Blog do Birner

Se não tiver carta branca, Raí vai embora do Morumbi

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De Vitor Birner

As referências

Raí afirmou que terá carta branca para administrar. A declaração foi a mais citada nos debates sobre a entrevista.  Muita gente dúvida do pleno aval e crê que o ídolo pode se queimar como dirigente. ''Se deixarem ele trabalhar' foi a frase mais repetida.

Por se tratar de alguém como ele, dificilmente isso acontecerá e durará. O convite e o sim geram condição um pouco diferente da média no planeta do futebol.

É fácil

Raí, se notar que os dirigentes dificultam as alterações que avalia como primordiais, renunciará. Não aceitou para ser igual ou parecido a quem está na agremiação.

A direção, ao contratar o principal ídolo da clube, ganhou o escudo contra parte das críticas e se colocou em xeque. Ou oferece pleno aval, ou o Rei do Morumbi abdicará e a gestão ficará na berlinda tanto dentro da instituição quanto com a torcida.

O coro das reclamações, que é enorme, será multiplicado. Por isso tudo a direção necessita respaldar o craque.

Pela missão

Fui amigo do querido Sócrates, gosto do Gustavo, eu e Raí éramos os únicos comentaristas do time de transmissão na CBN em meados de década anterior, conhecemos pessoas em comum além do esporte.

Cito isso para mostrar que talvez posso entender como pensa. Tem personalidade e sabedoria para impedir que algum cartola se escore nele para manter obsoletos métodos.

É mais apegado à construção que ao 'status', prefere contribuir que brilhar e, se a bactéria da vaidade tola não o contaminar, o clube terá que oferecer condições para implementar as alterações no futebol.

Raí gosta do diálogo.

Pode ceder, é parte do coletivo em vez de o dono da agremiação,  se avaliar isso como positivo para a agremiação.

Por dentro

Raí conhece o momento do São Paulo. Todas as semanas o Conselho de Administração, do qual era integrante, se reuniu para avaliar a gestão e no mínimo uma vez por mês repetiu com o presidente do clube.

Tem ideia de como está o caixa da agremiação e qual a dinâmica no departamento de futebol.

Aceitou a diretoria mesmo ciente de como é o chão em que caminhará e, pelo perfil que tem, avaliou tudo e planejou o rumo mais construtivo, depois disse sim.

O essencial

Raí precisa vivenciar a rotina. Uma administração competente sabe que os seres humanos e os processos de gestão constroem o avanço de empresas ou de clubes.

Conhece todo mundo, mas é necessário aguardar o convívio que pode gerar desgastes. Haverá resultados, provavelmente crises, e algumas bobagens repetidas pela opinião pública dificultando a implementação do ambiente harmônico.

A sabedoria

Raí talvez necessite agregar rodagem. Quando iniciamos uma empreitada inédita, por mais que nos preparemos, a rotina é teste e o professor que permitem aperfeiçoamento.

Pode se equivocar. Acontece com os cartolas, técnicos, atletas, colegas e torcedores.

O dirigente, além da carta branca, precisa acertar. Tem que mostrar a competência para liderar o departamento de futebol.