Blog do Birner

Direção do Flamengo admite erro ao reintegrar os cinco jogadores
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birner

De Vitor Birner

Não considero notícia a festa que cinco jogadores do Flamengo fizeram.

Tampouco me interessa quem foi nela ou se consumiram bebidas alcoólicas.

Era folga deles, têm o direito, mesmo se não for saudável, e tanto faz o que eu penso sobre o tema.

Tais questões são particulares, privadas, daqueles seres humanos.

Sei que a parte da sociedade com indivíduos preocupados em corrigir tudo a partir do outro, e não de si onde tem maior ingerência e possibilidades, que ama criticar e julgar, dar pitacos no que é alheio, em especial de estranhos, rende muitos cliques, mas aqui no blog não haverá 'furos' de reportagem assim.

Gramado

Se o Flamengo tivesse ganho os últimos jogos, não acho que a diretoria os puniria como fez.

O momento ruim do time, em campo, não se resume à festa dos jogadores.

Simples

No futebol moderno é indispensável treinar com a mesma intensidade exigida nos jogos dos torneios.

Assim, cria-se o padrão necessário para a agremiação ser competitiva.

O jogador que, por falta de cuidado consigo, é incapaz de manter esse ritmo, não deve ser escalado, relacionado e pode ser negociado, caso os dirigentes e treinador achem que não irá melhorar.

Ou seja: o desempenho, não o que faz na folga, deve ser a referência para não participar de quaisquer jogos.

Isso se chama avaliação profissional.

Medida

Não critico o afastamento dos atletas, caso o rendimento nos treinamentos seja fraco, insuficiente, e a perspectiva de melhora pequena para continuar investindo neles.

Se isso for construtivo para o elenco, aplaudo e elogio.

Populismo

Conceder entrevista coletiva e anunciar sanção formal é outra coisa.

Parece mais moralismo barato e conveniente para os cartolas, competentes na gestão financeira e, até o momento, no máximo medianos na administração do futebol do Rubro-Negro.

Não é esse tipo de resposta que as dezenas de milhões de torcedores da agremiação precisam.

Talvez satisfaçam momentaneamente a ira de parte deles, mas, no médio prazo, não altera absolutamente nada na opinião de quem torna o time da Gávea gigante.

Elevar o nível da gestão no futebol, com melhores escolhas na formação do elenco, é o que eles querem.

Pense

Seu patrão não deve se intrometer em suas folgas.

Não é profissional fazer isso, pois as relações entre funcionário e empresa são uma estrada de mão-dupla onde há limites para todos.

Diante disso tudo, a reintegração dos jogadores é uma assinatura do atestado de equívoco.

Uma partida de ausência dificilmente encerrará aquilo que a direção avalia como crucial para todos eles não atuarem com qualidade.

O comprometimento com a agremiação depende de uma outra maneira de pensar aquilo que garante dinheiro aos profissionais do esporte.

Não é uma questão infantil, como exigir a lição da escola pronta para permitir depois a brincadeira.

E se os contratos de concessão de direito de imagem não tiverem clausulas específicas proibindo que participem de tais episódios nas folgas, os jogadores podem entrar na justiça e questionar a multa imposta pelos dirigentes.

 


Corinthians ‘campeão’ ganha do Atlético-MG; time melhorou muito no returno
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birner

De Vitor Birner

A matemática pode nos dizer que o torneio de pontos corridos ainda não tem o campeão, mas é lógico que o troféu sabe que será mais um paulistano da zona leste da cidade.

O Corinthians cresceu muito no returno. era líder antes, mas não tinha mostrado o melhor futebol do torneio.

Evoluiu desde então, adquiriu regularidade, aumentou o volume de jogo ofensivo, ficou consistente na marcação, e se tornou o time com melhor desempenho, por méritos, entre os que compõem a elite do esporte nacional.

Apenas o Santos, nos seus grandes momentos, atua em nível similar, mas não consegue manter o padrão como faz a agremiação de Parque São Jorge.

O Alvinegro não pode comemorar o título porque deve manter a concentração e a gentileza esportiva, mas não há quem creia na possibilidade de perder o torneio.

A chave

Os treinadores sabiam do impacto que o primeiro gol teria.

Quem fizesse, desmontaria a proposta coletiva do outro e abriria as estradas para o contra-ataque que ambas as agremiações fazem de maneira elogiável.

Por isso, era necessário achar a medida entre atacar e marcar.

O Corinthians, faz rodadas, não tem dificuldade nisso.

O vice-líder, em algumas partidas, não conseguiu o mesmo.

Elogio

O Atlético MG fez o plano de jogo inteligente.

Tinha que marcar na frente, forçar os ataques pelos lados, principalmente no direito porque Luan e Marcos Rocha são melhores na criação que Dátolo e Douglas Santos, e Giovanni Augusto, o meia no centro do trio de criação do 4-2-3-1, se mexer para facilitar a concretização desses lances que proporcionam ao Lucas Pratto, o centroavante, os lances de gol.

O time não entrou no gramado tomado pelos nervos, tal qual diante do Sport e noutras rodadas, e ficou martelando, com um monte de cruzamentos, para fazer o gol.

Tinha que superar o sistema de marcação sólido, maduro, confiante, que mesmo se perdesse, teria ainda enorme possibilidade de ganhar o torneio.

Fez a bola passar, principalmente por cima, muito na área do Cássio, que falhou uma vez, em cobrança de escanteio, antes do intervalo, e permitiu ao Dátolo se antecipar, cabecear, e perder o gol.

Realista

O Corinthians acertou no plano de jogo.

Jadson e Renato Augusto, os mais técnicos, foram muito exigidos, antes do intervalo, na marcação, e nem tanto na criação.

Malcom, que perdeu as duas oportunidades em contra-ataque, cumpriu direito a obrigação na parte defensiva, pois ele e Guilherme Arana atuaram no setor em que o sistema ofensivo do Atlético é melhor.

Tite não fez alterações táticas.

Apenas alguns ajustes, como provavelmente a recomendação para Jadson e Malcom ficarem atentos ao apoio de Douglas Santos e Luan, o pedido de concentração quando o sistema ofensivo trocou passes na meia, pois os zagueiros, Ralf e um dos laterais permanecerem posicionados para impedir o contra-ataque.

Andamento

Dos 25 minutos em diante, o volume de jogo ofensivo do Atlético MG aumentou.

