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Rogério Ceni; o voto salvador, o Mito e a trajetória de um ícone do futebol
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De Vitor Birner

Chamar Rogério Ceni de um grande goleiro, craque entre as traves ou algo nessa linha não resume o tamanho do jogador para a história do esporte e principalmente do São Paulo.

Conseguiu subir mais degraus além dos que a técnica permite, ao ser quem o torcedor reverencia, que o faz sentir representado em campo, fato raríssimo no futebol atual de ídolos sazonais, onde é cada vez mais difícil enxergar o jogador com apenas um manto sagrado.

Talvez não tenha terminado a carreira deste ícone na agremiação do Morumbi.

Pode ser a última vez, se a configuração do futebol contemporâneo não for alterada, que qualquer clube de nosso país acolheu, ensinou, contribuiu para o crescimento do ser humano com sonho de ser jogador, e que a retribuição tenha sido tão plena, pois não pode ser esquecida em nenhum relato honesto sobre o último quarto de século dentro dos gramados.

O mais longo elo e herança da Telê Santana foi encerrado ontem, em noite com magistral participação da nação são-paulina, atualmente com orgulho ferido pela realidade da instituição, mas curado não sei até quando pelo orgulho e satisfação de presenciar o 5×3 no jogo entre seus esquadrões campeões da América do Mundo.

Além da fronteira     

Os feitos, tamanho e identificação de Rogério Ceni com a agremiação são conhecidos nas Américas, onde 'periodistas' e 'hinchas' têm sempre palavras especiais reservadas ao artilheiro.

Não foram poucos os relatos de amigos em viagens pela Argentina, Uruguai, Chile e México, que nas conversas cobre futebol escutaram elogios ao goleiro; Juca Kfouri, por exemplo, em terras astecas, pegou um táxi e o condutor era fã do jogador.

Quem acompanhou a trajetória dele desde o início, sabe que demorou para conquistar isso e despendeu muito esforço.

Sonho quase impossível

Zetti, por mérito, é um dos goleiros mais idolatrados do São Paulo.

Jogou no time espetacular, [melhor que o de 2005] onde fez 'milagres', ganhou Libertadores, Mundiais, o campeonato nacional, estadual e entrou para o rol dos maiores jogadores do clube na posição, no qual o trio principal era formado por King, Poy e Waldir Peres.

Não foi das missões mais simples substituir alguém tão importante.

O rapaz que saiu de Sinop para as categorias de base alojadas no Morumbi queria fazer parte daquilo, mas assumiu o lugar do consagrado no momento do declínio de qualidade no elenco.

Era impossível para ele e qualquer outro, na época, manter o padrão. Até hoje o país não teve outro time mais forte que o montado pelo eterno mestre Telê Santana.

Nenhuma torcida com o hábito de assistir futebol arte aceita, facilmente, algo pior.

No mínimo quer a manutenção dos resultados.

O investimento da Parmalat na formação de outra máquina de jogar futebol, em uma equipe com a qual o São Paulo rivaliza, tornou ainda mais difícil a realização dos sonhos de ganhar tudo.

Em meio a tanta pressão, Rogério Ceni tinha apenas um benefício raro.

O conhecimento dos caminhos, por ser reserva em 1993, a seguir.

Estágio

A saída de gol era uma das dificuldades de Rogério Ceni.

As duplas de zaga e os times no início dele como principal goleiro do elenco eram, se tanto, medianas, o que exigiu mais do goleiro durante os jogos.

Tenho convicção que tal fragilidade o fez ser melhor.

Falo de alguém conhecido por ser o primeiro a chegar e último a sair do CT da Barra Funda.

Aprimorou tal fundamento e tantas outras virtudes, entre elas o passe, a reposição de bola que observou Telê Santana exigir muito de Zetti, e depois as cobranças de faltas.

Ainda um coadjuvante 

O troféu do estadual em 1998, primeiro que ganhou como principal goleiro, quando o torneio ainda tinha relevância, foi acima de tudo do Raí.

O São Paulo perdeu o jogo de ida para o Corinthians e o camisa 10 do PSG chegou apenas no jogo seguinte, brecha pífia que o regulamento permitia.   Nelsinho Baptista fez, então, o simples e preciso.

Colocou o recém-contratado na meia, tal qual o óbvio exigia, adiantou Denilson, que com seu egoísmo e dribles perdia as bolas no meio de campo e fornecia muitos contra-ataques aos oponentes, como atacante pelo lado onde era mais difícil marcá-lo, deslocou França que exercia essa função para a de centroavante, posição na qual rendia mais, e mandou Dodô, atleta de pouca raça e que sumia diante do Alvinegro, à reserva.

O goleiro, apesar de importante, não pode ser considerado como uma das referência do êxito no torneio.

Como protagonista

O Santos, em 2000, foi o clube contra o qual Rogério Ceni foi campeão pela primeira vez como protagonista.

Tinha evoluído muito como goleiro, se tornado ídolo da torcida ao lado de Raí e talvez do Vágner no elenco, e fez, de falta, o gol no empate que garantiu o êxito.

Política quase interrompeu história

Paulo Amaral, eleito presidente em 2000, fez o possível para finalizar a história do goleiro na agremiação.

Rogério Ceni foi, naturalmente, aos poucos, assumindo o papel de líder, pois era o ídolo da torcida.

O cartola não se incomodava com os resultados de campo e geria a agremiação como se as prioridades fossem a manutenção das finanças equilibradas e a negociação de jogadores, e não o aumento de conquistas dentro dos gramados.

O goleiro ficava indignado, pois Palmeiras e Corinthians eram melhores e não havia perspectiva alguma, como aquele gestor, de isso ser alterado.

Na época mais reativo, não fazia nenhuma questão de, internamente, silenciar sobre o tema.

Em ascensão técnica e atuando no São Paulo com cara de loja de jogadores, o mercado especulou, então, sobre propostas para ir embora.

Falou-se, na época, em fases distintas, de Corinthians, Internacional, o clube predileto de Rogério Ceni na infância, e do Cruzeiro.

A outra, que gerou maior entrave, foi a sondagem do olheiro do Arsenal, pois os 'gunners' queriam alguém para substituir David Seamen, quase quarentão, e e o ideal seria que houvesse, antes, prazo para o contratado se adaptar .

Aos que não creem, lembro que o britânico, em 2003, deixou o Highbury,

Questionei o José Dias, diretor de futebol, sobre a possibilidade de ir para o Alvinegro.

