Jair Ventura é o melhor técnico da temporada; Carille é o 2°
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De Vitor Birner
A reverência
Respeito as opiniões contrárias: minha admiração pelo técnico do Corinthians, seja qual for o resultado no torneio de pontos corridos, é grande.
O próprio sabe disso, inclusive porque apoiei a efetivação forçada pelo caixa vazio, após o atual do Flamengo recusar a proposta.
A opinião
O elenco do Corinthians oferece mais opções que o do Botafogo para o treinador montar time competitivo. O líder é favorito a encerrar a temporada com duas conquistas e o clube que almeja a classificação á Libertadores nenhuma comemorará.
Se Carille extraiu tudo que os atletas podem oferecer, de acordo com o momento técnico de quem entra no gramado para marcar, acertar toques e finaliza, Jair Ventura foi além, inclusive ao superar dificuldades nos torneios.
Mais dificuldades
O Botafogo estreou em 1° de fevereiro. Teve 'apenas' o Colo Colo no mata-mata da Libertadores. O elenco tinha se reapresentado em 11 de janeiro.
Duas semanas depois, iniciou outra eliminatória frente o tricampeão Olímpia.
Se classificou em primeiro no grupo contra o semifinalista Barcelona, o Estudantes que ganhou quatro vezes o torneio, e o atual campeão Atlético Nacional. Depois eliminou o Nacional URU que soma três conquistas.
O Grêmio encerrou a participação do Botafogo na Libertadores, mas qualquer leitura dos jogos, em especial na da Arena, sabe que foi de igual para igual.
O detalhe, a finalização no pé da trave, se fosse centímetros para dentro seria gol, ou se tocasse no Marcelo Grohe e entrasse, qualquer detalhe alteraria o resultado, e essa é a justiça do futebol.
Ambos os clubes tiveram méritos para se classificarem e havia uma vaga na semifinal.
Jair foi obrigado a abandonar o Estadual. Acertou no planejamento, tal qual a campanha e, principalmente, a dinâmica do time em campo afirmam desde o início do ano para quem curte o futebol.
A temporada
Fábio Carille, porque não disputou a Libertadores, preparou o time no Estadual.
Demorou mais que o colega para ter o coletivo forte. Quase foi eliminado pelo Brusque na Copa do Brasil e o Internacional, em Itaquera, tirou o time do torneio.
Na Sul-Americana foi desclassificado no jogo em que deveria dificultar mais para o Racing.
No 1° turno histórico obteve os resultados que o técnico humilde e honesto nas entrevistas afirmou não imaginar tão positivos.
Entre os dois disparados melhores trabalhos de técnicos na temporada – Renato Gaúcho é o terceiro – prefiro o do sem títulos porque gosto mais da dinâmica de jogo, principalmente com a bola, do Botafogo.
O líder é pragmático, linear, segue na mesma linha repetindo e repetindo em busca da precisão.
O calendário permitiu concentrar forças num torneio e, reitero, seja qual for o resultado, merecerá aplausos.
O Botafogo pagou o preço da competência e teve que gastar a que tinha na Libertadores, Copa do Brasil e em parte nos pontos corridos, onde foi obrigado a poupar atletas.
A última baixa foi o artilheiro Roger. O time mantém a competitividade.
Após isso e as eliminações, joga apenas o Brasileirão e lidera o returno.
Tem o Palmeiras, com elenco muito melhor e, provavelmente, não sustentará a colocação.
A essência da avaliação
Carille somara mais pontos que técnicos com elencos mais fortes. Pode entrar na história como campeão nacional.
Mas foi Jar Ventura quem conseguiu ir mais além, se as referências para avaliação forem os elencos disponibilizados pelos cartolas.
O esporte
O ano do Botafogo foi rico de emoções e o do Corinthians pode ser pelas conquistas.
A história tatua os títulos porque saciam e alegram as torcidas.
Estes nem sempre podem ser a referência única para avaliação. Quem prefere a construção do Carille, entendo por tudo que citei, deve manter se o Palmeiras conseguir a dificílima e por isso improvável remontada no torneio de pontos corridos.