Blog do Birner

São Paulo foi muito melhor que o Palmeiras

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De Vitor Birner

São Paulo 1×1 Palmeiras

O time do Morumbi foi muito superior.

Antes e depois de conseguir o gol, não permitiu que Rogério Ceni fizesse uma intervenção digna de ser destacada.

Quando quis atacar, finalizou diversas vezes; e na hora de se fechar, os atletas de linha quase neutralizaram completamente o sistema ofensivo de melhor desempenho no torneio.

No último lance do clássico, seu atleta mais experiente inventou, falhou na reposição e Robinho o encobriu, tal qual fizera noutro clássico.

Dono de história rica e que não será apagada,  mas instável embaixo das traves e ineficaz ao liderar os elencos nos últimos anos, na hora de explicar o que houve, falou, na saída de campo, um minuto após falhar e tirar seu time do grupo de classificados à Libertadores, além de derrubar o brilhante planejamento de Juan Carlos Osorio, que o time se propõe a sair jogando, quis chutar para a lateral e a bola tocou no marcador (Alecsandro), e que isso foi azar e acontece.

Naquele momento, último lance do jogo,  sabia que um simples chute para longe garantiria os importantes pontos.

Os são-paulinos que o colocam acima da camisa não devem reclamar de nada.

A idolatria desmedida (aquela que torna o personagem mais importante que o clube) contribuiu para o Alviverde sair do gramado feliz.

Foi o tal empate com sabor distinto para ambas as agremiações.

O de derrota ficou para o São Paulo.

Ousado

O time do Morumbi marcou na frente, trocou passes no campo de ataque e teve a iniciativa de tentar o gol.

O treinador posicionou Pato e Michel Bastos, pelos lados, e Rogerio, como centroavante, entre eles; Ganso, na meia, e Carlinhos e Thiago Mendes, os volantes, ambos com qualidade no trato da bola.

Esses foram os pilares do sistema ofensivo.

O lateral Bruno apoiou, quando possível, e Matheus Reis pouco fez porque o Palmeiras tem nos cruzamentos e jogada aérea sua principal virtude.

Conservador

Rafael Marques e Gabriel Jesus, abertos, e Robinho, centralizado, no trio de criação do 4-2-3-1.

Lucas Barrios adiantado, Andrei Girotto e Thiago Santos como volantes.

O time quis investir nos lances de ataque pelos lados, por isso, nas raras vezes que o Alviverde foi à frente, Lucas e Egídio, os laterais, avançaram.

A proposta de Marcelo Oliveira foi a de que tem colocado em prática.

Pede ao time para marcar atrás, aguardar  oportunidade no contra-ataque e investir nos cruzamentos.

Andamento

Nos 25 minutos iniciais, o São Paulo finalizou 7 vezes,  exigiu difíceis intervenções de Fernando Prass (o melhor do Alviverde no jogo) e transformou seu goleiro em torcedor, pois ele não precisou fazer nada em campo.

Com meia hora de jogo, o Alviverde finalmente criou algo interessante. No seu lance mais forte, pelo lado, conseguiu o cruzamento e Robinho cabeceou no travessão.

Erros

Fernando Prass talvez tenha tocado com a mão na bola ao sair da área.

É muito difícil saber se houve a infração e exigir que Marcelo Carvalho Van Gasse tenha convicção que aconteceu, ou não, a falta, é errado com ele.

Houve duas outras falhas, ao levantar o instrumento para marcar impedimento de Rogério quando nem chegou a participar do lance como as regras vigentes determinam, por isso Anderson Daronco desconsiderou, e o de Alexandre Pato, que sairia na cara do gol ou colocaria alguém lá, ambas mais simples de serem, e ele se equivocou.

O Palmeiras tem motivo para reclamar. .

Mateus Reis fez a falta em Gabriel Jesus, recebeu o merecido amarelo, mas Rafael Marques ficou em frente ao Rogério Ceni e a jogada foi interrompida por Anderson Daronco.