O Corinthians recuou muito.

Havia 9 atletas em cerca poucos metros, todos no entorno da área e Vagner Love, alguns passos adiante, ainda atrás da linha que divide o gramado.

Isso facilitou para quem tinha de ganhar conseguir os cruzamentos.

No futebol, quanto mais a bola fica naquela região do gramado, maior é a possibilidade de haver equívoco individual, coletivo, no sistema de marcação, e de alguém conseguir a oportunidade de gol.

Treinador

Tite corrigiu isso no intervalo.

O sistema de marcação se posicionou alguns metros á frente e diminuiu a quantidade de lances do Atlético MG pelos lados.

Rotineiro

A grande fase ou, se preferir, o próprio futebol do Corinthians, fala aos outros times que não podem errar.

Edcarlos falhou no minuto 23, não conseguiu dar o 'chutão' para longe depois do cruzamento, e Jadson cruzou para Malcom, de cabeça, comemorar.

O jogo era equilibrado, com muita posse de bola no meio de campo e quase nenhuma oportunidade, após o intervalo.

O 1×0 alterou isso.

Como aconteceu em outras rodadas, o Alvinegro cresceu após fazer o gol e sobrou dali em diante.

Mexeu 

Levir Culpi tirou o Giovanni Augusto e abriu mão do volante Leandro Donizete, pois as circunstâncias do torneio, não apenas do jogo, exigiram que enfraquecesse o sistema de marcação para supostamente aumentar o repertório ofensivo.

Com Luan e Thiago Ribeiro, que sabem atuar pelos do ataque e marcam gols  [o ex-Santos, Cruzeiro e São Paulo podia fazer a função de segundo centroavante ao lado de Lucas Pratto], o argentino Dátolo e o colombiano Cárdenas na criação, mais os laterais Marcos Rocha e Douglas Santos apoiando constantemente, o time não criou mais oportunidades. e, obviamente, ficou vulnerável.

Fácil

Vagner Love, em frente ao goleiro, após mais uma assistência de Jadson, fez 2×0.

Tite colocou Cristian e tirou Rodriguinho no intuito de fortalecer a marcação no meio, e o mesmo com Lucca e Malcom para otimizar o contra-ataque.

O sistema de marcação do Atlético MG,  desnorteado, cheio de brechas, permitiu a tabela de Lucca, Vagner Love e Renato Augusto, e o atacante da reserva fez o gol.

Romero, quase no fim, entrou no lugar de Vagner Love, que foi importante nas partes tática e técnica.

Inquestionável

O placar do jogo foi consequência apenas dos erros e acertos dos jogadores.

Por isso, não se discute os méritos de quem ganhou.

Se o Atlético fizesse o gol antes do Corinthians, talvez conseguisse outros depois.

Assim funciona o esporte com mais seguidores em todo planeta.

Ficha do jogo

Atlético-MG – Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Edcarlos e Douglas Santos; Leandro Donizete (Cárdenas) e Rafael Carioca; Luan, Giovanni Augusto (Thiago Ribeiro) e Dátolo; Lucas Pratto
Técnico: Levir Culpi.

Corinthians – Cássio; Edílson, Felipe, Gil e Guilherme Arana; Ralf; Jadson, Rodriguinho (Cristian), Renato Augusto e Malcom (Lucca); Vagner Love (Ángel Romero)
Técnico: Tite

Árbitro: Heber Roberto Lopes (FIFA) Auxiliares: Kleber Lucio Gil (FIFA) e Fabricio V. da Silva (FIFA)


São Paulo não contratou Lugano, mas quer uruguaio
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De Vitor Birner

No dia seguinte à agressão de Ataíde Gil Guerrero, Carlos Miguel Aidar pensou em uma estratégia para tentar melhorar sua popularidade. Falou, para algumas pessoas influentes da agremiação, que havia acertado a contratação de Diego Lugano.

Queria que a notícia chegasse à imprensa e gerasse reação positiva de quem torce pelo clube.

Naquele momento, a quantidade de informações ruins sobre sua gestão era enorme e a insatisfação de conselheiros crescia.

Uma dessa pessoas que foram 'informadas' nessa tentativa de o ex-presidente plantar a notícia é amiga do uruguaio e ligou para confirmar.

Recebeu a seguinte resposta: '' Não acertei nada. Me mandou um email sem pé nem cabeça perguntando quanto eu queria ganhar para jogar no São Paulo, e nem respondi''

Possível

O contrato do zagueiro com o Cerro Porteño tem cláusula que privilegia o São Paulo, caso queira contar com ele no elenco.

A nova gestão do clube olha a possibilidade com muito carinho e tem interesse em contratá-lo.

Opinião

O elenco precisa de mais líderes.

Lugano, ex-capitão da seleção uruguaia, tem essa característica.

Não descobri nada sobre valores, mas é certo que, mesmo sob forte crise financeira, há possibilidade de concorrer com o time paraguaio e o amor do jogador pela agremiação do Morumbi.

Tudo isso indica para a possibilidade concreta do acerto.

De qualquer maneira, o mais importante é conduzir a negociação de maneira profissional,, pois alguém que é conhecido pelos torcedores do São Paulo como El Dios, não deve ser instrumento de populismo e questões políticas.

 


Ataíde entrega ao Conselho a causa da renúncia de Aidar: ‘Vou até o fim’
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birner

De Vitor Birner

Ataíde Gil Guerrero entregou, hoje, ao Leco, a gravação que citou no email ao Carlos Miguel Aidar e que redundou na renúncia do cartola. ''O áudio está entregue e eu vou ate o fim'', disse o dirigente após a eleição presidencial, que garantiu a vitória de Leco.

Carlos Augusto de Barros e Silva, que ocupa os cargos de presidente do Conselho Deliberativo e interinamente da diretoria, a encaminhou para a Comissão de Ética e Disciplina do Clube, formada por Antonio Luiz Belardo, Mário Lourenço, Wilton Brandão Parreira Filho, Renato de Albuquerque Ricardo e José Moreira

Antonio Luiz Belardo e Mário Lourenço eram da situação, enquanto Wilton Brandão Parreira Filho, Renato de Albuquerque Ricardo e José Moreira pertenciam à oposição.

Devem emitir um parecer e sugerir, se acharem que houve irregularidades, que seus beneficiários sejam advertência, ou suspensos, ou excluídos do quadro de associados.

Depois, o Conselho Deliberativo tem que votar favoravelmente para isso ser referendado.

