Atlético, reflita: Cuca é pior ou igual ao da conquista na Libertadores?
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De Vitor Birner
Palpites obsoletos
Votei em Cuca como o melhor técnico de uma temporada em meados da década anterior. Tiravam sarro, pois o país dos resultados menosprezava o potencial dos elencos nas avaliações, e apenas os craques tinham valor em campo.
A maioria citava apenas individualidades e mostrava grande preconceito contra quem afirmava que a prioridade era a construção coletiva.
Resultados alteram
Muitos anos depois, o treinador recebeu merecidos elogios após conquistar a Libertadores.
O resultado goleou a dinâmica dos gramados. O Atlético ganhou o torneio muitos mais pela inspiração dos atletas que por acertos de quem implementou a tática.
Investiu na transição a frente com lançamentos por cima para o Jô, o centroavante prevalecia na disputa pela primeira bola, e o trio de criação com Bernard, Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli 'voando' garantia a fluência na criação.
Antes do reconhecimento
Cuca foi melhor em alguns clubes dos quais saiu sem conquistas, onde conseguiu montar os elencos posteriormente campeões. Demorou para atingir o principal escalão dos técnicos porque necessitava desenvolver a maturidade, a serenidade e a paz após tropeços nos jogos e entreveros com atletas e cartolas.
Interrompeu permanências, aumentou a demora para obter grandes êxitos, dificultou o caminho que, dentro dos gramados, poderia ser mais fácil.
Desde então, provavelmente aliviado porque merecia antes o respeito das torcidas, quase nenhuma nova virtude agregou ao próprio repertório de construtor de times e elencos, inclusive quando foi competente.
O último
No Palmeiras comemorou a 2° conquista mais relevante como técnico de futebol, apesar de montar o time com pouco repertório e capacidade para raciocinar sobre as necessidades e andamento em campo.
Tinha o grupo de atletas mais forte, se comparado aos de outros clubes, acertou na estruturação do coletivo e, no torneio de regularidade, prevaleceu a capacidade do elenco.
Taticamente, o Palmeiras não foi mais forte e nem construiu padrão que serve como referência para qualquer agremiação.
Nem para o próprio clube nesse temporada.
Na atualidade
Continua competente. Se mantém no topo entre os técnicos do país.
Mas, ao contrário do que conseguiu em temporadas nas quais encerrou sem ganhar torneios, mostra dificuldades para se colocar na frente de colegas ao preparar times de futebol.
Os gigantes
O Atlético cogita a reestruturação do elenco. Cuca, nisso, é mais competente que Oswaldo de Oliveira.
Ganha do colega na leitura do jogo, virtude a ser considerada pelos que avaliam e contratam. Reitero que conhece o futebol.
Tenho dúvida se haverá soluções para o que avalia necessárias, se as preparou e ampliou o repertório como conseguia antes de atingir o grupo dos avaliados como melhores do país.
A direção do Atlético tem que pensar antes de alterar.
O treinador que recentemente contratou rapidamente agregou algumas virtudes coletivas e, por enquanto, parece ter a confiança, o apoio do elenco.
A temporada recomenda que aguarde o encerramento do torneio, observe o que implementa, e decida apenas tecnicamente, esquecendo a concorrência ou a preferência da torcida.
Cuca pode ter dificuldade para se manter no topo. Parece, as vezes, os que atingiram tal patamar e diminuíram o ritmo em vez de continuarem agregando conhecimento, metodologias que fortalecem qualquer agremiação nos gramados.
Conhece futebol e será treinador do principal escalão no país enquanto tiver motivação para melhorar e conquistar torneios.