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O melhor para o futebol é o Barcelona ganhar e não ter que pagar a Neymar

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De Vitor Birner

O futebol

As luvas antigamente eram necessárias.  Jogadores de futebol não enriqueciam.

Nenhum exemplo é melhor que o de Pelé. Era veterano, tinha decidido final de Copa do Mundo, conquistado o tri no torneio, comemorado mil gols antes de ir ao Cosmos fazer o pé de meia.

Os clubes eram literalmente donos de atletas e pagavam bichos como recompensava para quem avaliavam merecer uma grana a mais na renovação de contrato.

Depois que Marc Bosman ganhou na Justiça direito de trabalhador para quem joga futebol o mercado foi mudando gradativamente.

Atualmente, atletas da base em instituições estruuradas recebem bons vencimentos. Clubes gigantes, para manter os privilégios comerciais e saciar o anseio dos torcedores por 'heróis' e resultados, são quase refém das estrelas do esporte.

O que antigamente era usual, hoje solicita adaptações. Os juristas mais uma vez podem impor o padrão que torna o esporte mais ético e saudável além dos gramados.

O imbróglio

Neymar foi á Justiça pedir o pagamento da segunda parcela acertada com o Barcelona na renovação de contrato. O clube não quer pagar os 43 milhões acertados para o atleta, na época, continuar na agremiação.

''Moralmente ele não tem direito de pedir algo que não cumpriu. Eu acredito que se oferecemos condições a ele, era pra que fossem cumpridas. Se não cumpre, não tem porque cobrar. A justiça vai decidir'', afirmou Jordi Mestre, diretor esportivo do time catalão.

Barcelona acerta

Há distintas formas de avaliar. Nenhuma é plena de razão.

Quem discorda do cartola pode afirmar que o valor das 'luvas' foi para renovar e não cumprir o período inteiro contratual, que havia a cláusula de rescisão, a mesma cobre prejuízos e se o Barcelona sente que não foi recompensado foi por equívoco na negociação ou na formulação do documento.

Penso como o dirigente. As regras para os contratos enormes como o de Neymar precisam ser específicas.

O valor de renovação precisa estar atrelado ao pleno cumprimento dos contratos.

A rescisão encerrra os pagamentos e se o clube pagou na assinatura valor integral, o atleta, se rescindir antes do prazo estipulado, deve devolver parte proporcional do que recebeu. É essencial diminuir a facilidade de inflacionar o futebol.

O Barcelona, por exemplo, para garantir a permanência de Piqué, renovou com o atleta de 30 anos e estipulou cláusula de 500 milhões de euros, igual a de Sergi Roberto que como o colega teve sorte de ser abençoado pelo padrão determinado após a contratação de Neymar.

Phillipe Coutinho comemorou e o Liverpool nem tanto, pois é dificl, após a inflação do futebol, contratar os mais habilidosos. Propostas que antes eram complicadas de serem recusadas agora são o padrão.

O cartola do Barcelona tem toda a razão.

Os juristas que resolvam se Neymar merece receber o que pretende apos preferir encerrar para ganhar mais no PSG.

Do mesmo jeito que Bosman foi resolver o absurdo da proibição de aceitar boas propostas, talvez seja o momento de os clubes conquistarem alguns direitos quando investem fortunas em alguém para reforçar o elenco.

Penso assim apenas para contratos grandes como o de Neymar. É jogo de gigantes tal qual o de grandes empresas. A regulamentação tem que proteger o futebol.

Para poucos

Barcelona, os dois clubes de Manchester, Real Madrid, Chelsea, Liverpool, Juventus, no embalo o Bayern de Munique, outrora o Milan e russos, além de times da Premier League inflacionaram o esporte.

Nem todos conseguiram manter. Os do país com índices de corrupção que goleiam os do Brasil, coincidentemente escolhido pela Fifa para o torneio de seleções,  tiveram que sair do jogo como o gigante italiano de Milão, que continua patinando enquanto procura como  entrar na elite comercial do futebol.

Está cada vez mais restrito o acesso. O caminho atual o indica que haverá cerca de meia dezena de times concentrando quase todos os principais atletas.

O tal 'Fair Play' que a Uefa propõem parece inócuo e pode ser desprezado se os gigantes formarem a própria liga desvinculada da atual hierarquia do esporte.

A ideia de uma NBA de gols é péssima para a atividade que se agigantou no século anterior por ser popular, criar identidade do torcedor com uma agremiação do bairro ou da cidade, gerar a sensação de pertencimento e mais paixão pela camisa que admiração por desempenhos, pois tudo isso será minimizado, talvez encerrado pela radical elitização do futebol.