 


Alexandre Mattos não é um mito, mas faz boa gestão no Palmeiras
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De Vitor Birner

Alexandre Mattos chegou ao Palmeiras como se fosse o redentor.

Ganhou o apelido de Alexandre 'Mitos' e foi transformado pelo imediatismo insano da parte maniqueísta da opinião pública, a mesma que precisa de heróis e vilões em tudo, no semideus capaz de tirar o time do purgatório de campanhas ruins e rebaixamento,  elevá-lo ao céu de melhor do país e, apesar de não participar da Libertadores, quiçá do continente.

Esses mesmos que criaram enorme expectativa a respeito do diretor técnico, hoje parecem frustrados com ele, apesar da possibilidade concreta de a equipe ainda ganhar um torneio.

De qualquer maneira, o clube não encerrará o ano como a agremiação mais competitiva de nosso futebol.

Antes

O erro, nesse caso, foi de quem criou o 'Mitos'.

No Cruzeiro, onde comemorou duas vezes o título nacional mais importante, os maiores investimentos, no início da montagem do elenco, foram em Dagoberto, Diego Souza e Borges.  E, mais tarde, no Júlio Baptista.

Na prática, esses experientes atletas foram coadjuvantes com alguma importância. Depois, Dagoberto e Borges, dependendo do momento, foram reservas, enquanto o meia-atacante hoje no Sport, ficou pouco mais de 5 meses na agremiação.

Ricardo Goulart, o melhor do elenco, e Everton Ribeiro, ambos trazidos como complementos, além de Lucas Silva que subiu das categorias de base, se transformaram em referências das campanhas, nos pilares das conquistas.

Normal

Ninguém, na realidade brasileira, consegue reformular o grupo de atletas, trazer duas dezenas e meia, e ter 100% de êxito.

Não há nenhum craque, aqui, capaz de garantir isso.

No contexto onde a maioria merece notas entre 5 e 7, a fase do jogador, o esquema tático, metodologias de treinamento, a gestão do futebol, a forma como são administrados os entreveros, tudo eleva ou piora o nível desses profissionais que trajam os mantos sagrados.

Ou seja; nem o cartola tem plena convicção que muitos escolhidos serão, de fato, reforços.

Competente

Isso não altera algo que parece quase inquestionável.

Ele merece muito mais elogios que críticas.

É preciso conhecer a realidade interna do Alviverde para embasar a opinião.

Na parte técnica,  montou elenco melhor que o anterior.

Quando quase foi rebaixado em 2014, o clube gastou cerca de R$ 45 milhões em contratações.

Depois que Paulo Nobre trouxe Alexandre Mattos, saíram dos cofres do clube pouco mais que R$ 30 milhões para construção de novo elenco.

O presidente tem mérito, porque a Crefisa como parceira, bancou, por exemplo, a chegada de Lucas Barrios e a manutenção dele.

A folha salarial quando o time quase caiu era de R$6 milhões mensais.

Atualmente é de R$ 6,9 milhões, que corresponde a um aumento de 15%, valor pequeno se a proporção de gasto financeiro e aumento de qualidade esportiva for a referência.

Mais de 80 jogadores (contando os emprestados e encostados) receberiam salário e esse número foi reduzido para cerca de 60, o que impediu a sobrecarga financeira com pagamentos aos jogadores.

Títulos

Tem gente que avalia o gestor apenas pelas conquistas.

Elas são fundamentais, mas não podem servir como referência única em curto prazo.

Se for assim, todo jogador, treinador e dirigente que perdeu um torneio será considerado incompetente.

Tal raciocínio induz a pífia ideia que Messi é grosso quando perde a Liga dos Campeões.

Futebol não funciona de maneira tão superficial.

Em breve

Alexandre Mattos não é o semideus que inventaram, mas sabe exercer seu papel.

Obviamente, tem que melhorar seus resultados no próximo ano se, financeiramente, a agremiação propiciar tal oportunidade.

O mesmo se passa na maioria das agremiações que atuam na elite de nosso futebol.


Santos coloca um dos pés na final; São Paulo melhorou, mas não o bastante
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birner

De Vitor Birner

São Paulo 1×3 Santos

Doriva tirou parte do gesso do seu time.

Dorival repetiu a proposta coletiva que faz o Peixe mostrar futebol de primeira linha no padrão nacional.

O entrosamento maior foi um dos trunfos para conseguir ganhar.

A maior capacidade de manter concentração, o padrão tático condizente com as características de seus atletas e a enorme superioridade santista nas finalizações, a dificuldade de o São Paulo marcar os cruzamentos nascidos em escanteios desde a chegada de Doriva, além das opções dos treinadores quando fizeram alterações ao longo do jogo, praticamente colocaram o Alvinegro na final.

Até se mostrar seu melhor futebol na Vila Belmiro, será complicado para a agremiação do Morumbi marcar a quantidade de gols necessária para se classificar.

Desobediência construtiva

O São Paulo marcou a saída de bola em grande parte do jogo.

Tomou a iniciativa e ficou na meia, trocando passes, tentando encontrar lacunas no sistema defensivo do Santos.

A proposta de jogo foi muito distinta da que Doriva tenta implementa,r e mais parecida com a de Juan Carlos Osorio.

Fiquei com a impressão que os jogadores, em especial os mais rodados, falaram com o treinador para alterar a forma de atuarem.

As lideranças do elenco tomaram a rédea e determinaram que o gesso colocado neles diante de Fluminense e Vasco fosse retirado, ou impuseram isso ao comandante, pois alguns atletas têm 'tamanho' para fazer isso em momentos importantes como na semifinal do torneio.

Se eu agregar ao raciocínio que Rogério Ceni, obcecado por títulos, provavelmente tem a sua última oportunidade de ganhar outro, fica ainda mais óbvio que houve a interferência positiva.

Houve alguns ajustes nessa 'osorização'.

O esquema tático foi o 4-2-3-1, com Michel Bastos e Pato pelos lados do trio de criação, e Ganso entre eles, todos perto de Luis Fabiano.

Os volantes Thiago Mendes e Rodrigo Caio apoiaram, assim como os laterais Bruno e Matheus Reis.

O São Paulo entrou no gramado do Morumbi para mostrar futebol porque tem condições técnicas.

Incômodo e proveito

O Santos não teve novidades na parte tática.

