Palmeiras não necessitava perder para trocar o treinador
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De Vitor Birner
O Palmeiras não melhorou diante do Nacional porque o tempo de posse de bola aumentou. A agremiação de Gustavo Munúa quis assim.
Nem com o oponente atuando com apenas 10 jogadores, o Alviverde fez algo além de insistir nos cruzamentos, tal qual sempre.
O elenco, não tenho dúvida, pode jogar melhor.
Foi melhor com o antecessor
Sob orientações do Oswaldo de Oliveira mostrou, apesar do elenco recém formado e pouco tempo sob as orientações do treinador, mais acertos na transição à frente e manutenção da bola na meia.
Provavelmente com a manutenção de quem saiu porque o treinador que ganhou 2 dos 3 últimos torneios nacionais de pontos corridos ficou disponível, hoje o time seria mais forte.
Compreensível a mexida
Isso não significa que, naquele momento, houve o equívoco da direção palestrina.
Tinha lógica a mexida, apesar de não ser garantia de êxito. No futebol os resultados fazem muita gente avaliar os bons como ótimos nas conquistas ou ruins caso se não funcionam em algum clube, tudo permeado por adjetivos e de pouco embasamento técnico.
O jogo, fora dos gramados, é assim. Não deveria, mas nada tende a alterar essas 'regras'.
Não pode ser apenas o treinador
O time insiste pouco nas tabelas pelo meio.
Não creio que o técnico as impedia ou abria mão delas na preparação diária. O gol de Gabriel Jesus, ontem, por exemplo, foi assim.
Depois, de novo, como sempre, o time ficou cruzando na área e pouco insistiu pelo meio.
Duvido, reitero, que o então treinador palestrino ordenou a criação apenas pelos lados.
Padrão nacional de gestão
Se ele foi demitido logo após o tropeço, por qual motivo iniciou no banco?
Se perceberam que os jogadores não assimilaram as orientações e assim era impossível a melhora, o bilhete azul deveria ter sido mostrado antes.
Qualquer atuação acima da média poderia distorcer a conclusão dos gestores e dificultar a execução dos que creem ser melhor para a agremiação.
Não discordo da saída do técnico.
Apenas acho incompreensível a manutenção de qualquer treinador porque conseguiu resultado que não reflete a apresentação ruim, ou graças a algumas atuações convincentes em meio a maioria abaixo das possibilidades do elenco.
A sequência do post tem minha interpretação do que houve no gramado e redundou na queda do treinador, além de pequeno relato sobre o outro jogo do grupo.
Palmeiras 1×2 Nacional
Tudo desenhado
O Rosario Central gosta de ter a bola. O Nacional não faz questão.
Apenas por isso era possível imaginar que o andamento do jogo não lembraria o anterior do Alviverde na Libertadores.
Os 'Bolsos' têm elenco de qualidade inferior ao do Palmeiras e a partida foi na Allianz Parque. Era óbvio que o então líder tomaria a iniciativa de tentar o gol, e o gigante da nação com legislação mais humana que a da nossa aguardaria oportunidades no contra-ataque, faltas e escanteios.
Para se impor como queria o torcedor, o Palestra precisaria tocar a bola com maior precisão, acertar a transição à frente e aumentar o tempo com ela na meia, que são os dilemas, faz meses, do time.
Apenas no início
O Nacional atuou no 4-4-2.
Os quartetos [defesa e meio de campo] atuaram com linhas paralelas, no estilo tradicional italiano, e Fernández e Nicolás López que compõem o setor mais forte da agremiação ficaram adiantados.
Ambos não tiveram muitas oportunidades por causa da necessidade de o treinador reforçar a marcação, ainda mais com desfalque do zagueiro Diego Polenta e a improvisação de Eguren, por falta de opções, ao lado de Mauricio Victorino no setor.
O time ficou recuado e começou os desarmes apenas na região central do gramado. Facilitou a transição palmeirense á frente, mas ganhou lacunas onde investiu, pois os laterais Lucas e Zé Roberto apoiaram.
O Alviverde, com os cruzamentos na área, conseguiu assustar o goleiro Conde.
Foi caindo de rendimento e, mais ou menos na metade do 1°t em diante, a posse de bola não rendia mais lances dignos de serem citados. O repertório do sistema de criação de novo foi pequeno.
Conforto que gerou gols
Barcia, que atuou aberto do lado direito do meio de campo, tinha que cooperar com Fucile na marcação e investir em jogadas de velocidade contra Zé Roberto.
Quando o sistema de marcação do Nacional adquiriu mais consistência, conseguiu retomar a bola mais longe de sua área e acionar os jogadores mais técnicos.
Fernando Prass errou na interceptação do cruzamento, Nico López, de costas, tocou de calcanhar e acertou a trave.
Em seguida, após o cruzamento por baixo, Nico López com categoria e frieza fez o gol que reforçou a ideia de jogo implementada por Munúa.
Após dois minutos, Barcia recebeu o lançamento e ampliou. Houve falta em Cristaldo quando os 'Bolsos' retomaram a bola, mas não o impedimento reclamado, pois Thiago Santos ofereceu condição ao artilheiro.
Questão de inteligência
Fucile, que marcou Gabriel Jesus, recebeu o vermelho no fim do 1°t. Não observei o lance.
Como conheço o estilo do jogador, a cultura de futebol do país e o palmeirense havia chutado de propósito o oponente pouco antes, em lance que Enrique Osses notou e mandou seguir, desconfio que o lateral chegou forte para se impor e realmente fez algo para ser punido.