Ele afirmou que isso não aconteceria, e que prometera e acertara o aumento salarial do goleiro.

Logo em seguida surgiu a polêmica da falsificação da oferta, que rendeu 28 dias de suspensão das atividades de Rogério Ceni com o elenco.

O prazo foi estipulado porque a CLT permitia até 29 com suspensão de salário, pois 30 representariam o afastamento e a obrigação de ser pago.

O presidente poderia simplesmente determinar que o goleiro não atuaria mais no São Paulo.

Preferiu irritá-lo como possível.

O inesquecível fico

No buffet na Avenida Angélica, após o anúncio do afastamento e o período de silêncio, Rogério Ceni deu entrevista dizendo que permaneceria, contrariando a expectativa da opinião pública, que tinha convicção sobre a saída.

Origem do apelido de Mito

Não sou de ficar destacando meus furos de reportagem ou analises sobre futebol que contrariam a maioria e depois se mostram concretas, apesar de isso render audiência.

Auto-elogio é algo prepotente, piegas, ainda mais por apenas cumprir minhas obrigações profissionais. Jornalismo, creio, deve ser um exercício de humildade em prol do coletivo, o rico aprendizado, e não o alimento do ego faminto.

Não encare o que descreverei como um mérito, pois foi coincidência.

Fui um dos únicos profissionais de imprensa que apoiou publicamente o Rogério Ceni no entrevero com o cartola.

Antes disso, por causa do comprometimento maior que o da maioria do elenco, comecei a chamar o goleiro de Mito, Depois, por avaliar a gestão como péssima, fiz isso ainda mais, inclusive nos programas da Rádio CBN, o que me rendeu alguns questionamentos profissionais.

Algumas pessoas se lembram.

José Diniz, jornalista da Gazeta e assessor de imprensa dele naquela fase, e André Carnielli, amigo que labutou dentro da casa do goleiro por cerca de uma década, foram alguns que acompanharam.

Esse último era goleiro nos jogos de brincadeira e fez um site em homenagem a ele muito antes de conhecê-lo, quando não havia nenhuma página do atleta na internet.

Apelidei simultaneamente o profissional de Mito e o amigo, fã incondicional daquele que hoje é conhecido pela alcunha, de 'falso mito', tal qual até hoje brinco.

Em suma, ela surgiu por causa da postura de Rogério Ceni, não pelas conquistas que, tenho absoluta convicção, fizeram o apelido pegar e ser firmado.

O voto que alterou tudo

Minha convicção que a gestão era muito ruim me fez preferir Marcelo Portugal Gouvêa, o escolhido pela oposição, zebra durante a campanha, na eleição contra Paulo Amaral, e de novo fui quase um dos únicos a apoiá-lo de maneira contumaz e pública durante a campanha.

O outro que me lembro foi Juca Kfouri, no CBN Esporte Clube, que referendava isso para o São Paulo ser forte novamente.

A reeleição representaria a manutenção da gestão que negociou atletas por fortunas e contratou mal, a maioria pagando pouco e com potencial maior de revenda que de ganhar torneios, além do provável fim de Rogério Ceni na agremiação.

Mas o resultado muito apertado e favorável à oposição alterou os rumos da história.

Se apenas um dos conselheiros que optaram por MPG tivesse alterado o voto haveria o empate e o então presidente, por ser o mais velho entre os dois,  continuaria no cargo por mais dois anos.

Em suma, a saída de Rogério Ceni, assim como as posteriores conquistas do Mundial, Libertadores e do trinacional neste século, por uma bendita opção de conselheiro, puderam acontecer.

Foi Juvenal Juvêncio o principal articulador na campanha e quem implementou a política de formação do elenco campeão, tal qual é possível ler no post anterior do blog.

O início da era gloriosa

Desde 1996, quando Zetti foi negociado, o novo aposentado se tornou o o goleiro principal.

A terceira colocação no campeonato brasileiro em 2003 garantiu a classificação à Libertadores do ano seguinte, a primeira de Rogério Ceni para o torneio que mais aprecia.

O time foi eliminado na semifinal, como o treinador Cuca cita, no último minuto, com gol impedido do atleta pego no exame antidoping, mas a base foi mantida.

Finalmente realizou os sonhos

A forma do goleiro na parte técnica era impressionante naquele momento.

Como nunca foi dos mais simpáticos, os rivais faziam questão de falar que brilhava apenas por fazer gols em faltas e pênaltis.

Mas, embaixo das traves, se manteve entre os melhores do mundo por longo prazo, além de ser líder construtivo no elenco que tinha outros.

Aquela temporada na conquista da tríplice coroa foi a mais espetacular dele.

Em 2005 conseguiu sua  maior artilharia da carreira e intervenções impressionantes, tudo coroado com aquela impossível, que nem ele mesmo conseguiria de novo, na decisão contra o Liverpool, em que Gerrard cobrou a falta no ângulo.

Rogério Ceni sequer tinha as condições atléticas ideais para atuar.

Ficou tanto com gelo no joelho, que seu quarto, no hotel de Yokohama, tinha o chão encharcado.

Quem lê o post e observa com senso crítico a dedicação do goleiro é capaz de compreender como seria para alguém tão obstinado não entrar naquele jogo.

O erro mais marcante

Na Copa Libertadores seguinte, ele falhou em um dos gols do Internacional no Beira-Rio, mas fez grande torneio.

Além disso, Lugano desperdiçou oportunidade e o maior problema do time, naqueles jogos, foram as escolhas de Muricy ao começar com Aloísio, na reserva, no Morumbi contra a agremiação que cometia equívocos na marcação dos cruzamentos, e principalmente, em Porto Alegre, ao se equivocar nas alterações.

O treinador havia falhado contra o Estudiantes, em Quilmes,  mas o time, nos pênaltis, diante de seus torcedores conseguiu se classificar na série alternada de pênaltis, com a contribuição do goleiro que pegou o de Alayes.

Naquele ano, ele foi fundamental para o clube iniciar a até hoje inédita sequência de três conquistas seguidas no torneio de pontos corridos.

Não caiu de rendimento nos dois outros que completaram o tri e assim continuou mesmo quando os troféus rarearam.

O São Paulo não ficou no topo porque o elenco piorou e não por declínio técnico dele.

Mesmo assim, em 2009 bateu na trave para ganhar outro brasileirão e chegou à semifinal, ano seguinte, da Libertadores.

A natureza sempre é soberana

Não tenho como precisar, com exatidão, quando seu desempenho piorou para merecer questionamentos.