Dorival Jr formou o 4-2-3-1 com variação para o 4-4-2 e que, se o time tivesse mais frequência no campo de ataque, seria o 4-3-3.

No trio de criação, Gabigol e Marquinhos Gabriel atuaram pelos lados e Lucas Lima entre eles.

Como têm muita mobilidade, eles não necessariamente ficaram sempre no mesmo lugar.

Quando apenas dois retornaram para a linha dos volantes Renato e Thiago Maia, houve a flutuação, mas, quase sempre, o meio de campo contou com o quinteto e apenas Ricardo Oliveira ficou adiantado para ser acionado no contra-ataque, que foi a principal opção, antes do intervalo, para o time fazer gol.

Os santistas provavelmente esperaram enfrentar um time menos ousado.

Ao compreenderem o andamento do jogo, ficaram atrás, pois havia enormes lacunas para seus atletas velozes tentaram aproveitar, e investiram muito nos lançamentos longos.

Os gols

Luis Fabiano, tal qual sempre acontece em jogos decisivos desde quando foi recontratado, perdeu oportunidade de fazer a torcida comemorar após Ganso, que se esforçou muito, ganhar no carrinho e colocá-lo em condição de finalizar na área. No minuto seguinte, Lucão, de cabeça, quase superou Vanderlei.

O Santos não tinha ido ao ataque quando teve a falta na lateral, ainda na defesa, cobrada para Lucas Lima, na ponta, cercado por três atletas, receber a falta de Rodrigo Caio, Raphael Claus acertar ao mandar o lance seguir e Daniel Guedes tocar para Gabriel ficar em frente ao Rogério Ceni, que não conseguiu fechar o ângulo, e chutar com categoria no canto direito.

O resultado favorável reforçou a proposta de jogo de ambos os times.

Luis Fabiano, alguns minutos depois, na entrada da área perdeu outra oportunidade.

O empate aconteceu na jogada que não teve a participação do polêmico atacante. Michel Bastos acertou bonito lançamento  para Alexandre Pato, o lateral Daniel Guedes falhou no posicionamento, o atacante dominou com o peito e tocou com  classe no canto.

O São Paulo teve o lance que poderia garantir a virada.

Não por coincidência, novamente o centroavante não tocou na bola.

Pato cruzou para Ganso, que por jogar no entorno da área observou a brecha para entrar nela, ninguém o marcou e e, de frente para Vanderlei, errou o chute.

Doriva e a categoria

Li duas estatísticas, e não chequei nenhuma para saber qual é a certa, dando conta que nos últimos 24 ou 28 jogos com Osorio, o São Paulo não tomou gols de escanteio.

Desde a chegada de Doriva, que aumentou a quantidade de atletas na área para a marcar esses lances, o time levou um gol assim diante do Fluminense e outro contra o Vasco.

A média foi mantida frente o Santos.

O Alvinegro, salvo engano, não havia cobrado nenhum, mas logo após o intervalo, quando teve a oportunidade, levantou na área, a bola quicou, Renato cabeceou e Ricardo Oliveira, com muita categoria – a jogada foi muito mais difícil que as perdidas por Luis Fabiano – chutou de maneira inteligente, no canto, e recolocou o Peixe na frente.

O Santos, para não ter que ficar atrás olhando a torca de passes são-paulina, adiantou a marcação. Precisou mais 5 minutos, talvez nem isso, para Lucas Lima cruzar e Marquinhos Gabriel fazer outro gol.

Errado

Doriva decidiu tirar Michel Bastos, aos 9 minutos, e colocar Alan Kardec.

Escolher o atleta que não tem ritmo de jogo, pois passou mais de um semestre machucado, e tirar o experiente, que atuou de maneira convincente, especialista nos chutes de média distância importantes no gramado encharcado por causa da forte chuva, para investir em chuveirinho, foi algo baseado de novo no conservadorismo.

Até para implementar tal estratégia, teria sido melhor trocar o Mateus Reis ou o Luiz Eduardo pelo atacante e formar o 3-4-1-2 (3-4-3).

Tinha que posicionar o trio na zaga com o que ficou, Lucão e Rodrigo Caio, recuar o Ganso para ser parceiro de Thiago Mendes, posicionar Bruno e Michel Bastos (qualidade no cruzamento) nas alas,  Luis Fabiano e Alan Kardec como centroavantes e permitir que Pato se mexesse em busca de lacunas ou até se posicionasse, dependendo dp momento, como terceiro homem para aproveitar os cruzamentos.

Aos 23, após notar que o time não conseguia levantar tantas bolas na área, mandou Centurion ao gramado e tirou Luis Eduardo.

Dorival demorou

A entrada do argentino otimizou a capacidade de o sistema ofensivo conseguir os cruzamentos e chuveirinhos.

O treinador santista demorou para oferecer o antídoto.

Poderia recuar Thiago Maia, se não queria mexer na escalação, colocá-lo mais perto dos zagueiros, mas não fez isso.

Werley e David Braz ficaram em muitos momentos mano a mano contra a dupla de centroavantes.

Normal

Alan Kardec teve duas oportunidades em cruzamentos, uma mais difícil e pegou embaixo da bola, outra de cabeça que passou muito perto da trave e Luis Fabiano não conseguiu chegar na hora de fazer o gol, antes de Dorival reforçar a zaga com Paulo Ricardo no lugar de Gabriel.

Os erros de finalização foram normais, comuns, para quem não tem ritmo de jogo.

Depois da alteração, o Santos começou a ganhar a maioria das dividas por cima.

Mexeu

Reinaldo no lugar de Mateus Reis e Neto Berola no de Marquinhos Gabriel, restando poucos minutos, foram as opções dos treinadores.

O santista, nos acréscimos, acertou a trave e teve azar, pois a bola tocou em Rogério Ceni e não entrou no gol.

Pouco antes, Alan Kardec, de cabeça, desperdiçou outra oportunidade ao cabecear e ela sair rente à trave.

Com maior sequência de jogos melhorará o aproveitamento.

E, de qualquer maneira, foi mais efetivo na hora de se posicionar e conseguir finalizar, que o outro centroavante da agremiação do Morumbi.

Gustavo Henrique ocupou o lugar de Ricardo Oliveira para impedir o São Paulo de fazer outro gol.

Um pé inteiro e parte do outro na final

O São Paulo precisará fazer três gols na Vila Belmiro para tentar se classificar.

