Jô nem sequer devia ter sido julgado pelo STJD
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De Vitor Birner
Auditores extrapolam
O árbitro viu o lance de Jô com o zagueiro da Ponte Preta. A interpretação foi que o centroavante não merecia o cartão.
O STJD interferiu. Decidiu que o atleta tinha que ser julgado e suspenso por um jogo. Alterou a opção do especialista no cumprimento das regras dentro dos gramados.
Em suma, os auditores exerceram o que cabe apenas a quem se preparou para ir ao campo impor a regulamentação do jogo de futebol.
De ambas
Discordo quando o STJD aprecia qualquer lance que árbitros e auxiliares foram incapazes de perceber no jogo. Permiti-los é opção dos cartolas que por muito tempo rejeitaram a eletrônica para encerrar algumas dúvidas do esporte.
A suspensão de Jô, como aconteceu em edições anteriores, mexe na decisão de quem impôs as regras no gramado.
Nem sequer pode ser generosamente avaliada como complemento das mesmas. É uma alteração do que foi decidido pelo árbitro que a CBF optou para o clássico.
A inutilidade
Tal interferência permite aos torcedores uma série de reclamações. Os do Palmeiras, após o STJD avaliar que o atleta merecia exclusão, pode se achar prejudicado porque o centroavante cumpriria suspensão no clássico.
O artilheiro foi decisivo nesse, tal qual noutros, e, na temporada, em nenhuma das poucas ausências o Corinthians manteve desempenho igual ao dos momentos positivos atuando com o principal jogador do elenco.
Citei apenas uma agremiação. Há mais atrapalhadas ou beneficiadas, inclusive indiretamente, tanto na disputa pela conquista quanto pela permanência na elite, por quem interpretou o lance e teve a avaliação alterada.
Tudo isso é ruim para o nosso futebol.
Uma chatice
O Santos preferia o empate ou o resultado positivo do Palmeiras no clássico. Almeja a conquista do torneio.
O Avaí será zebra diante do Corinthians, mas, se tivesse opção, jogaria contra o líder desfalcado de Jô, tal qual acontecerá na próxima rodada.
Quem disputa permanência na elite, apesar de nada ter a ver, olha torto, porque atuou diante do líder com o artilheiro.
Para todos
O STJD entra no gramado há muitas temporadas. Atua como se fosse árbitro depois do jogo.
A gente, no país, nem sequer tem o critério homogêneo de regras nos jogos e rodadas. Ou os auditores determinam um e interferem em tudo estragando o esporte, ou respeitam interpretações e a dinâmica.
Os cartolas demoraram para aceitar a eletrônica. Dificultaram e isso é parte do esporte.
O futebol
A arbitragem se equivocou. Jô merecia exclusão diante da Ponte Preta e, consequentemente, a suspensão.
Mas, reitero, ninguém deve mexer na interpretação da arbitragem.
Se pode nisso, tem que incluir os pênaltis, impedimentos, faltas e os cartões amarelos.