Avassalador, São Paulo cresce mais na parte coletiva
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De Vitor Birner
Goleada, vareio, aula de futebol no mítico Morumbi, onde a maioria das agremiações estrangeiras sucumbiu ao longo da história do tricampeão da Libertadores.
O São Paulo foi muito superior ao desfalcado Toluca. Com personalidade forte, que adquire gradativamente, como a do treinador, poderia ter feito mais gols.
Os quatro não refletem o que houve no gramado. O volume de jogo e as muitas oportunidades, além de duas bolas nas traves, poderiam redundar em resultado ainda melhor.
Renan nem foi testado pelo líder do grupo no qual San Lorenzo e LDU não se classificaram.
Quem observa o time no gramado e conhece o esporte não tem dificuldade para descobrir o principal motivo da evolução que tem mostrado. Antes muitos atletas corriam, outros faziam isso apenas às vezes, mas nunca todos se esforçavam uns pelos outros, tal qual é fundamental para a formação do coletivo consistente.
Diante de Trijillanos, e principalmente River Plate e The Strongest, isso começou a acontecer.
Fórmula óbvia para qualquer time
O engajamento individual em prol do coletivo é a base de tudo; acelera entrosamento, permite implementação da proposta de jogo, diminui equívocos técnicos e melhora o desempenho dos atletas, pois encontram opções quanto têm a bola.
A mesma proposta, mas outro futebol
O esquema tático é igual ao que proporcionou jogos muito ruins da agremiação. A escalação é similar, quando não idêntica, a do início da temporada.
Os salários em dia é a alteração maior. A direção que herdou de Aidar a enorme crise financeira, recebeu as luvas do acordo com a Globo e conseguiu pagar.
Além disso, as mexidas no departamento de futebol muito diálogo com os jogadores melhoraram o ambiente no CT da Barra Funda, aquilo que têm sido, faz anos, o maior dilema.
Por isso os jogadores rendiam mais noutros clubes.
Os sinais
A vibração de Ganso. Como o meia se mexe e participa da criação em todos os cantos do gramado.
A intensidade com que comemorou os gols ontem. Como o time fez isso unido. Os atletas parecem felizes por atuarem uns com os outros.
Não me lembro quando foi a última vez que isso aconteceu na agremiação do Morumbi.
O meia jogou grande futebol.
Michel Bastos, criticado de maneira exagerada, e Centurión, que não conseguia fazer muito além de contribuir na marcação, brilharam.
Thiago Mendes, com enorme potencial para ganhar a posição, reeditou as melhores apresentações.
Quando a equipe coletivamente funciona, fica mais fácil mostrar talento, qualidade. E se atuam com a felicidade e concentração como fizeram, a tendência é de a maioria melhorar na parte técnica.
Normal; faz parte
São Paulo pode oscilar, pois ainda é equipe em formação e o elenco não tem recomposição em algumas posições.
Se mantiver a união no gramado, esses altos e baixos de rendimentos serão cada vez menores.
Humildade e simplicidade na Libertadores
O resultado não garante a vaga na outra fase, porém facilita muito o cumprimento da missão.
Futebol não permite prepotência. O time com alguns atletas rodados e treinador pragmático, tem ampla noção.
Que coloque em prática a sabedoria. A provável classificação, no México, é parte fundamental da reconstrução coletiva do clube tradicional e ganhador na Libertadores.