O Santos, além de mais entrosado e de contar com o centroavante melhor nas finalizações, atuará onde mais gosta, diante de seus torcedores, e sabe que terá o contra-ataque.

Entrará no gramado com  enorme favoritismo para chegar na final.

Será um desastre, ou façanha, dependendo da preferência por agremiação, improvável, se não confirmar a classificação.

Ficha do jogo

São Paulo: Rogério Ceni; Bruno, Lucão, Luiz Eduardo (Centurión) e Matheus Reis; Rodrigo Caio e Thiago Mendes; Michel Bastos (Alan Kardec), Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato; Luis Fabiano
Técnico: Doriva

Santos: Vanderlei; Daniel Guedes, David Braz, Werley, Zeca; Thiago Maia e Renato; Marquinhos Gabriel (Neto Berola), Lucas Lima e Gabigol (Paulo Ricardo); Ricardo Oliveira (Gustavo Henrique)
Técnico: Dorival Júnior

Árbitro: Raphael Claus – SP (FIFA) – Auxiliares: Rogério Pablos Zanardo e Carlos Augusto Nogueira Junior


Prêmio de melhor do mundo deveria ter apenas critérios esportivos
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birner

De Vitor Birner

Carlitos Tévez, autor de duas dezenas de gols no campeonato italiano, um dos maiores destaques da Juventus campeã Italiana e vice da Europa,  não foi colocado na lista dos 23 finalistas.

A agremiação deu um vareio no torneio nacional e, apesar de contar com elenco pior que o das maiores potências do continente, eliminou o Real Madrid na semifinal do promovido pela UEFA com um gol dele no jogo de ida, em Turim, quando a 'veccia signora' ganhou por 2×1 do favorito.

Não havia como ficar fora do grupo de atletas no qual foram incluídos James, De Bruyne, Kroos, Robben, Rakitic e Benzema, além de outros grandes jogadores que merecem elogios mas não tiveram desempenho superior ao do atacante.

Messi será eleito o melhor do planeta, com muito mérito, pois foi, de longe, o principal jogador nas conquistas do Barcelona.

Atuar em clubes gigantes aos olhos da elite econômica futebolística parece que conta para quem formula o grupo dos indicados.

Creio que se o 'hermano' preterido fosse, hoje, jogador de Barcelona, Real Madrid, Bayern de Munique, Manchester United ou de alguma grande marca européia, lembrariam dele.

Não foi a primeira vez que as questões políticas ou mercadológicas sobrepujaram as esportivas.

Luis Suárez, uma temporada antes, ficou fora das 5 primeiras rodadas da Premier League [o campeonato nacional mais difícil do planeta] porque foi suspenso.

Depois, atuou em todos os 33 jogos do Liverpool e marcou 31 gols, além de mostrar futebol espetacular.

Mas não foi colocado na lista dos 23 concorrentes ao prêmio porque a 'empresa' de Joseph Blatter foi rigorosa com ele no lance da mordida em Chiellini, considerada quase inofensiva pelo zagueiro, e o proibiu de permanecer com o elenco uruguaio ao suspendê-lo de maneira, tratada pelo cartola, como exemplar.

Por causa das investigações na entidade, o demissionário fornecedor de exemplos foi suspenso por 90 dias de suas funções por ''pagamento desleal'', além de ter assinado um ''contrato desfavorável'' quando negociou os direitos de transmissões de jogos para a federação caribenha por valor  muito inferior ao de mercado.

Não tenho como valorizar algo que pretensamente é de mérito apenas esportivo e que na prática parece ter a interferência de interesses do futebol como negócio.


Corinthians raciocina; Atlético-MG se perde nos nervos
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birner

De Vitor Birner

O Atlético MG terminou o turno quatro pontos atrás e jogando futebol superior ao do líder do torneio.

Restando vinte e um para cada equipe disputar, o time de Elias, Jadson e Renato Augusto soma oito a mais que o suposto concorrente ao título e mostra maior qualidade em campo.

O time dirigido pelo Tite evoluiu e o de Levir Culpi piorou um pouco.

O esporte, tal qual sabemos, de vez em quando contraria a lógica, mas precisará fazer isso de maneira radical para o troféu histórico não ficar com a agremiação de Itaquera.

As maneiras como atuaram, ontem, mostraram um abismo, não técnico ou tático, entre elas.

Atlético PR 1×4 Corinthians

Engana-se quem acha que a goleada em Curitiba foi fruto de um vareio.

O Atlético PR desde o minuto inicial tornou o jogo intenso, marcou forte, correu muito para tentar se impor diante de seus torcedores, conseguiu equilibrar as ações no meio de campo e impediu o Alvinegro de cadenciar o ritmo.

Mas a equipe do Tite mostrou a maturidade necessária para se adaptar rapidamente ao que foi proposto por Cristovão Borges.

Em nenhum momento ficou, de fato, acuada ou teve pressa de fazer o gol.

Esbanjou confiança e principalmente concentração, tal qual mostrou na maioria do returno, que não o deixam perder de vista o que planejou e treinou para ganhar.

Soube os momentos de alternar marcação na frente e no meio de campo, os de recuar e contra-atacar, os de tentar trocar passes no meio de campo, caprichou nos cruzamentos em faltas ou escanteios, e fez quase tudo de maneira eficaz.

Não havia criado nenhuma oportunidade quando Renato Augusto, o melhor em campo, marcou o gol de cabeça, após Jadson cobrar o escanteio e Gil tocar nela .

Isso forçou o Atlético PR  a adiantar o sistema de marcação.

O jogo seguiu rápido, intenso, equilibrado no meio de campo, difícil para ambas as agremiações e fácil para os goleiros, porque ninguém criou grandes oportunidades até Renato Augusto, em lance de contra-ataque gerado pelo posicionamento mais ousado de quem precisava ao menos empatar, lançou Vagner Love e o centroavante, com categoria, chutou de maneira que Weverton não tinha como intervir.

Depois o Corinthians recuou, pois podia se fechar e partir em velocidade à frente, mas Elias e Renato Augusto notaram Bruno Mota, de costas,  perto do círculo central e atrás do meio de campo, rapidamente chegaram nele, o volante retomou a bola, tabelou com o meia, entrou na área e deu assistência para o jogador da seleção comemorar.

Em suma, o Alvinegro, por causa da capacidade de ler o jogo, antes do intervalo praticamente havia ganho.