Minha impressão é que foi há 3 anos,  sob o comando de Ney Franco, com quem teve entreveros desde quando o mandou colocar Cícero num jogo, houve a recusa e a afirmação do treinador de que é pago para escalar o time e o goleiro defender embaixo das traves.

O clima interno, com noticias infundadas sobre rejeição do elenco ao técnico, quando de fato havia um racha entre os jogadores sobre isso, tornaram inviável a formação de equipe consistente.

Desde então, aumentaram as oscilações no desempenho individual, a irritação notória quando não declarada com o que acontecia no CT da Barra Funda, e uma série de outras dificuldades.

Dali em diante não conseguiu mais ser o líder que o time necessita.

Acho que cometeu equívocos, mas, ressalto, crendo que fazia o melhor pela agremiação.

Não conseguiu assimilar a ideia de atletas com poucas realizações na carreira não terem determinação como a dele, Lugano, Fabão, Mineiro, Danilo, Josué e doutros com quem atuou.

Se aposentou com a mesma garra de ganhar, sendo o primeiro a chegar e o último a ir embora nos treinamentos.

Talvez devesse ter encerrado a carreira aos 39 anos, pois é normal que não seja capaz, porque o corpo não deixa, manter o padrão que exigia de si mesmo.

Mas não deve ser criticado por insistir, pois a gente, nesses momentos, demora a entender os recados da natureza e tenta ganhar dela, o que é uma utopia antropocentrista comum e fruto do jeito que a sociedade nociva para nós, a qual valoriza mais o resultado que o esforço para obtê-lo.

Polêmica inútil

Tanto faz se o Rogério Ceni foi o maior jogador desde a fundação do São Paulo.

A geração com cerca de 30 anos ou menos dirá que sim. Eu considero o Raí o maior.

Alguns, mais velhos, falam Zizinho, Canhoteiro, Leônidas, Maurinho, Roberto Dias, Pedro Rocha… e outros.

Isso é completamente irrelevante.

Todos agregaram muito para a história que tem o goleiro como recordista de jogos e um de seus maiores campeões.

 


Ceni, lutas, PSOL… Os bastidores pouco conhecidos de Juvenal no São Paulo
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De Vitor Birner

Como diretor de futebol, Juvenal Juvêncio foi fundamental para o São Paulo ganhar os títulos estaduais em 85, 87 [eram muito mais importantes que hoje] e em 2005, o campeonato brasileiro em 86, e a Libertadores e o Mundial de 2005.

No cargo de presidente da agremiação comemorou o Paulistão de 1989, o tricampeonato nacional e a Copa Sul-Americana.

Foi um dos dirigentes com melhores resultados na história do futebol.

Marcelo Portugal Gouvêa

Mas resumir as suas gestões nos títulos é algo pobre.

Marcelo Portugal Gouvêa, saudoso presidente do clube, conseguiu ser eleito quando era oposição porque Juvenal Juvêncio ficou ao seu lado na articulação da campanha.

Naquela noite de 2002, no salão nobre, após ganhar por dois votos de Paulo Amaral, um dos piores cartolas da história da instituição, com enorme sorriso e em frente aos conselheiros, fez o seu discurso inaugural na presidência em agradecimento ao senhor que nesta quarta-feira teve a experiência inevitável para todos seres da soberana natureza.

Não haveria o Mito

A eleição de Marcelo Portugal Gouvêa foi crucial para Rogério Ceni no São Paulo.

A ideia de Paulo Amaral era negociar o jogador. Fez o possível para ele pedir para ir embora.

A probabilidade de o goleiro permanecer, caso a então oposição perdesse e Paulo Amaral ficasse no cargo, era irrisória.

Reeleição

No primeiro de Marcelo Portugal Gouvêa houve altos investimentos para montagem do time, como a contratação de Ricardinho, e nenhum troféu relevante.

O dinheiro, por conta dos gastos no futebol, minguou e o dirigente cogitou renunciar se Juvenal Juvêncio não aceitasse dirigir o departamento de futebol.

Ganhador

O ''sim'' garantiu a permanência de Marcelo Portugal Gouvêa, a candidatura, outro mandato e o início de uma era de conquistas.

Juvenal Juvêncio, atento às novidades da Lei Pelé, montou, com baixo investimento, o elenco campeão Mundial e da Libertadores.

E depois, com um pouco mais de dinheiro, o time tricampeão do torneio de pontos corridos.

Patrimônio

Juvenal Juvêncio reformou o Morumbi quando caía aos pedaços e construiu o CT de Cotia.

Ficava feliz ao caminhar pelos locais, tateava as paredes do estádio, comentava que não existiam infiltrações e rachaduras, exaltava a qualidade do gramado, e falou uma de suas frases folclóricas e sinceras ao chamar o palco dos jogos de sacrossanto.

Política e coragem

Os dirigentes de quase todas as agremiações tinham 'medo' de Ricardo Teixeira.

Diziam amém para tudo que o presidente da CBF queria.

Marcelo Portugal Gouvêa foi, numa das reeleições do hoje morador de Miami, o único a não apoiá-lo ao anular o voto.

Juvenal Juvêncio como presidente tornou a oposição mais ferrenha, em princípio por questão ideológica e depois, principalmente, porque foi driblado quando abriu mão das convicções para se juntar ao bloco dos 'teixeiristas' na eleição da entidade, em tentativa de trocar seu apoio por jogos da Copa do Mundo no Morumbi.

Ganhou dele na eleição do Clube dos 13.

Sabia que os líderes de outros clubes se aproveitariam disso, obviamente em detrimento do que é melhor ao futebol e dependendo do caso para a própria população, no intuito de conseguirem o que pretendiam, tal qual houve. Tinha ideia que ficaria impopular, mas nem assim alterou os rumos.

Marco Polo del Nero foi mais um com quem teve alguns entreveros.

O ápice, após muitas questões de bastidores que não devem ser mencionadas, foi à vésperas da última rodada do Brasileirão na conquista do hexacampeonato, quando o ainda presidente da Federação Paulista supôs e sugeriu que havia compra do resultado.

Por conta disso, Juvenal Juvêncio pediu aos advogados do clube para entrarem com ação.

Ao notar que realmente poderia ser suspenso, Marco Polo del Nero pediu para quem convivia com Juvenal Juvêncio convencê-lo a esquecer aquilo que iniciou.

