Blog do Birner

Auditores rejeitam Paulo Schmitt; clubes querem CBF cobrando a Conmebol

UOL Esporte

De Vitor Birner

Carta dos indignados

O pedido de afastamento de Paulo Schmitt, procurador-geral do STJD, feito por Santos, Grêmio, Atlético Mineiro, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Cruzeiro, Internacional, Vasco, Fluminense, Botafogo e Flamengo, nasceu em conversas durante os encontros para a formatação do profut.

Os advogados das maiores agremiações, ao contrário dos cartolas, têm diálogo e coesão.

O que os distingue é a ética. Dificilmente os especialistas em leis sentam, combinam algo e algum deles bate na porta da CBF para contrariar o que por eles foi acertado e fazer o que convêm à entidade.

Há confiança entre os especialistas em legislação, enquanto os dirigentes não creem uns nos outros, pois em muitos momentos tiraram proveito de quem fez oposição à CBF, prestando apoio à ela para tentarem ganhar privilégios aos clubes que gerem.

A minuta e a manifestação

Os advogados se reuniram na última quarta-feira porque precisaram apreciar a minuta da Liga Sul-Americana.

Boca Juniors e Peñarol são os clubes que mais se esforçam para ela acontecer e, cientes da importância esportiva e econômica das agremiações brasileiras, tentam agregar mais aliados na empreitada.

No encontro, o representante de uma dessas agremiações chegou com o texto, todos leram, e foi resolvido que assinariam a carta.

Os dirigentes, todos insatisfeitos com a gestão de Paulo Schmitt no STJD, referendaram. É difícil achar quem nunca se indignou por algo que houve no tribunal considerado pela cartolagem o instrumento de poder de donos do nosso futebol.

É provável que mais clubes assinariam a carta. Como não participam da construção da Liga Sul-Americana, sequer tiveram a oportunidade.

Inclusive dentro do próprio órgão

Não 'apenas' os representantes de clubes são contrários à gestão Paulo Schmitt.

Auditores do STJD, nas conversas de bastidores com os advogados das agremiações, reclamam do procurador-geral com 10 anos de carreira no órgão.

A CBF, a cada quatro anos, após tripla indicação com postulantes, escolhe quem ocupa o cargo

A opção tem sido o Paulo Schmidt.

Os auditores, ao contrário, são trocados, não permanecem tanto, e precisam lidar com a política feita pelo procurador-geral no órgão.

Se houver o afastamento, a satisfação irá além de centros de treinamentos, gramados, arquibancadas e salas de dirigentes dos clubes de futebol.

Questão de política

Boca Juniors e Peñarol não querem organizar competições.

A ideia de formação da Liga Sul-Americana tem como base fiscalizar a Conmebol.

Ninguém pretende, por enquanto, fazer qualquer torneio para concorrer com a Libertadores.

Nos tais contratos da Conmebol    

Mais duas cartas foram assinadas e enviadas à CBF:

Querem interferência da entidade, pois pediram para a Conmebol mostrar os contratos de transmissão e de publicidade no torneio, e ainda não conseguiram,

Noutras palavras, não sabem o valor que as televisões pagam pelo torneio, nem quanto a instituição arrecada com a Libertadores, e creem que recebem fatia pequena da monta.

A terceira pede esticamento do prazo, que terminaria em 30 de abril, para os clubes se enquadrarem nas exigência do regulamento que exige o licenciamento das agremiações.

Obviedade

A CBF tem agremiações filiadas.

Se ficar ao lado da Conmebol, e não delas, perde a razão precípua de existir.

É simples; os clubes podem formar qualquer entidade para organizar torneios, registrar atletas, fazer regulamentos e o que acharem construtivo.

A CBF, se nada agregar aos clubes, fica quase inútil.

Restaria administrar a seleção, a mesma que, se os times recusarem a cessão de jogadores, acabaria ou teria de ser formada por amadores, os quais têm como lazer o futebol.