River Plate oferece as oportunidades que o São Paulo ‘quer’ e ‘precisa’
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De Vitor Birner
Nas entrevistas, Edgardo Bauza falou algumas vezes sobre a dificuldade do time quando enfrenta oponentes que permanecem recuados.
Diante do Cesar Vallejo e do The Strongest, por exemplo, aconteceu isso.
O treinador, em busca do equilíbrio coletivo, prioriza a parte defensiva e quando os jogadores têm a bola exige posicionamento capaz de proporcionar veloz recomposição, ao perdê-la, do sistema de marcação.
O time por isso terá, em Nuñez, o andamento de jogo que em tese queria. O River Plate, ao menos no início, deve marcar a saída de bola e tentar impor ritmo intenso.
Gigante, atual campeão da Libertadores, tomará iniciativa, na pior das hipóteses, enquanto não conseguir o lance que fará o estádio pleno pela exigente ´hinchada comemorar.
Tal ideia é exatamente a que a agremiação do Morumbi, de acordo com o treinador e dirigentes, 'quer'. Obviamente não conseguirá lidar com isso enquanto não elevar o nível do futebol e mostrar muito mais personalidade no gramado.
O elenco precisa compreender que, se ganhar em Buenos Aires, a crise será interrompida. Fragmentado, tem que mostrar união e profissionalismo no gramado para fortalecer o coletivo, e honrar o manto sagrado muito mais respeitado pelos torcedores em todo o continente que por alguns jogadores dentro do CT da Barra Funda.
Em suma, a dificuldade ofereceu ao São Paulo a oportunidade.
Como isso será encarado pelos atletas é questão apenas dos próprios. Não deixa de ser lamentável quando o treinador e dirigentes são mais competitivos que os personagens que atuam entre as linhas laterais e as de fundo.
Abaixo, Felipe Bigliazzi Dominguez descreve como tem atuado a agremiação portenha.
Ponto frágil
Após a derrota diante do Barcelona na final do Mundial Interclubes, Gallardo busca soluções para o sistema defensivo.
Com a venda de Ramiro Funes Mori para o Everton, Jonathan Maidana, que será desfalque hoje, ficou sem um companheiro confiável no miolo da zaga. No Japão, o colombiano Eder Alvarez Balanta – atualmente machucado contundido – foi mal e se transformou no ponto vulnerável do River pelo flanco esquerdo.
'El Muñeco' Gallardo tentou o Emanuel Mammana de 20 anos – lateral de origem – como zagueiro durante a pré-temporada em Mar del Plata. O River sofreu 9 gols nos 6 primeiros jogos pelo novo campeonato argentino.
Hoje pode improvisar Gabriel Mercado na zaga – como no princípio da carreira no Racing – ao lado de Mammana, e colocar o uruguaio Camilo Mayada na lateral direita.
Outra possibilidade é recuar Leonardo Ponzio para o miolo de zaga, experiência realizada no primeiro confronto contra o Boca Juniors no torneio de Verão em Janeiro.
Líder no setor
O veterano Leonardo Ponzio segue como caudilho no meio campo. É líder do setor porque faz a saída de bola e determina quando a marcação deve ser feita no campo rival. Com a venda de Matias Kranevitter para o Atlético de Madrid, Marcelo Gallardo tem posicionado Nico Domingo ao lado de Ponzio. O ex-Banfield, foi o destaque do travado confronto frente aos 'Xeneizes'.
No 1°t contra o Boca
Quando Ponzio tem que sair por causa do desgaste físico, outro veterano, o Lucho González, faz função tal qual no 2° t. do superclássico.
Esquemas táticos
Marcelo Gallardo. estudioso ferrenho, posiciona o meio-campo de acordo com os oponentes.
O sistema 4-2-2-2 é o mais usual. No começo de seu ciclo o sistema principal foi o 4-3-1-2, o famoso losango no meio tão usual na Argentina nos anos 90 e 2000.
Nessa temporada, Gallardo tentou implementar o 4-2-3-1 com Pisculichi como enganche e Rodrigo Mora na direita. As lesões de D'alessandro e Pisculichi fizeram com que o treinador voltasse ao 4-2-2-2 e suas pequenas variações para o 4-2-3-1 e 4-1-4-1.
O ex-meia do Internacional terá condições de atuar contra o o São Paulo.
Na estreia da Libertadores contra o Trujillanos, Gallardo apostou pelo 4-2-3-1.
Leonardo Pisculichi foi o enganche. Formou a linha de 3 armadores ao lado de Tabaré Viudez e Sebastián Driussi, e resolver o jogo.
Eis que, no clássico frente ao Independiente, o jogador revelado pelo Argentinos Juniors sentiu uma lesão muscular, dando lugar ao uruguaio Camilo Mayada.
Quem vem ganhando espaço no meio campo do River é o jovem Ignacio Fernandez. o ex-Gimnasia La Plata atuou contra o Boca como extremo direito, revezando com Rodrigo Mora nesta faixa do campo.
Melhor quando tem a bola
Uma marca do River é o constante apoio dos laterais. Gabriel Mercado e Leonel Vangioni sobem ao ataque fazendo dobradinha com os meias extremos.
Ambos estão na lista de Tata Martino para os duelos frente a Chile e Bolívia pelas Eliminatórias da Copa do mundo.
O lado esquerdo do ataque é o grande trunfo ofensivo do time de Gallardo, quase sempre com os passes precisos de Vangioni e o ímpeto de Sebastián Driussi. Nos últimos jogos, Gallardo tem revezado a titularidade pelo flanco esquerdo do meio de campo entre Driussi e Gonzalo ''Pity'' Martinez; ambos jovens e velozes.
O treinador tem procurado manter a dupla de frente Mora e Alario.
O veterano centroavante uruguaio Ivan Alonso, contratado em Janeiro junto ao Nacional de Montevidéu, estreou frente ao Trujillanos e fez dois gols. É o único do elenco com características para atuar na área, de costas, e ser a chamada referência.
Com Lucas ''El Flaco'' Alario e Mora, o time ganha intensidade na movimentação e mais técnica.
Mora se desloca muito para a direita e exige bastante do lateral esquerdo rival.
O ataque do River anotou 12 gols em 6 jogos pelo campeonato Argentino. É o segundo mais positivo de dito certame.