Irredutível, não aceitou e o cartola hoje licenciado por causa do FBI foi suspenso por 90 dias de sua função, algo inédito em nosso futebol.

Cada torcedor avalia isso como achar melhor.

Esses posicionamentos, com exceção ao acordo frustrado, políticos e sociais são dignos de encher de orgulho quem ama a agremiação.

Não há como reclamar, por exemplo, de qualquer governo por causa de corrupção e comemorar os resultados no gramado gerados em parte pelo apoio ao 'establishment' conseguido na brecha de quem não quis fazer o jogo.

O declínio na soberba

Os resultados, o elenco superior ao dos concorrentes e a estrutura do futebol elogiada fizeram o dirigente ter mais certezas que as necessárias.

Não percebeu, poe achar que tudo por ele planejado funcionaria, que suas escolhas nem sempre eram melhores que as dos presidentes de outros clubes.

Não cogitou que esses faziam o possível para alcançar a sua gestão e tinham capacidade disso.

Em suma, sentou no confortável trono da soberba e, com plena sensação de que não podia ser ultrapassado, começou a errar mais que outrora.

Além disso, gastou muita energia nas questões contra Ricardo Teixeira que tiraram seu foco da gestão do CT da Barra Funda.

Nunca mais o local teve líder capaz de agregar o elenco e fazê-lo mostrar união e raça regularmente no gramado.

Centralizador e repressor

Juvenal Juvêncio não foi democrático.

Tinha muito mais apreço pelo poder que por qualquer regalia oferecida no cargo.

Para mantê-lo  optou por utilizar as ferramentas que o mesmo disponibiliza, conseguiu suprimir a oposição, o que inevitavelmente, cedo ou tarde, seria ruim para a instituição, tal qual o desenrolar disso mostrou.

Fundamental: quando foi oposicionista, não aceitou diretorias para apoiar quem não achou competente.

O terceiro e antiético mandato refletiu a maneira de ele enxergar o poder.

A gestão do clube nessa fase ficou muito abaixo do padrão que ele mesmo construiu.

Tomou decisões por pressão da torcida.

As rédeas do CT da Barra funda foram ficando maiores até não conseguir mais, com suas idas ao local e apesar de ser respeitado pelos jogadores, retomá-las.

Tinha que fazer alterações que o tornariam muito impopular com a torcida, achou que com paliativos colocaria tudo em ordem, e não conseguiu.

Nessa época, a doença que causou o desencarne o fez ir, muitas vezes, ao hospital, fato que ele e a família preferiram manter em sigilo.

Último equívoco

A opção por Carlos Miguel Aidar foi fruto da preocupação de perda da eleição e consequentemente do poder.

Achou que teria ascendência sobre o escolhido, não conseguiu tal qual alguns comentaram quando não indicou Carlos Augusto de Barros e Silva ou Roberto Natel como candidato, e prometeu,  ao saber o que havia na gestão, salvar o São Paulo antes de morrer, pois não queria carregar isso ao túmulo.

Curiosidades

Juvenal Juvêncio foi ao PSOL, na última candidatura de Plínio de Arruda Sampaio para presidente, falar que pretendia declarar apoio e talvez ajudar na campanha.

O partido não aceitou.

Aos amigos com quem debatia política, citava episódios e ideias de Mao Tsé-Tung, o que explica muitas decisões que tomou na agremiação do Morumbi.

A política, os cavalos, a esposa, descendentes que tiveram, o São Paulo e principalmente o neto, filho de Marco Aurélio Cunha, foram as grandes paixões dele.

Torcida

Será espetacular se o monte de críticos de Juvenal Juvêncio, que acham pequena tal contribuição ao São Paulo, conseguirem oferecer mais que ele à instituição.

Conquistem maior quantidade de troféus, agreguem mais ao patrimônio da agremiação e serão reverenciados pelos milhões que amam a agremiação.

Meus sentimentos

Que Deus receba a alma dele e conforte seus parentes e amigos.


Santos queria Rafael Marques e negociou antes da final
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De Vitor Birner

O Santos, antes de jogar as finais, procurou Eduardo Uram, empresário de Rafael Marques, para tentar contratar o atacante assim que o empréstimo com o Palmeiras terminar.

Depois de o atleta postar no Instagram; ''Se meia dúzia de gato pingado é alçapão, 40 mil será o que?'', comparando as torcidas dos clubes e elogiando a alviverde, e de criticar Ricardo Oliveira ainda no gramado, quando comemorou a conquista, não há mais clima, ao menos em princípio, para atuar no time do litoral.

Formalidade do mercado

O agente do Rafael Marques negou que a agremiação de Vila Belmiro negociou para reforçar o elenco com seu cliente.

Afirmou que a preferência do jogador é permanecer no atual clube, emprestado até o fim do mês,, e que essa é a única negociação em andamento.

Mas há outras agremiações, como Grêmio, dispostas a investirem no profissional que possui contrato com o Henan Jianye, quinto colocado na última edição do principal torneio de futebol no país.

Faz cerca de um mês, Eduardo Uram declarou na Fox Sports que havia 'minimamente 5 ou 6 interessados'' no futebol do jogador.

Questionei sobre isso e ele não quis sequer confirmar quais. O do Olímpico e o grande paulista que não se classificou à Libertadores são dois deles. .


São Paulo mereceu a vaga destinada ao menos incompetente
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De Vitor Birner

O torneio de pontos corridos disponibiliza quatro lugares e não havia, entre as duas dezenas de concorrentes, quantidade necessária de agremiações que mostraram regularmente futebol de qualidade para preenchê-las.

Por isso, apesar de parecer contraditório com o que houve na política do Morumbi, o São Paulo mereceu a classificação à Libertadores.

A falta de garra tão citada nas reclamações de seus torcedores talvez tenha sido pior em outros lugares.

O Internacional, com seu elenco caro, foi assim em muitos momentos, além de se equivocar ao mostrar bilhete azul ao Aguirre. Tinha  'saldo negativo' de um gol antes de ganhar dos reservas do Cruzeiro e garantir a quinta colocação.

O Flamengo não foi exatamente o que podemos chamar de um clube com funcionários plenamente comprometidos e escolhas ideais de seus gestores do futebol.

Gastou uma fortuna, reforçou o elenco durante a janela de transferências , e ficou atrás de Ponte Preta, Atlético PR e Sport, todos com menos dinheiro, Saiu do gramado derrotado em 50% dos jogos.

