de Arroyito.
Ciente disso, o treinador palestrino formatou o esquema tático de acordo com a maneira como o Central joga.
'Chacho' Coudet, impossibilitado de escalar o competente Larrondo e do substituto 'natural' 'Chelo' Delgado, ambos machucados, de novo optou pelo limitado Herrera e o ótimo Marco Ruben, ambos atacantes que gostam do choque com os zagueiros.
Foram marcados pelo trio de zaga formado por Thiago Martins na direita, Vitor Hugo do outro lado, e Edu Dracena.
O meio-campo rosarino teve os volantes Musto e Colman e os habilidosos Lo Celo e Servi na meia. O escalado por Cuca contou com Jean e Egídio nas alas, Matheus Sales e Gabriel, especialistas nos desarmes, na mesma linha.
Robinho, o meia quando o time teve a bola, na prática formou o quinteto, pois a equipe manteve pouco a bola no campo de frente.
Em suma, onde os Central tinha 2 atletas, o Alviverde contou com 3.
E no meio de campo, setor no qual o Palmeiras atuou com 5 jogadores, havia 4 do Central.
A proposta de Cuca era fechar as lacunas, impedir o o toque a bola do oponente no entorno da área, e investir nos contra-ataques e cruzamentos.
Outra mexida feita pelo treinador foi na função de Gabriel Jesus, Atuou da direita para o centro e foi o 'falso centroavante, pois o zagueiro Donatti não é veloz e o jogador revelado nas categorias de base palestrinas tem as virtudes para ganhar no mano a mano.
Alecsandro não ficou como a referência na área. Jogou como segundo atacante, correu muito para marcar o apoio do lateral Salazar e foi acionado nos lançamentos, pelo alto, na transição à frente, pois o Palmeiras sequer se esforçou para ter posse de bola e criar lances com ela no gramado.
Não havia como o treinador, com dois jogos por semana, melhorar o toque e preparar a equipe para atuar de igual para igual.
A chamada postura de time pequeno, que obviamente o Alviverde não é, foi necessidade.
Outra forma de jogar, mais ousada, provavelmente será implementada quando houver mais treinamentos.
Equívoco que reforçou a proposta
Logo após o início, o lançamento longo colocou Gabriel Jesus diante de Sosa, goleiro reserva que atua apenas nas partidas da Libertadores, pois Garcia é o 'dono' da posição no torneio nacional que o Central prioriza.
Escorregou e perdeu a oportunidade. Teve outra aos 5 minutos quando Musto se equivocou de maneira tola ao recuar a bola. O 'hermano fez a assistência precisa para o atacante finalizar e comemorar.
'Hinchada' empurrou bola para o gol
O planejamento feito pelo treinador do Alviverde merece elogios.
Apesar de ficar muito com a bola, o Central teve enorme dificuldade de criar oportunidades, Nem pelo meio e nem pelos lados conseguiu superar o bloqueio do meio de campo palmeirense.
A torcida, que normalmente apoia muito, ao notar a dificuldade, aumentou o volume nas arquibancadas e carregou a agremiação ao empate.
Thiago Martins, aos 32, fez a falta completamente desnecessária. Donatti, completando o centésimo jogo com o manto sagrado rosarino, chutou, houve o desvio que tirou Fernando Prass da bola, e a torcida festejou a igualdade no resultado.
O providencial lance do artilheiro
O Central era melhor no jogo quando Gabriel Jesus, após cobrança de falta do meio de campo, tentou tocar de cabeça, a bola desviou no ombro e foi para dentro do gol.
Houve a reclamação de impedimento, que não houve. O sistema de marcação do Central provavelmente tinha noção, naquele momento, que se equivocou na missão de impedir a finalização.
O São Prass
O maior ídolo no elenco do Alviverde fez grande intervenção, após cabeceio de Herrera, e garantiu o resultado favorável durante o descanso das agremiações.
A execução, não o planejamento
O Gabriel Jesus, aos 2 minutos, no contra-ataque, ficou em frente ao Sosa e acertou a trave.
O que foi idealizado pelo treinador funcionou. Não se transformou em gol porque o atacante, por pouco, se equivocou na finalização.
Assim não
O empate do Central aconteceu em jogada ensaiada.
O sistema de marcação do Alviverde, posicionado para o cruzamento, ficou desatento.
Cervi correu da meia para a área e sozinho finalizou com categoria por cima de Fernando Prass. Alguém tinha que acompanhar o meia.
O sistema de marcação no lance de bola parada não pode permitir que alguém em frente ao goleiro e dentro da área.
Alterações
'Chacho' Coudet optou por Fernández, originalmente ala, e saída de Colman, que é segundo volante.
Queria otimizar o sistema de criação, além de colocar o atleta descansado. Ambos foram dúvidas antes do jogo.