Os acertos técnicos e a consistência tática foram consequência da grande capacidade de raciocinar e manter a concentração para executar o que havia treinado, e implementar isso de acordo com as circunstâncias no gramado.

Sport 4×1 Atlético MG

Os jogadores do time de Levir Culpi entraram em campo pisando até o fundo do acelerador.

Eles querem muito o título, mas não sabem o que fazer com esse ímpeto enorme.

No Corinthians, onde o elenco tem mesmas ambições, tudo se transforma em concentração e paciência – o tal do foco como muita gente fala – enquanto no Galo essas emoções redundam na tensão que impede o raciocínio.

Foi impressionante como a agremiação, diante do Sport, se irritou por nada e rapidamente

Nervos geram erros como no gol de Mateus Ferraz, que cabeceou depois da cobrança de falta, na exclusão de Carlos porque deu carrinho [quis tocar a bola, notou que não conseguiria, tentou recolher a perna e fez a falta], aos 18 minutos, ainda no campo de ataque, em falha no lance do 2×0, pois Diego Souza e Hernane entraram na área e ninguém os marcou, assim como no 3×0, quando Elber recebeu a assistência e não havia alguém por perto para tentar impedi-lo de chutar forte e comemorar.

Antes do intervalo, o Sport resolveu o jogo com muita facilidade.

Não existe o abismo tático ou técnico capaz de simplificar tanto a missão da equipe treinada por Falcão.

O elenco do Rubro-Negro tem qualidade inferior se compararmos com o do Galo.

Com os nervos goleando o raciocínio, é impossível o Atlético ou qualquer agremiação cogitar a conquista do torneio de pontos corridos que exige regularidade.

Simples

O Corinthians mostra mais maturidade que o segundo colocado.

Jogos de futebol têm disputa psicológica, física, tática e técnica.

A que exige mais força e equilíbrio emocional interfere em todas as outras, pois aumenta ou diminui a confiança, a concentração e, consequentemente, tanto a qualidade na execução dos fundamentos quanto o cumprimento da proposta coletiva.

Nisso, a equipe de Tite tem goleado a de Levir Culpi.

Difícil 

Não há nenhum motivo, hoje, para alguém achar que da próxima rodada em diante tudo será alterado.

O futebol as vezes dribla a obviedade e apenas se fizer isso o troféu não terminará com os corintianos.

A tendência, grande, é que fique com eles.

Faça as contas e perceberá.

Os atleticanos precisam ganhar todos os jogos [isso diminuirá para 5 pontos porque se enfrentarão] e torcer pela brusca queda de rendimento da agremiação quase campeã.

Restante

O Corinthians receberá o Flamengo, e o Atlético MG a Ponte Preta na outra rodada.

Se forem mantidos os 8 pontos entre os líderes, não recomendarei que haja a comemoração de título porque a mística futebolística recomenda que a matemática dê o aval para o inicio da festa.

Antes disso, apenas quem é pé-frio grita ''é campeão''e compra faixa do titulo.

Lembro que depois dessa rodada será o jogo os protagonistas do post.

É muito confortável para o Alvinegro, no topo da classificação, entrar em campo sabendo que o pior que pode acontecer é diminuir a 'tranquilidade'  para 5 pontos, e complicado a quem almeja o feito -'Yer we Cam'' ter que ganhar para impedir o fim do sonho diante de seus torcedores.


Doriva detonando o castelo de sonhos de Juan Carlos Osorio
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birner

De Vitor Birner

Me coloco no lugar de Juan Carlos Osorio para imaginar o que pensou, caso tenha assistido ao Fluminense 2×0 São Paulo.

Deixou o clube com enorme carinho dos funcionários do CT da Barra Funda, incluindo a quase absoluta maioria dos atletas, por isso quer o sucesso deles. Além disso, é idealista na maneira de implementar a dinâmica de jogo e, por isso, ficou frustrado, triste, talvez indignado, se olhou a tentativa de Doriva colocar cores velhas e mofo na obra contemporânea que vinha criando.

O primeiro objetivo de um time gigante de futebol, ao entrar em campo, é ganhar.

O outro é conseguir da maneira como seus torcedores querem.

Não existe ninguém que, ciente da possibilidade de sua agremiação ficar mais com a bola perto do gol, prefere permitir que o rival inferior ou de nível similar na parte técnica, se imponha com troca de passes no ataque e tomae a iniciativa do jogo.

Necessidade, não convicção

Sou fã de sistemas de marcação fortes.

Aplaudo muito quando equipe como a Inter de Milão de Milito, Materazzi e Eto'o, apenas para citar um exemplo, perde um jogador por cartão e consegue parar o Barcelona de Guardiola, no Camp Nou, e se classificar à final da Liga dos Campeões.

Ali foi um choque de estilos realista, baseado em potencial individual e necessidade coletiva para, reitero, o time mais fraco atingir a, então, improvável conquista do torneio mais cobiçado na Europa.

Mourinho, relembro, colocou o camaronês em frente ao Maicon, como se fosse um ala defensivo em frente ao lateral, após ficar com um atleta a menos.

Não fez isso contra uma agremiação com elenco pior que o dos interistas

Escolha, não necessidade

Não há razão para o São Paulo se propor a atuar assim contra nenhum time do país.

Aqui, por causa dos dirigentes e da própria economia, falta de dinheiro para se montar um'Barcelona'.

Mas, por causa da filosofia de jogo de muitos treinadores e do apoio que recebem da opinião pública, não há sequer a possibilidade de prevalecer a ideia, que Osorio mostrou ser capaz de transformar em realidade, de jogar futebol moderno e ofensivo.

O amor pela obviedade

O primeiro passo de Doriva é a implementação do clichê, muitas vezes funcional, do que se faz, aqui, em quase todos os times.

O 4-2-3-1 conservador com flutuação, no máximo, dependendo do time, para o 4-1-4-1 [o volante atua na linha de quem fica na meia ], ou o 4-4-2 quando são formados os dois quartetos com uma dupla em frente.

O desenho tático nem é o mais relevante, pois em todos os esquemas citados podem ser ousados, dependendo da escalação e da dinâmica implementada pelo treinador.

Questão de filosofia

Há mais formas de atuar, como o próprio Guardiola mostra ou Luis Enrique fez, na última conquista de Liga dos Campeões, ao posicionar o Barcelona no 4-3-3 ofensivo e com marcação no campo de ataque.