O Cruzeiro se auto-sabotou ao demitir Marcelo Oliveira para contratar Vanderlei Luxemburgo,

O Santos no 1° turno ganhou meia dúzia das 19 partidas, empatou mais 6 e perdeu 7,. Não foi constante no torneio longo.

O Palmeiras despencou no returno. Caiu muito de rendimento quando em tese seria mais forte por causa do entrosamento.

Houve desacertos em diversos clubes. O São Paulo, talvez por contar com maior quantidade de atletas que têm capacidade técnica de resolverem os jogos em lances individuais, ganhou o prêmio ao melhor incompetente.

Sport, Ponte Preta e Atlético PR não têm grana para competir com os gigantes.

O Rubro-Negro, por pouco, não realizou a façanha.

Merecem elogios pelo que realizaram com menos recursos financeiros.


Palmeiras ganha ação contra David Braz e Panathinaikos
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birner

De Vitor Birner

A Corte Arbitral do Esporte determinou que o zagueiro e os gregos paguem cerca de R$ 2,8 milhões (valor não é exato por causa cotação do Euro) à agremiação que o revelou para o futebol.

A decisão foi tomada faz dois meses.

O Alviverde ficou com 70% da monta.

O restante é dos parceiros que possuíam direitos econômicos sobre a transferência.

A saída

O atleta chegou em 2002 ás categorias de base do Palmeiras.

Subiu à principal em 2008, quando chegou a ser titular antes de se machucar.

Naquela temporada conseguiu a liminar para rescindir o vínculo profissional e assinou com o Panathinaikos.

Os advogados dele alegaram, na Justiça do Trabalho,  que o cliente não queria renovar, mas havia o contrato de gaveta e o Palmeiras o registrou para manter o zagueiro.

A liminar invalidou, provisoriamente, o novo contrato.

Marcou todos os gols possíveis

O time, hoje, do Alliaz Parque, foi aos tribunais trabalhistas questionar.

Afirmou que a renovação do contrato aconteceu em comum acordo.  Ganhou em primeira instância, na segunda e no TST.

Do outro lado do Atlântico

Pegou todas as decisões favoráveis e foi ao tribunal da Fifa.

Impetrou ação, faz cinco anos, contra o jogador e o time helênico.

Alegou que os gringos fizeram a oferta com o contrato dele em vigor e antes de seis meses do encerramento do mesmo, prazo no qual são permitidas as negociações entre os atletas e agremiações.

O último capítulo do imbróglio aconteceu no CAS, em Lausanne, com o zagueiro na audiência.

Há cerca de 2 meses a Corte Arbitral do Esporte determinou que o Palmeiras tinha razão e estipulou qual a punição para o Panathinaikos e David Braz..

Não foi apenas por dinheiro

Muitos torcedores e dirigentes do Palmeiras não engoliram a maneira como David Braz deixou a agremiação.

Alguns, na época, ficaram muito irritados com o estafe do zagueiro.

Criticaram quem o orientou e avaliaram que era uma questão de honra ganhar o caso.

O resultado, por isso, deve ter sido mais comemorado que a grana recebida.


Os rolês da alma do futebol no Allianz Parque e em São Januario
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Ônibus do Palmeiras chega ao Allianz Parque para final contra o Santos

Ônibus do Palmeiras chega ao Allianz Parque para final contra o Santos

De Vitor Birner

Ela anda meio longe dos estádios.

Não curte o padrão-Fifa.

Rebelde com causa

Fica entediada com aquele monte de gente sentada.

A ausência dos olhos arregalados, sofridos ou otimistas pela esperança de a agremiação fazer o gol, a incomoda.

Se entristece ao notar que alguém raciocina e pega o celular para registrar o lance mais emocionante, pois o mundo não para mais e nem tudo sai da mente no segundo em que o jogador finaliza, ou corre com a bola e fica em frente ao guardião das traves.

Faz força para não ficar brava ao reparar que o geraldino e o arquibaldo frequentam menos os jogos porque o selfienghway ocupa os lugares.

Fisiológica

O cérebro, dela amante de adrenalina, não assimila como alguém na hora do gol ,em jogo importante, consegue pensar em algo além das paredes do local onde acontece o esporte.

A arquibancada é o coração do futebol e essa alma nascida para potencializar tristeza e alegria, empolgação e frustração, orgulho e vergonha, transformando o esporte em glória e catástrofe lúdicas, precisa de batimentos fortes para o o organismo fazer chegar à pele tantas emoções proporcionadas pelo rudimentar espetáculo.

Experiente

Mesmo assim ela não desperdiça a oportunidade de se divertir.

Farejou que, em São Januário, algo poderia acontecer.

Foi ao templo futebolístico cruz-maltino, pediu perdão para São Pedro que de vez em quando se rebela e tenta melar as partidas como ocorreu diante do Santos, notou o alagamento no túnel de acesso ao lugar onde os jogadores se trocam, fixou o olhar no santo, pediu perdão a Deus por contrariá-lo, e pegou na mão de Nenê para levá-lo ao vestiário pelo meio da torcida.

Pirracenta, caminhou sorridente, feliz, enquanto o povo pilhava seu representante no gramado.

Aceitou abrir a exceção

Gostou tanto da arquibancada não construída nas calçadas e asfalto da Rua Turiassu, que tem ido corriqueiramente naquele local e topou, ontem, entrar na Arena e contagiar o ambiente com sua energia que faz o espetáculo muito além dos dribles e passes.

Por isso, a torcida proporcionou o show com qualidade maior que o dos jogadores na final do torneio.


Copa do Brasil é de Fernando Prass e da torcida do Palmeiras
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De Vitor Birner

Palmeiras 2×1 Santos

Fernando Prass chuta o último pênalti com força, no canto oposto ao escolhido por Vanderlei, e corre para comemorar.

Não havia maneira mais simbólica de o Palmeiras ser campeão da Copa do Brasil.

O melhor jogador do time e das finais, pois impediu o Santos de resolver tudo na Vila Belmiro, o único não contratado pela gestão atual e que figura entre os principais do elenco, o funcionário com menos altos e baixos de desempenho entre todos que trajam o manto sagrado palestrino e com certeza entre os mais comprometidos com a agremiação.

No gramado

Foi uma das noites menos inspiradas do sistema ofensivo do Santos.

Gabriel, Lucas Lima e Marquinhos Gabriel, o trio de criação, tinham que trocar passes na meia, mas se equivocaram muito.

O padrão ruim no fundamento impediu o time de ter mais posse de bola na frente e conseguir o contra-ataque, apesar de contar com jogadores rápidos e especialistas nisso.

