Como o Grêmio pode ser uma bênção para o contestado Cícero
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De Vitor Birner
Tem capacidade
O problema de Cícero nunca foi a capacidade para jogar futebol. É de razoável para bom no toque de bola e finalizações, sejam com o pé ou a cabeça, o que garante uma vaga na maioria dos clubes dos país.
Tal qual avalia o torcedor, o nível do esporte dentro dos gramados nacionais é médio, com pequenas oscilações para cima.
O potencial para atuar e nos melhores momentos se destacar foi inibido pela intensidade e concentração aquém das necessárias durante os jogos, pequeno comprometimento tático e consequente irregularidade nos campos.
Por isso as duas últimas agremiações em que atuou facilitaram quando alguma quis a contratação.
Em ambas
Abel Braga, na primeira entrevista da temporada após conhecer o elenco do Fluminense, afirmou que faltou empenho para o elenco na edição anterior dos pontos corridos.
Por isso, o time nas 10 últimas rodadas não ganhou. O treinador falou, inclusive, que conversou sobre isso com os atletas.
O técnico aceitou de pronto a ida de Cícero ao São Paulo. Rogério Ceni solicitou e o campo falou que a opção foi outro equívoco previsível cometido pelo ídolo da agremiação.
O rodado Abel Braga teve a mais perspicaz escolha ao facilitar a contratação pelo clube do Morumbi.
O perfil
Ninguém consegue determinar qual é a melhor maneira de atuar regularmente e ser competitivo. Se habituou a duas.
Como volante, onde, em alguns momentos, se omitiu e complicou o sistema de marcação, ou na meia onde tinha que ser mais criativo para constantemente brilhar.
As virtudes sugerem que poderia jogar como centroavante, mas isso seria referendar o que a exigente torcida do Grêmio nunca admite.
Os atletas com razoável habilidade e pouco esforçados têm mais dificuldades no clube que os menos capazes e muito dedicados nos gramados.
O clube
O empenho pequeno, a demora para entender necessidades coletivas e a acomodação talvez inconsciente – não se enquadra no perfil de quem é mole de propósito – têm que ser encerradas para mostrar o que pode nos gramados.
Talvez tenha ido para um dos melhores times nisso. Atletas com pequeno empenho, ou mesmo rendimento técnico merecedor de críticas, muitas vezes alteram o padrão trajando a camisa do Grêmio, brilham e conquistam grandes torneios.
Foi assim no timaço que o Felipão montou e ganhou a Libertadores. Jardel, monstro para marcar gols e menos valorizado do que deveria pela história do futebol, e Paulo Nunes que formou a dupla de frente naquela temporada foram contratados como o que se chamava de refugos.
O mesmo vale para Léo Moura e Cortês no atual elenco.
Recentemente, Douglas, avaliado como jogador acomodado, atuou em nível elogiável pelo Grêmio e se tivesse condição atlética, talvez continuasse brilhando nos gramados.
O contrato de Cícero com a agremiação é de apenas três meses, foi uma escolha emergencial porque Maicon se machucou, e cabe ao atleta perceber a enorme oportunidade que os cartolas e o técnico oferecem de talvez atuar pelo favorito numa semifinal da Libertadores.