Tinha amarelo, o time ganhava com sobra no placar, o jogo era na Arena palestrina, e o mais lógico seria não arrumar motivo que possibilitasse a exclusão.
Munúa colocou o Cerballos na lateral, tirou o Barcia, e recuou Nico López para o lado direito do quarteto no meio de de campo para manter o sistema de marcação.
No 4-4-1 perdeu opções para o contra-ataque, principalmente onde atua Lucas, o que poderia facilitar para o lateral do Alviverde apoiar e simplificar a missão de Thiago Santos cobrir as brechas deixadas pelo Zé Roberto, onde o oponente tinha mais velocidade e técnica.
Para incendiar o jogo
Nos acréscimos, Gabriel Jesus fez o gol após tabela pelo meio do bloqueio do Nacional.
O acerto poderia elevar o astral da equipe e ter impacto negativo na agremiação de Munúa.
O mesmo de sempre
O Alviverde teve a iniciativa e ficou muito com a bola na meia.
A questão era criar a oportunidade de gol. Em suma, o que fazer com a suposta superioridade diante da agremiação que abdicou do sistema e ofensivo e catimbou muito, pois precisava diminuir o tempo de bola correndo.
Mesmo quem não acompanhou o jogo é capaz de falar o que fez o Palmeiras. Turbinou a área de cruzamentos, ganhou algumas por cima, mas não caprichou nas finalizações.
Conde quase não fez intervenções.
Alterações de novo não funcionaram
O treinador do Alviverde tentou otimizar o sistema de criação.
Colocou Allione e tirou Jean para formar o 4-1-4-1. Depois pôs Egídio no lugar de Thiago Martins; e finalmente optou Alecsandro, pois Cristaldo se machucou, para ter alguém que poderia aproveitar o lance por cima.
Nada disso fez o futebol melhorar.
Munúa havia optado pelo Cabrera, meia-atacante, e saída do Fernández..Queria fortalecer o contra-ataque, mas não obteve êxito, porque jogo continuo acontecendo no campo de frente do Alviverde
Não precisava
Léo Gamalho, quase no final, entrou na vaga de Nico López. Tinha que receber lançamentos longos, segurar a bola, e cavar faltas.
Rapidamente, por acertar propositadamente o Egídio, o centroavante foi excluído do jogo por Enrique Osses.
Permaneceu cinco ou seis minutos no gramado.
'Suerte' em vez de sorte
Nos acréscimos, Fernando Prass foi para área aproveitar cruzamentos e tentar fazer gol.
A bola sobrou, no último, para Lucas que acertou a trave.
Finalizou onde era necessário, mas se equivocou por centímetros. Diante do Rosario Central ou contra o Santos na Copa do Brasil, esse mesmo lance teria terminado onde a nação palestrina e os jogadores queriam.
A palavra que explica a benção pela qual devemos agradecer preferiu ser pronunciada em castelhano.
Talvez o próprio futebol tenha escolhido tal idioma. Ficou aguardando algo melhor da comissão técnica, atletas e do planejamento que Paulo Nobre, Marcelo Mattos e os outros gestores imaginaram quando colocaram no papel a lista de contratações.
Ficha do jogo
Palmeiras – Fernando Prass; Lucas; Thiago Martins (Egídio), Vitor Hugo e Zé Roberto; Jean (Allione), Thiago Santos e Robinho; Dudu, Gabriel Jesus e Cristaldo (Alecsandro)
Técnico: Marcelo Oliveira
Nacional – Esteban Conde; Jorge Fucile, Eguren, Mauricio Victorino, e Alfonso Espino; Gonzalo Porras, Santiago Romero, Leandro Barcia (Felipe Carballo) e Kevin Ramírez; Sebastián Fernández (Matías Cabrera) e Nicolás López (Léo Gamalho)
Técnico: Gustavo Munúa
Árbitro: Enrique Osses (Chi) – Assistentes: Carlos Astroza e Cristian Schiemann
Goleada do Central
Dessa vez, 'Chacho' Coudet escalou os principais jogadores de linha disponíveis para enfrentar o River Plate.
Posicionou o time no 4-1-3-2. Os habilidosos Lo Celso e Servi formaram o trio com o Colman, o mais capaz desses na marcação, e o artilheiro Marco Rubén atuou no ataque junto de Herrera, único reserva que iniciou.
Larrondo, que eleva consideravelmente a qualidade, permaneceu nas tribunas do Gigante de Arroyito, pois acaba de ser curado do problema muscular e a prioridade tem sido o torneio nacional.
Com ele, o vareio teria sido, provavelmente, maior. Rosario Central foi muito melhor, ganhou o 1° t. pelo placar mínimo, depois fez 3×0 com enorme facilidade, tomou o gol Michael Santos (fez em todos os jogos da Libertadores) em uma das raras finalizações, continuou no mesmo ritmo e ampliou.
Marco Rubén, como de costume e ao contrário do que houve diante do Palmeiras, foi eficaz nas finalizações e comemorou três vezes em quatro chutes que conseguiu, assim como Herrera, que fez o dele em lance construído por Lo Celso.
O treinador foi alterando a equipe na medida em que teve convicção do resultado favorável, e para poupar atletas importantes, principalmente aqueles que o elenco não oferece reposição de nível sequer similar.
Mesmo atuando com times mistos, continua na disputa por uma das vagas, pois, como o palmirense notou, em regra não tem dificuldades para atuar longe da mítica 'cancha' rosarina.