O Palmeiras, com grande atuação de Matheus Sales, dessa vez realmente como volante de marcação, ganhou o meio de campo e foi melhor.

Mesmo com dificuldades na criação por causa do repertório pobre, teve mais oportunidades de gol e mereceu ganhar.

Festa

O espetáculo foi mais bonito na arquibancada que dentro de campo.

Não gostei do jogo na parte técnica.

A importância dele, um clássico decidindo o segundo principal torneio nacional, temperou tudo garantiu doses constantes de emoção, inclusive quando a bola ficou no meio de campo e longe das áreas dos goleiros.

Isso se refletiu na torcida.

Nitidamente engasgada por causa das campanhas ruins em temporadas anteriores, apoiou muito e não permitiu que seus representantes no gramado perdessem a concentração.

A reação deles extravasando as emoções, após o jogo, nas ruas da cidade, mostra como era importante ganhar.

Foi uma das madrugadas mais barulhentas, depois de conquista de qualquer competição, que nos últimos anos.

Aplausos

O troféu é, acima de tudo, desses torcedores.

São eles que tornam o Palmeiras gigante.

Enquanto houver milhões amando o clube, essa grandeza continuará intacta, não importa qual divisão jogar ou qualidade de elenco que tiver.

Eles, em primeiro, merecem ser saudados.

Parabenizo, em seguida, os jogadores, como Fernando Prass, o símbolo, Dudu, o artilheiro, Mateus Sales, o guerreiro, Zé Roberto, que fez um de seus melhores jogos anulando o lado direito do sistema ofensivo santista, Robinho e Lucas Barrios que criaram o primeiro gol no momento mais difícil da partida, Gabriel Jesus, que não pode ficar no gramado e todos que se uniram para, em 90 minutos, fecharem a temporada de maneira positiva.

Futuro

Hoje é dia de festa.

Farei, mais tarde ou amanhã, um post sobre a avaliação do futebol de ambas as agremiações, que não necessariamente gera resultado similar à competência delas.

A meta de todo time grande é ser campeão.

Apenas uma delas conseguiu isso na competição que tem valou.

O paulistinha não é importante;

Ficha do jogo

Palmeiras – Fernando Prass; João Pedro (Lucas Taylor), Jackson, Vitor Hugo e Zé Roberto; Matheus Sales e Arouca; Robinho, Dudu e Gabriel Jesus (Rafael Marques); Lucas Barrios (Cristaldo)
Técnico: Marcelo Oliveira

Santos – Vanderlei; Victor Ferraz, Gustavo Henrique, David Braz (Werley) e Zeca; Renato e Thiago Maia (Paulo Ricardo); Marquinhos Gabriel, Lucas Lima e Gabriel (Geuvânio); Ricardo Oliveira
Técnico: Dorival Júnior

Árbitro: Heber Roberto Lopes (Fifa) – Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Carvalho Van Gasse

 


Sampaoli ficou muito grande para times brasileiros
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birner

De Vitor Birner

Gávea

Wallim Vasconcellos, candidato à presidência do Flamengo, afirma que se ganhar o pleito em 7 de dezembro o Jorge Sampaoli será treinador do time.

O argentino da seleção do Chile negou com veemência à uma rádio do país, afirmou não ter agente intermediando a transferência [Gelson Baresi afirma ser encarregado pelo técnico disso],  e falou que pode negociar se quiserem.

Fez muitos imaginarem que a promessa de campanha parece um factoide exagerado para contrapor quem pretende permanecer no poder e acertou com Muricy Ramalho, verbalmente, para exercer a função.

O oposicionista soube, reafirmou ter negociado e deixado tudo encaminhado e garantiu ter emails disso.

Caro

Quem quiser Jorge Sampaoli precisará colocar a mão no bolso ou ter uma lábia daquelas para convencê-lo a optar por agremiação daqui se, obviamente, pedir demissão do selecionado campeão continental.

A Fifa nunca indica profissionais empregados na América do Sul e o colocou com Guardiola e Luis Enrique no trio de concorrentes ao prêmio de melhor da temporada. A conquista da Copa América aumentou um pouco mais seu valor de mercado.

Não tem nenhum motivo para escolher o nosso mercado, onde ficará escondido os maiores salários e clubes mais midiáticos do mundo, e quase nada agregará aos seus conhecimentos.

O único seria não ter nenhuma agremiação europeia de porte mediano para grande disposta a investir no treinador moderno e capaz de tirar da Universidad de Chile e da seleção o melhor futebol possível.

Morumbi

O São Paulo, que gostaria de contar com o treinador, não tem grana.

Solicitou e conseguiu o empréstimo bancário para pagar os salários do elenco.

Abílio Diniz,  ao contrário do alguns imaginam, não pretende pagar parte dos vencimentos do treinador.

Me pergunto de onde sairá o dinheiro para o clube contratá-lo.

As contas da desastrosa gestão Aidar chegarão, a crise financeira tende a piorar se não forem tomadas algumas medidas.

O empresário, fundamental para acelerar o processo de tirar a agremiação do buraco, precisaria ser convencido a investir nisso.

Outra possibilidade é bolarem planos de marketing, em período de crise econômica no setor, que paguem a chegada do treinador.

A lógica diz que isso é muito improvável.

Moeda

A tendência de receber ofertas de clubes gringos é enorme.

A cotação do euro, hoje, é cerca de quatro vezes maior que a do real.

Qualquer time de médio porte pode pagar muito mais que os gigantes daqui.

Se quiser enriquecer em detrimento ao prazer de competir e evoluir, pode optar pela Ásia.

Basta o estalar de dedos para alguma equipe da China ou bilionário do petróleo dono de agremiação contratá-lo.

Conclusões

Se Sampaoli e Wallim Vasconcellos têm acordo, o início dele não é dos mais amistosos. Além disso, quem cobre o Flamengo afirma que o dirigente apoiado por Zico é zebra na eleição.

No Morumbi, a ideia tem cara mais de sonho capaz de criar expectativas positivas para o torcedor enquanto não chega o treinador que a agremiação realmente pode pagar, que algo possível de ser concretizado


Barcelona de Neymar consegue mais uma goleada
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birner

De Vitor Birner

Barcelona 4×0 Real Sociedad

Neymar foi o melhor em campo; Daniel Alves e Suárez, um pouco abaixo,  foram os outros que brilharam.

Messi, apesar de ainda um pouco abaixo da forma ideal, merece elogios.