Se o adversário tivesse a bola na frente, havia a 'flutuação' para o 4-4-2 com o recuo de Neymar ao meio de campo e a manutenção de Messi e Suárez adiantados.

O chile de Sampaoli, após iniciar, diante do Brasil, no moderno 3-4-1-2, foi alterado, ainda antes do intervalo, para o 4-3-3 e, assim, desmontou o ferrolho que Dunga tentou impor.

Entre os chilenos, havia apenas 3 atletas, em campo, que seriam titulares na seleção pentacampeã.

Um deles era o goleiro Bravo, que pouco pode interferir na dinâmica de jogo. A contribuição de quem atua nessa função se limita à capacidade no passe.

Os outros são Alexis Sánchez e Vidal.

Isso mostra o tamanho da importância da proposta coletiva e execução em alto nível dela.

Aquele 2×0 na estreia das eliminatórias foi uma vitória do presente contra o passado.

Coerente

Diante do Fluminense,  Hudson jogou ao lado de Thiago Mendes, o que piora, em tese, a qualidade do passe de um dos volantes.

Impossibilitado de escalar Carlinhos ou Michel Bastos (o primeiro treinou na lateral antes de se machucar), o treinador poderia optar por Breno e até Wesley [não mostrou ainda futebol confiável, mas ao menos tem características para fazer a função], mas preferiu o 'roubador' de bolas.

Tem lógica a escolha se levarmos em conta a ideia que pretende implementar.

O São Paulo não marcará com os 10 jogadores no campo de ataque.

Precisará reforçar o sistema defensivo em frente da área ou mais adiante, não muito, de acordo com o posicionamento.coletivo.

Perde qualidade para engessar taticamente

Isso gera outros prejuízos. No 4-2-3-1, o trio de criação contou com Rogério na direita, Pato do outro lado e Ganso entre eles.

Luis Fabiano foi o centroavante. A entrada do veterano e as orientações do treinador enterraram o que o time fazia melhor.

Como não houve a marcação na saída de bola, Pato e Rogério precisaram correr atrás dos laterais do Fluminense.

Antes, os laterais e atacantes dos rivais tinham que marcá-los, ao menos até o time cansar e ser alterado, durante os 90 minutos, por causa da filosofia de futebol  'osorista'.

Isso, obviamente, aumentou o desgaste físico, fez ambos ficarem menos com a bola e escondeu as principais virtudes deles.

O sistema ofensivo perdeu muita mobilidade, cada atleta 'grilou' um pedaço do território de jogo, pois não houve a troca de posições que confundia os marcadores.

A escalação do time foi ruim.

Rogério é destro e gosta de finalizar com a parte de dentro ou com o peito do pé.

Por isso, o ideal é que atue na esquerda ou como falso centroavante, onde pode trocar de função com Pato, que precisa jogar na mesma região do gramado, pois ambos aumentam a velocidade e a quantidade de dribles do time.

Na direita, o ex-Náutico tende a ir à linha de fundo, o que limita, um pouco, suas possibilidades.

Pato, impedido de procurar lacunas no gramado, é mais facilmente acompanhado pelos defensores.

O ideal seria colocar Guizao ou Centurion no lugar de Luis Fabiano para manter a velocidade e as trocas de posições.

Ou escalar Wesley no meio de campo e adiantar o Ganso.

O ex-santista, no esquema tático de ontem, precisa correr muito mais, pois o time retoma a bola mais atrás e a ele é forçado a percorrer maior trecho do campo para chegar na meia e perto do atacante.

Do jeito que Osorio preparou a equipe, muitas vezes já estava na meia, ou mais perto da mesma, quando o sistema defensivo cumpria seu objetivo.

Por isso tudo, o time ficou mais estático e a distância entre os atletas aumentou.

A proposta coletiva de Doriva é similar às que Muricy e Milton Cruz quiseram implementar e não funcionou.

Como Dunga

Thiago Mendes, com Doriva, lembrou Elias sob orientações do treinador da seleção.

Foi à frente apenas depois do 2×0.

Em suma, a dinâmica de jogo, que deveria ser mantida, foi esquecida para a criação de algo comum que pode ser eficaz.

Obviedade

O time tomou o gol de Fred no erro de Luis Fabiano [nem deveria ser titular e terá na Copa do Brasil, provavelmente, a última oportunidade de melhorar sua fraca terceira passagem pela agremiação] e depois, quando saiu para o jogo, ficou exposto ao contra-ataque e Marcos Junior fez 2×0.

Ou seja: foi um clichê conservador daquilo que pauta parte dos problemas do futebol nacional dentro dos gramados. Piorou na criação e na marcação.

Não esboçou, como time, a reação.

Ficou dependente da individualidade.

Simples

Com Osorio, o talento servia o coletivo. Antes e após dele, a habilidade teve e terá que prevalecer, mais vezes, por si.

Apenas depois do 2×0, quando Doriva soltou o time, o São Paulo, apesar de mal escalado para marcar na frente e fechar lacunas, cresceu um pouco.

É cedo para criticá-lo, pois o que ele pretende realizar pode, se for competente, render resultados e algum título.

Mas dificilmente será com futebol ofensivo, se impondo com a bola e atuando, tal qual a expressão sugere, como 'time grande'.

E apenas isso é um enorme prejuízo para quem, tal qual Osorio mostrou, poderia ganhar torneios de outra maneira.

Isso para não citar o aumento do cansaço por causa da obsoleta repulsa ao rodízio de jogadores.


Galo poderia golear o Inter; erros nos chutes tornaram o jogo mais difícil
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birner

De Vitor Birner

Atlético 2×1 Internacional 

O time de Levir Culpi foi muito superior.

Os erros de finalizações de Thiago Ribeiro e Giovanni Augusto, antes do intervalo, e de Cardenas, depois, assim como a falha do sistema de marcação no cabeceio preciso de Paulão quando houve o empate, tornaram mais tensa a conquista dos pontos que, de acordo com o andamento do jogo, poderia ter sido confortável.

O Galo precisa melhorar, noutros compromissos, e não é de hoje, a qualidade nas finalizações, para aproveitar o volume de jogo que impõe.

Internacional tem repertório ofensivo pobre, apesar da técnica dos atletas do sistema ofensivo permitir que seja mais forte nisso.

Argel ainda quer organizar a equipe, da defesa ao ataque, e não ainda conseguiu.

