Blog do Birner

Criticar Carille parece uma pegadinha; é fácil entender o returno do time

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De Vitor Birner

Continuo elogiando

Muita gente reclama que Fábio Carille precisa mexer na proposta de futebol ou ter mais alternativas. Diz que a forma como o time atua está manjada e atrela a isso a piora dos resultados no returno.

Escutei algumas vezes que ''os técnicos de outras agremiações entenderam como o Corinthians joga e acharam a fórmula para dificultar'', mas discordo plenamente.  Os treinadores sabiam antes e, mesmo assim, ninguém ganhou do clube de Parque São Jorge na primeira parte do torneio.

Os tropeços são mais fáceis de serem compreendidos. A fábrica de clichês com as suas fórmulas prontas, que oferece soluções mágicas imediatas, continua a produção em larga escala.

O problema não é a proposta de futebol.

O coletivo

O ideal seria qualquer time saber atuar com muitos desenhos coletivos e entender qual praticar em cada momento do jogo, mas isso é utopia diante da facilidade com que os técnicos ganham bilhete azul e das dificuldades impostas pelo calendário.

É mais fácil ao treinador competente montar uma estrutura de jogo forte e, se necessário, alterar características dentro da própria mexendo na escalação.

Exemplo: o 4-2-3-1 de Tite tinha Jadson, que privilegia o toque de bola e as finalizações de fora da área, na direita, Malcom, mais rápido, no outro lado. Renato Augusto, capaz de ser o volante ou o meia, de entender no campo as necessidades coletivas em cada momento do jogo, completou o trio em frente de Elias e do Ralf.

O Bayern de Munique ganhou a sua última edição da Liga dos Campeões com os rápidos e dribladores Robben e Ribery pelos lados no trio.

É possível estruturar o sistema para ser conservador, ousado ou equilibrado, manter a bola ou permitir que os oponentes tenham a iniciativa nos gramados, de acordo com as virtudes dos atletas e ofertas dentro do elenco, mantendo o o desenho coletivo.

Grandes alterações são complicadas. O treinador pode implementar adaptações.  Nesse momento da temporada, mexer profundamente na proposta coletiva será uma aposta.

O momento

As atividades no CT são uma grande referência para o técnico entender as possibilidades. Pode testar, concluir e  referendar se alguma foi de fácil assimilação ao elenco.

Apenas algumas

Adaptação pode ser atuar com Clayson, em vez de Jadson, pelos lados, para ter velocidade em ambos.

Ou atuar com o veterano por dentro do trio, recuar Rodriguinho para a dupla de volantes, tirar um dos que formam a dupla – provavelmente seria o Maycon pelas características – para ganhar força de criação.

Talvez, assim, aumente a vulnerabilidade do sistema de marcação.

O técnico tem que avaliar se a subjetiva equação compensa.

Se quiser tentar uma adaptação, será pequena. Quiçá atuar com Gabriel entre dois quartetos, escalar Rodriguinho e o Jadson por dentro e na mesma linha de Cleyson e Romero, habituados a  jogarem pelos lados.

Pés no gramados

Citei algumas alternativas, há mais, pois a ideia de abrir mão da proposta nesse momento da temporada  seria o ato do desespero para o time que pode manter a paz. Os concorrentes nem sequer conseguem encostar no líder.

Haverá a disputa direta quando, numa rodada, alguém puder, matematicamente, superar o Corinthians na tabela de classificação.

O principal

Creditar o declínio no returno a parte tática é desdenhar do que há de mais simples para sensatas avaliações; da essência primordial no futebol .

Jadson caiu de produção, tal qual o Romero: as  finalizações e os avanços de Rodriguinho pararam de gerar gols.

Fagner piorou em campo. Guilherme Arana, depois de se machucar, ainda não teve o desempenho igual ao da primeira parte no torneio.

O Corinthians tem nos desempenhos individuais dos atletas e poucas opções no elenco as respostas para a campanha de 15° no returno.

Acertos técnicos, muito mais que do técnico, com ou sem alterações, tornam o time mais competitivo, desde que haja força coletiva. .

O treinador, desde o início da temporada, mostrou competência na implementação da estrutura e nenhum equívoco que cometeu gerou os últimos resultados.

A referência

O normal para o Corinthians é uma campanha com oscilações. Nem é o time imbatível, que os 'resultadistas' e os que se deixam influenciar pelos momentos creem, e nem o que tem muitas dificuldades diante de clubes tecnicamente menos capazes.

O 'problema' para o elenco foi ter colocado o sarrafo da expectativa muito alto, o populismo consequente de quem afirmou que era um timaço, podia conquistar Liga dos Campeões, mostrava grande futebol, e outras colocações exageradas para os que mantém as avaliações técnicas sob o tsunami 'hater' e milhões de repetições dos exagerados elogios.

Reitero

Antes da histeria e do espancamento de teclado que 'haters' iniciaram ao ler uma análise técnica sobre o elenco, reafirmo que o Corinthians é líder por méritos.

Nessa temporada nem a soma e a subtração de pontos, considerando os equívocos da arbitragem contra e a favor, alteraria a colocação do time no torneio de pontos corridos.