A Real Sociedad, taticamente, fez o possível, mas tomou a goleada porque tecnicamente não tem como atuar de igual para igual contra o inspirado Barcelona.

Não tinha razão para alterar

O time de Luis Enrique iniciou a marcação na área do Real Madrid em pleno Santiago Bernabeu, e fez o mesmo contra a Roma.

Conseguiu uma dezena de gols nesses jogos, mostrou futebol merecedor de grandes aplausos, e diante da Real Sociedad, pior tecnicamente que os outros times citados, não tinha razão para alterar aquilo a forma como atua.

Teve mais dificuldade para fazer isso que nos jogos citados, apesar de, na parte tática, não haver nenhuma novidade.

Apenas Mathieu entrou na função de Alba.

Messi na direita, Neymar do outro lado e Suárez, o centroavante, formaram o trio de frente, se mexeram e tentaram confundir os defensores da Real Sociedad.

Os laterais apoiaram muito e foram fundamentais na criação. .

Iniesta e Rakitic se posicionaram na meia quando houve tentativa de a agremiação criar os lances de gols.

Nos momentos em que os bascos conseguiram manter a bola no campo de ataque, Neymar recuou e formou junto com Busquets, Rakitic e Iniesta o quarteto no meio de campo e garantiu a flutuação do 4-3-3, esquema principal, para o 4-4- 2.

Melhor e mais ousada opção

A prioridade do treinador Eusébio Sacristán foi imaginar como impedir o Barcelona de articular grandes oportunidades.

Se ficasse atrás, permitiria á agremiação de Luis Enrique mais minutos com a bola no campo de ataque, Messi, Daniel Alves, Iniesta, Rakitic, Neymar e Mathieu trocariam maior quantidade de passes, e inevitavelmente conseguiriam os gols, a não ser que fosse uma tarde atípica de completa falta de inspiração deles.

Por isso preferiu fazer a marcação adiantada, na área do Barcelona, para dificultar a transição da defesa ao ataque e tentar transformar em realidade a utopia de ganhar.

Posicionou o 4-4-2 com Agirretxe e o mexicano Vela – único estrangeiro que começou no time – no ataque, Canales, e Xabi Prieto pelos lados do meio de campo, Ruben Pardo e Granero entre eles, os laterais Elustondo e Yuri em frente à linha que divide o gramado..

Elogiável, apesar de ainda insuficiente

A Real Sociedad merece elogios pelo que realizou taticamente.

Conseguiu dificultar a transição de bola e ainda finalizou, algumas poucas vezes, em gol.

Como seu sistema de marcação atuou adiantado, havia muitos metros entre o goleiro Rulli e a linha formada por zagueiros e laterais. O Barcelona tem atletas muito rápidos e habilidosos, e aproveitou isso.

Em dez minutos, apesar de não ter tanta posse de bola no campo de ataque, conseguiu finalizar em frente ao goleiro Rulli, que foi preciso ao fechar o ângulo.

Daniel Alves

O andamento do jogo mostrou que o melhor caminho para fazer gols era pelos lados.

O time marcou dois antes do intervalo, ambos com assistências precisas do lateral.

Uma para Neymar, na velocidade, ganhar de Elustondo e comemorar, e outra ao Suárez finalizar com muita categoria e fazer o golaço.

O time basco, provavelmente por causa do cansaço, perdeu força para manter o sistema defensivo na frente depois de meia do 1° tempo e o Barcelona teve mais facilidade para trocar passes.

Similar, mas do lado oposto

O lance do terceiro gol foi parecido com os dois outros, mas com lançamento para Mathieu (acho que houve o impedimento), que fez assistência ao Neymar.

Diminuiu o ritmo

A agremiação de Luis Enrique caiu um pouco de rendimento após o intervalo e mesmo continuou criando mais oportunidades.

Depois o time levou o jogo em banho-maria, a Real Sociedad aumentou a quantidade de tentativas de chutar em gol, mas o Barcelona, por conta da técnica e velocidade dos principais jogadores, se manteve mais criativo e eficaz na articulação dos lances de gol

O melhor 

Adriano, Alba e Bartra, na devida ordem, entraram nos lugares de Daniel Alves, Mathieu e Mascherano, alterações por opção do treinador e não porque achou ruim o desempenho deles.

Messi, nos acréscimos,após Neymar driblar, fazer a tabela e a assistência, fechou a goleada.

Neymar, em suma, conseguiu dois gols, o passe o de Messi, e participou mais os outros atacantes do sistema de marcação.

Ficha do jogo

Bravo; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Mathieu; Busquets, Rakitic e Iniesta; Messi, Suárez e Neymar
Técnico Luis Enrique

Rulli; Elustondo, Gonzáles Martinez e Yuri; Canales, Ruben Pardo, Granero e Xabi Prieto; Agirretxe e Vela
Técnico: Eusébio sacristan

Árbitro:Ignacio Iglesias – Assistentes: Alfonso Costoya e Enrique Ramos


Santos ganha, apesar de perder muitos gols; Palmeiras, com razão, reclama
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birner

De Vitor Birner

Santos 1×0 Palmeiras

Gabriel perdeu um pênalti, no início, e outra grande oportunidade depois do intervalo, na qual Fernando Prass fechou o ângulo e fez difícil intervenção.

O goleiro brilhou algumas vezes, como no lance em que não permitiu ao Ricardo Oliveira, após jogada individual de Victor Ferraz, fazer o dele.

O lance era muito mais do centroavante, que quase dentro da pequena área chutou no contrapé do veterano e tinha obrigação de concluir com precisão.

Nilson, nos acréscimos, depois de Ricardo Oliveira driblar Fernando Prass, conseguiu a façanha de desperdiçar a enorme oportunidade de fazer o gol.

Havia poucos metros entre ele e as traves e não tinha ninguém embaixo delas para impedir o reserva de obter êxito e comemorar.

O gol aconteceu após o intervalo, aos 34, na tabela de Ricardo Oliveira e Gabriel, concluída pelo atacante em ascensão,, com categoria, e comemorada em tom de desabafo, provavelmente porque havia se equivocado noutras duas chances mais simples.

O Peixe não reeditou os seus jogos mais convincente e tampouco manteve o padrão futebolístico das semifinais e fases anteriores no torneio.

Mas alternou momentos de superioridade com os de equilíbrio, ganhou o meio de campo, quase anulou completamente o sistema ofensivo alviverde e, apesar da noite tecnicamente abaixo da média pessoal de algumas referências, criou o bastante para sair do gramado com uma das mãos no troféu.