Invenção para quem não enxerga o futebol

A maior dificuldade de Carlinhos é marcar atletas velozes no mano a mano.

Ele é melhor com a bola.

Por isso rende mais como meia ou volante.

Passou pelas duas funções, no clássico, e terminou na lateral.

Jogando no meio de campo, fez o gol, de direita, tal qual Juan Carlos Osorio havia planejado.

Sempre que alguém critica o treinador, citando a posição original, e não explica as características (virtudes e feitos) futebolísticas do jogador, emite sons que não têm conteúdo.

Provavelmente, quem chama o treinador de Prof Pardal é incapaz de elucidar tecnicamente essa observação.

Mexidas

Depois do gol, o São Paulo recuou um pouco e o Palmeiras foi para cima.

Marcelo Oliveira tinha soltado mais o time depois do intervalo, quando Andrei Girotto, mal em campo, saiu para João Pedro entrar na lateral-direita e Lucas passar a exercer a função de volante, pois era fundamental melhorar a qualidade da saída de bola.

O aumento da frequência palmeirense na meia apenas criou maiores lacunas para o time de Osorio investir no contra-ataque.

Michel Bastos havia se machucado e Wilder o substituiu.

Lucas Barrios, isolado e por isso sumido, deu lugar ao Alecsandro que, por conta da necessidade coletiva, saiu muito da área para tentar as tabelas.

Em seguida, Marcelo Oliveira colocou Kelvin no lugar de Lucas, alterando o esquema tático para o 4-1-4-1 com flutuação ao 4-1-3-2, tal qual optou quando o time perdia para o Internacional na Copa do Brasil.

Rafael Marques passou a atuar centralizado, onde podia criar lances e entrar na área, como 'segundo centroavante, pois o reserva e Gabriel Jesus atuaram pelos lados, e Robinho continuou na meia.

Osorio mandou Lyanco entrar, pois precisava fortalecer o meio de campo, em especial em frente aos laterais, e Pato, discreto, ir descansar.

Mateus Reis, pendurado com o amarelo, deu lugar ao Wesley e Carlinhos foi à lateral.

O sistema de marcação quase conseguiu anular a criação palmeirense.

Nem pelas houve teve lacunas para fazer os cruzamentos.

Apenas uma vez, Kelvin, dentro da área, achou a brecha para chutar e o fez muito longe das traves.

Empate

O gol aconteceu quando o Palmeiras competia por inércia.

Não esboçava capacidade de se impor.

Era mais fácil tomar outro no contra-ataque do que fazer o dele.

Mas terminou de um jeito que satisfez a maioria de seus torcedores.

Conseguiu o empate depois de ter jogado mal, na falha de Rogério Ceni, e dentro do Morumbi.

Vale ressaltar a qualidade na finalização de Robinho.

Foi mal no jogo e terminou como herói do empate.

Anjos de patas

Os jogadores do São Paulo entraram em campo com cachorros, antes do clássico, pois o clube quer incentivar a adoção desses nossos irmãos da natureza que conseguem perdoar incondicionalmente e amam o tutor apenas porque foram acolhidos, não por questões financeiras, raciais, estéticas ou quaisquer outras.

Tem sido raro a direção do clube merecer elogios e, neste caso, faz jus a muitos.

Ficha do jogo

São Paulo – Rogério Ceni; Bruno, Rodrigo Caio, Lucão e Matheus Reis (Wesley); Carlinhos, Thiago Mendes e Paulo Henrique Ganso; Michel Bastos (Wilder), Rogério e Alexandre Pato (Lyanco)
Técnico: Juan Carlos Osorio

Palmeiras – Fernando Prass; Lucas (Kelvin), Jackson, Vitor Hugo e Egídio; Thiago Santos e Andrei Girotto (João Pedro); Rafael Marques, Robinho e Gabriel Jesus; Lucas Barrios (Alecsandro)
Técnico: Marcelo Oliveira

Árbitro: Anderson Daronco (Fifa-RS) – Assistentes: Emerson Augusto de Carvalho (Fifa-SP) e Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa-SP)