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Entenda por que Cueva incomoda o elenco; precisa saber que não é o Riquelme

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De Vitor Birner

Planeta do meia

Cueva queria a transferência para a Turquia.  Naquele período afirmou nos bastidores que se recusava a sentar no banco de reservas, acima do peso encrencou porque o estafe da preparação física o orientou a colocar equipamento para medir a intensidade nas atividades do CT da Barra Funda,  além de quase tirou o Jucilei do sério e que por isso rispidamente exigiu mais empenho.

No futebol há o atleta que entende as necessidades do time e por opção abdica de cumpri-las, e o que tem dificuldade para dimensionar o tamanho de jogos e de agremiações, tal qual parece ocorrer com o meia acima da média na seleção e com muitas oscilações no Morumbi.

Na entrevista de hoje, ao responder a pergunta sobre o porquê disso, Rodrigo Caio elogiou a técnica do peruano, emendou dizendo que o momento dificulta para os jogadores renderem tudo individualmente e afirmou que ''o time não pode atuar com jogadores a menos'' dentro do gramado.

O desempenho tático e empenho aquém dos necessários incomodam o treinador e o elenco no CT da Barra Funda.

Têm razão

Dorival opta pelo 4-1-4-1 no São Paulo. Nos momentos em que o time prefere recuar, ou é forçado, o time atua com sistema de marcação no 4-4-1-1.

A 'flutuação' acontece no recuo de quem joga pelos lados, Cueva e Marcos Guilherme, e de um dos atletas por dentro do quarteto, Jucilei, para a linha do volante.

Hernanes atua pouco à frente, pode completar do sistema de marcação formando o quinteto no meio de campo, , contribui na transição em velocidade, constrói oportunidades,  finaliza e frequenta a área.

Lucas Pratto é o centroavante.  .

A configuração tem uma lacuna do lado em que Cueva joga. O torcedor notou no clássico diante do Palmeiras. O meia, por incapacidade e moleza, dificultou para o sistema de marcação.

Michel Bastos, que raramente tem conseguido dribles, foi com facilidade na linha de fundo e cruzou para o gol de Willian, porque o peruano parecia em uma pelada de casados e solteiros ao tentar impedir o veterano.

Quem joga pelos lados tem como um dos grandes encargos a marcação do lateral.  O torcedor e o treinador avaliam que o São Paulo tem problemas de confiança e necessita sequência de resultados positivos para subir na classificação. Afirmaram noutras palavras que, após tomar gols, desmoronou em alguns jogos.

Esse raciocínio garante que seja pela parte física ou técnica, o atual padrão de futebol do Cueva dificulta a construção coletiva.

Dorival teve quase duas semanas de preparação. O atleta foi à seleção, onde atua pelo meio e com menos incumbências na retomada de bola. É urgente para o São Paulo ganhar da Ponte Preta. Tudo indica que outro atleta será colocado na vaga do mais habilidoso.

Apenas com aval do elenco

Mantendo a proposta coletiva, é possível para o treinador cogitar o teste para manter Cueva e implementar o que imagina.

Necessita colocar Jucilei de volante em frente aos zagueiros, formar o quarteto com Marcos Guilherme e Petros pelos lados, Hernanes e Cueva por dentro, e orientar todos, menos o criticado, a recomporem o sistema de marcação atrás da linha que divide o gramado.

A velocidade nas coberturas diminuiria, o mais elogiado doo time necessitaria correr mais nas idas para a área do oponente, o desgastes dele e dos outros dois citados aumentaria, tudo para oferecer ao Cueva o que gosta em campo.

É como atua na seleção.

No time de Gareca joga tal qual Hernanes do São Paulo, apesar de o técnico 'hermano' optar por distinta proposta coletiva. A escolha poderia incomodar muitos jogadores, mexeria nas incumbências de atletas que se dedicam, e facilitaria para quem sequer compreendeu o momento da agremiação.

Essas alterações precisariam de aval dos atletas. Sem isso talvez estabeleçam padrão de exigência menor ao elenco. Se topassem haveria o tradicional nós corremos e ele garante o bicho e os pontos na classificação.

Mais precisa a sintonia

No Peru o atleta naturalmente se compromete mais. A impressão é que compreende o peso da camisa do time nacional.

Nasceu no país, tem parentes, pessoas queridas, afinidade com a cultura, e desde cedo escutou sobre a seleção.

Assimilou o que é jogo de eliminatórias, ao contrário do que consegue ao avaliar os de clubes.

Admirador de Riquelme

O peruano declarou que o meia é seu grande ídolo. O 'hermano' jogava para si.

Tanto no Villareal quanto na Bombonera teve muitos atritos nos elencos, foi prepotente, escolheu quando se esforçou, treinadores de seleção abriram mão de tê-lo nas convocações, mas havia algo que temos de considerar na avaliação.

Era craque, ganhava os jogos. Cueva é acima da média dentro do país, mas teria que elevar muito o padrão de futebol para cogitar a conquista das regalias que o argentino tinha nos gramados.

Na seleção de pouca tradição e clubes medianos onde ganharia menos e atuaria com atletas operários poderia ser uma versão menos capaz do ''hermano' brilhante.

O futebol atual

Nenhum time competitivo do planeta abre mão de ter ao menos dois quartetos atrás da linha da bola, quando o oponente a tem no campo de frente.

Há técnicos que investem no quinteto formado por trio de zaga e laterais, ou no meio de campo. O 5-4-1 poderia fortalecer coletivamente o clube do Morumbi.