Quase ao mesmo tempo, o Lucas Barrios entrou e Alecsandro, esgotado de tanto que correu para marcar o lateral-direito Salazar e chegar na frente para ganhar as divididas por cima nos lançamentos nascidos na defesa palmeirense, saiu.
Isso forçou Gabriel Jesus a exercer a função de atacante pelos lados e recuar mais que antes para marcar.
A outra mexida, logo em seguida, foi Zé Roberto no gramado e Robinho, que não fez muito na criação, fora do jogo.
Creio que o treinador, ao observar enormes lacunas para fazer gol em contra-ataque, quis reforçar a marcação no meio e manter Gabriel Jesus sempre que possível adiantado para esses lances.
O rigor
Vitor Hugo segurou, após o cruzamento em cobrança de escanteio, Musto, o derrubou e foi marcado o pênalti.
O zagueiro, se ficasse mais atento, não faria a falta.
Mesmo assim, discordo de Roddy Zambrano. Há muitos lances iguais na área. Raramente quem impõe as regras durante o jogo os considera faltas.
Marco Ruben cobrou e dessa vez não houve a intervenção de Fernando Prass.
Incomum o desempenho
Aos 25, Egídio fez o cruzamento em cobrança de falta,Edu Dracena cabeceou e a trave de novo impediu a igualdade.
O sistema de marcação do Central não é brilhante por cima, mas cometeu muito mais equívocos que a própria média. Não há exagero em afirmar que foi das piores apresentações, desde a chegada de 'Chacho' Coudet, que assisti da agremiação nisso.
Malandragem futebolística
Gabriel Jesus, três minutos após o Alviverde quase igualar, discutiu com Musto, acertou o volante e foi excluído.
Não pode se equivocar assim. Mereceu o cartão e prejudicou muito o Alviverde. A rodagem ensinará como lidar melhor com jogos tensos e a cultura do esporte dos 'hermanos'.
Gol irregular
Egídio fez o lançamento e Lucas Barrios, de carrinho e impedido, conseguiu o empate no momento muito desfavorável para a agremiação do Allianz Parque. Outra vez o Central se equivocou na marcação do lance simples.
Otimizou
'Chacho' Coudet trocou o lateral Álvarez pelo meia Becker. Queria ganhar e mandou todos os jogadores ocuparem o campo de frente.
Deixou apenas Donatti para marcar os contra-ataques. O zagueiro apenas por precaução permaneceu na linha que divide o gramado, pois Cuca determinou que todos os atletas palmeirenses ficassem atrás.
O jogo, dali em diante, aconteceu 25 metros, entre a meia e a linha de fundo.
O Central, no abafa, quase conseguiu ganhar.
Ruim para ambos, mas em tese pior ao Palmeiras
O time de Cuca tinha que vencer para ter considerável possibilidade de se classificar.
O de 'Chacho' Coudet poderia encerrar a rodada com garantido no mata-mata, atuou diante da torcida, e permitiu a igualdade quando tinha mais jogadores no gramado.
O Palmeiras ficou insatisfeito porque, apesar de inferior na posse de bola, cometeu equívocos tolos em todos os gols e acertou duas vezes as traves. Poderia ganhar.
O Central irá ao campo do Nacional na última rodada e o Alviverde receberá o pequeno River Plate.
Como o Rosario Central é melhor que o tricampeão da Libertadores, creio que conseguirá ao menos o empate.
Certeza, antes de me cobrarem, não tenho.
Se houvesse tanta convicção e precisão para acertar resultados, investiria em bilhetes de loteria, não em posts. Os outros times do grupo se enfrentam. A igualdade garante o maior deles na fase seguinte do torneio.
O River Plate (2 pontos) precisa ganhar. Mesmo se for capaz, o empate classificará Nacional e Rosario Central (ambos com 8 pontos) na última rodada.
Não há como adivinhar se irão fazer o chamado 'jogo de compadres'.
Conheço muito o padrão futebolístico dos rosarinos e sei como os 'Bolsos' atuam. Caso necessário, após o encerramento do grupo, escreverei sobre o que houve na partida que talvez seja fundamental para sabermos quem conseguirá a classificação.
Ficha do jogo
Rosario Central – Sosa; Salazar, Donatti, Pinola e Álvarez (Becker); Cervi, Musto, Colman (Fernandez) e Lo Celso; Herrera e Marco Ruben
Técnico: Eduardo 'Chacho' Coudet
Palmeiras – Fernando Prass; Thiago Martins, Edu Dracena e Vitor Hugo; Jean, Gabriel (Lucas), Matheus Sales, Robinho (Zé Roberto) e Egídio; Alecsandro (Barrios) e Gabriel Jesus
Técnico: Cuca
Árbitro: Roddy Zambrano (EQU) – Assistentes: Byron Romero e Christian Lescano (ambos do EQU)