Não funcionou

O Palmeiras recuado, investindo em contra-ataques e cruzamentos, e o Santos com maior iniciativa e mais posse de bola era exatamente o que todo torcedor mais racional imaginava antes do jogo na Vila Belmiro.

O time de Marcelo Oliveira não podia permitir a frequência santista no entorno da área de Fernando Prass, e precisava investir nos lances de velocidade para ter oportunidades e cavar faltas e escanteios nos quais é forte.

Mais uma vez não exerceu a proposta de Marcelo Oliveira tal qual queria o treinador.

Não chutou nenhuma vez entre as traves.

As poucas finalizações mantiveram Vanderlei como espectador no gramado.

Apenas uma foi realizada em condições favoráveis e poderia ter impacto enorme no andamento do jogo,  pois ocorreu logo no início.  Jackson cabeceou depois de Robinho cruzar a bola na área em cobrança de falta e o goleiro espalmou na direção do zagueiro.

No 4-2-3-1, com Robinho na direita, Gabriel Jesus do outro lado, e Dudu entre eles no trio de criação, Matheus Sales e Arouca como volantes, além de Lucas Barrios à frente de todos, a equipe foi incapaz de trocar passes na meia e muito raramente investiu nos contra-ataques, apesar de contar com Dudu e Gabriel Jesus, ambos rápidos, e de Zeca e Victor Ferraz apoiarem.

O atleta das categorias de base se machucou no primeiro tempo e Marcelo Oliveira, ao optar por Kelvin, reforçou a ideia, em tese  inteligente diante das circunstâncias, mas ineficaz na prática por causa da falta de qualidade na execução, de forçar os lances nas lacunas deixadas pelos laterais.

Apesar disso tudo

Arouca puxou a camisa de Ricardo Oliveira e por isso houve o pênalti desperdiçado por Gabriel.

Isso acontece muito na área e na grande maioria das vezes nada é marcado.

O rigor de Luiz Flavio de Oliveira, por coerência, critério, deveria ser mantido ao longo do jogo.

Não fez isso quando Dudu acionou Lucas Barrios e David Braz, ao correr atrás do centroavante, de maneira involuntária o impediu de seguir no lance e ficar em frente ao Vanderlei, pois o argentino (se naturalizou paraguaio apenas para atuar na seleção guarani) desacelerou e caiu quando tropeçou nas pernas do zagueiro.

Prefiro o estilo de futebol em que nenhum desses lances tem interferência de quem impõe as regras no gramado, mas os critérios adotados exigiam a marcação da falta na área.

Ineficazes

Quase todas as alterações feitas pelos treinadores não melhoraram o futebol das agremiações.

No Palmeiras, além de Kelvin, que pouco fez, Amaral entrou após o intervalo no lugar de Matheus Sales e pouco fortaleceu o sistema defensivo (o gol iniciado no arremesso lateral foi mérito de Ricardo de Oliveira e Gabriel, além de falha do sistema de marcação), e a colocação de Rafael Marques no de Lucas Barrios nada agregou e manteve as dificuldades do time.

Geuvânio na vaga de Marquinhos Gabriel não aumentou o volume de jogo ofensivo, mas compensou porque o reserva, descansado, fortaleceu a marcação na frente, aumentou a velocidade e a possibilidade de acontecerem os dribles.

Neto Berola em campo, restando poucos minutos, e a saída de Gabriel foi inútil.

Nilson entrou no lugar de Thiago Maia para jogar os acréscimos, assim que houve a exclusão do lateral Lucas.

Se o time deles não for campeão, a oportunidade que desperdiçou será citada por todos os santistas.

A falha técnica, de fundamento, não permitiu ao Dorival Jr comemorar o fruto da leitura precisa, da mexida na estrutura coletiva, que tornaria menos complicada a meta de ganhar o torneio.

Não pode

Lucas recebeu o amarelo na metade do segundo tempo porque fez a falta em Geuvânio no contra-ataque do Santos.

Foi excluído do gramado por chutar a bola em Lucas Lima, quando restavam três minutos e os acréscimos, por se irritar com o oponente e, acho, e com o cartão anterior que o suspendeu do jogo na Arena.

Ele quase complicou seu time e poderia fazer a agremiação perder o campeonato.

Mereceu ambos os cartões e deveria manter o raciocínio sobre as metas coletivas.

A alteração feita por Dorival Jr, ao colocar o centroavante no lugar do volante, realizada após a saída do lateral, funcionou, mas não o Santos fez outro gol porque Nilson desperdiçou a grande oportunidade.

Resultado

O Palmeiras tem o direito de reclamar do placar, apesar da unanime superioridade do Santos.

Seria indiscutível caso o pênalti em Lucas Barrios fosse marcado, chutado e desperdiçado.

A essência desse esporte

O Santos não fez mais gols por incompetência nas finalizações, graças ao Fernando Prass, de longe o melhor do Palmeiras na final, e não porque houve equívocos na imposição das regras do futebol.

Em suma, os méritos dos jogadores geraram maior quantidade de grandes oportunidades, e a falta deles impediu que fosse comemorada com mais gols.

Nenhum favorito

O Peixe, muitas vezes, cai de rendimento na condição de visitante.

O Palmeiras tem jogado mal, inclusive quando atua na sua Arena.

É impossível fazer prognósticos embasados e com pouca margem de erro sobre quem conseguirá ser campeão e se classificar à Libertadores.

O Santos, por causa do desempenho e do resultado, inicia com maior possibilidade.

Mas não haverá nada atípico se o Alviverde ganhar por pequena margem de gols.

Ficha do jogo

Santos – Vanderlei; Victor Ferraz, Gustavo Henrique, David Braz e Zeca; Thiago Maia (Nilson) e Renato; Marquinhos Gabriel (Geuvânio), Lucas Lima e Gabriel (Neto Berola); Ricardo Oliveira
Técnico: Dorival Júnior

Palmeiras – Fernando Prass; Lucas, Jackson, Vitor Hugo e Zé Roberto; Matheus Sales (Amaral) e Arouca; Robinho, Dudu e Gabriel Jesus (Kelvin); Lucas Barrios (Rafael Marques)
Técnico: Marcelo Oliveira

Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira (Fifa-SP) (Marcelo Aparecido de Souza) – Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho e Marcelo Carvalho Van Gasse (ambos Fifa-SP)