Por enquanto, investe apenas no congestionamento defensivo e tentativas mal executadas de partir em velocidade ao ataque, mas depende de cruzamentos feitos nas cobranças de faltas e escanteios.

Tem que evoluir para atingir o objetivo de disputar a próxima edição do principal torneio do continente.

Superioridade

O Galo se impôs desde o início do jogo. Tomou conta do meio de campo e, quase sempre pela direita, tentou criar lances de gol.

Luan, naquele lado do trio do 4-2-3-1, foi o mais acionado. Giovanni Augusto, no centro, se deslocou para lá. O lateral Marcos Rocha foi outro que participou constantemente das tentativas de o time achar lacunas no sistema defensivo.

Thiago Ribeiro, o outro 'meia', na prática foi atacante, tal qual prefere.

Como o sistema ofensivo foi acionado muito mais no canto oposto ao dele e quase não houve inversões de jogo,  tinha duas opções, ou se aproximava dos citados, ou tentava confundir o lateral Léo e a dupla de zaga Paulão e Réver, atenta ao Lucas Pratto, entrando na área como se fosse o segundo centroavante.

A tendência era que houvesse cruzamentos, pois o time forçou os lances por um dos lados do campo de ataque.

Dificuldade

Apesar de mandar na partida, o Atlético não conseguia a oportunidade clara para fazer 1×0.

Faltou maior participação ou de Leandro Donizete, ou de Rafael Carioca, ambos volantes, para tentar desmontar o sistema defensivo.

Mesmo assim, a impressão era que, em qualquer momento, encontraria a brecha para ficar em frente ao Muriel.

Simplificou

O erro de Dourado resolveu.

Colocou o braço na bola, pois chegou atrasado para interceptar o lançamento de Marcos Rocha ao Luan, perdeu o tempo da jogada, e fez o pênalti.

Lucas Pratto chutou da maneira certa e desmontou a proposta coletiva conservadora que Argel preparou nesses 10 dias de treinamento.

Fácil

O Internacional precisou sair de trás por causa do gol.

Mostrou repertório pobre e insuficiente para incomodar os atleticanos.

Valdívia, na esquerda, se mexeu muito para ser opção. Alex tentou cooperar e Ernando apoiou.

A troca de passes lenta e Anderson, do lado oposto ao deles, na meia, e 'longe' do jogo, travaram o time.

Restaram os cruzamentos, feitos de longe da área, para Lisandro López, único atleta nela, e que, por isso, pouco exigiram de Edcarlos e Jemerson.

A única tabela que o Inter conseguiu, pelo meio, terminou com Valdívia pedindo o pênalti inexistente.

Incompetência

A iniciativa de o time de Argel ir à frente criou enormes lacunas para o Atlético, no contra-ataque, em especial pela esquerda [ Luan tinha que recuar porque o Internacional forçou os lances ofensivos do lado dele] ampliar.

Thiago Ribeiro, em um desses, perdeu o gol na área.

Giovanni Augusto, noutro, desperdiçou a oportunidade ainda melhor, ao chutar na trave.

Com mais capricho no passe, ficariam outras vezes diante de Muriel.

De qualquer maneira, quem almeja ser campeão precisa melhorar a qualidade nas finalizações, pois são, talvez, o maior entrave do time no torneio.

No futebol, isso é justo

Aos 37, Paulão, após cobrança de escanteio, igualou.

Cabeceou de maneira precisa, forte, com muita facilidade porque não havia ninguém o marcando.

O Atlético retomou a iniciativa depois do gol.

O andamento da partida, antes do intervalo, sugeriu que o time de Levir Culpi merecia ganhar.

Mas os erros de finalização, como os de Thiago Ribeiro e Giovanni Augusto, a desatenção com o zagueiro artilheiro e a finalização elogiável no lance do empate, são frutos da competência na execução de fundamentos.

E isso cabe apenas aos atletas.

Nenhuma falha ou acerto deles torna irregular o resultado.

Apenas equívocos de quem deve fazer as regras serem cumpridas pode distorcer o que os jogadores realizaram.

Ganhar

O Galo não podia empatar.

Tinha que ir para cima.

Fez isso mais pelo lado direito e, dali em diante, com maior frequência de Leandro Donizete na meia.

O Internacional permitiu o apoio dele, pois ficou muito recuado, congestionou a área, e quis impedir Muriel de intervir com dificuldade.

No minuto 23, Douglas Santos finalizou na área após lançamento feito pelo volante, o goleiro deu rebote e Marcos Rocha, com muita facilidade, chutou e comemorou.

Trocas e manutenção

Anderson havia saído para Vitinho ir ao jogo.

Patric ocupou o lugar de Thiago Ribeiro.  Aos 25, Cardenas entrou no de Giovanni Augusto.

Junto, Alisson Faria foi ao campo no de Valdívia.  Aos 30, Alex se machucou para Rafael Moura ter a oportunidade.

Ambos os treinadores tentaram otimizar seus sistemas ofensivos.

O do Atlético com intenção de melhorar o passe, o lançamento por baixo, e Argel fortalecendo os lances por cima na área.

Outro

O Internacional foi para cima,  de maneira desorganizada, em busca do empate, e o Atlético, mais uma vez, ganhou enormes brechas para fazer o gol no contra-ataque.

Cardenas, lance assim, driblou dois marcadores antes da linha que divide o gramado, carregou a bola por alguns metros, em velocidade, tocou para Lucas Pratto na direita, recebeu o passe na pequena área, Muriel de frente para ele impediu e, no rebote, o colombiano. muito perto do gol, acertou a trave.

A perda doutra grande oportunidade não complicou o time.

Mas é preciso, reitero, ser mais eficaz.

Ficha do jogo

Atlético – Victor; Marcos Rocha, Edcarlos, Jemerson e Douglas Santos; Leandro Donizete (Pedro Botelho) e Rafael Carioca; Luan, Giovanni Augusto (Cárdenas) e Thiago Ribeiro (Patric); Lucas Pratto
Técnico; Levir Culpi

Internacional – Muriel; Léo, Paulão, Réver e Ernando; Nilton e Dourado; e Anderson (Vitinho), Alex (Rafael Moura) e Valdívia (Alisson Farias) ; Lisandro López
Técnico: Argel Fucks

Árbitro: André Luiz de Freitas Castro (GO) – Assistentes: Fabrício Vilarinho da Silva (FIFA-GO) e Bruno Raphael Pires (asp.FIFA-GO)